quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Qualidade do julgamento


Falcão travestido de gavião

Gerson Tavares
 








Quando é em benefício próprio, ninguém quer saber se aquilo é imoral. E é aí que se coloca o presidente do PT, Rui Falcão, ao afirmar que a decisão do Supremo Tribunal Federal de dar uma nova chance para parte mais perigosa dos condenados do mensalão "não mudou a qualidade do julgamento". Também acho que não mudou a qualidade do julgamento, afinal, seria quase impossível os "quadrilheiros do Lula" irem para a cadeia, mas mudou muito a opinião da população em termos de seis ministros que mostraram não terem o menor respeito pela toga que vestem.

Para Falcão, por ser o presidente do partido que tem a maioria daqueles “quadrilheiros” que meteram a mão no cofre, o processo "foi eminentemente político", o que seria o mesmo que falar que "foi eminentemente imoral". E aí, para dar força ao “chefe”, o secretário-geral do partido, Paulo Teixeira, afirmou que, ao aceitar os embargos infringentes, os ministros da Corte poderão "corrigir equívocos".

Tudo isso porque seis “advogados de bandidos” decidiram pela população aceitar os “embargos infringentes”, que é o recurso que dá aos condenados o direito de nova análise de crimes pelos quais foram condenados, desde que o julgado tenha tido pelo menos quatro votos pela absolvição.

Depois de passar o choque da “absolvição”, foi olhando com mais calma e de cabeça fria, que cheguei à conclusão que os “quadrilheiros” foram muito mais espertos do que se imaginava. Pensem comigo: quanto custaria pagar a todos os ministros que tomam assentos na Corte? Imagine que esses ministros seriam contatados pelos "advogados de goela grande" e que cobrariam um bom percentual por passar de um simples advogado para a posição de empresário de alto nível. Isto ainda correndo o risco de oferecer “propina” a ministros que não aceitariam a corrupção, fato que poderia dar problemas maiores.

Foi então, que conversando só com seis ministros, claro, escolhidos entre os corruptíveis, além de ser mais barato, a garantia de êxito seria bem maior. Mas pelo que senti, o sexto voto foi o que mais caro custou. Sim, porque o Mello teve um final de semana inteiro para negociar o valor que, pelos cálculos de um “analista matemático do mal”, pode ter triplicado.    

Mas para os “quadrilheiros” nada era problema já que medida concede uma segunda “grande” chance para eles. Por exemplo, o ex-ministro José Dirceu, que já assumiu o papel de "chefe" para salvar seu mentor e verdadeiro "chefão", claro, que deve ter recebido uma boa bolada enviada lá de Santo André para garantir sua “liberdade”. 

Zé que já estava condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha, neste “novo julgamento” poderá escapar da pena do crime de “formação de quadrilha” e, absolvido, fica livre do cumprimento de sua pena em regime fechado e o seu “chefão” fica no esquecimento. Já o José Genoino, ex-presidente do PT, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido, também poderão pedir embargos infringentes para o crime de quadrilha. Assim, todos ficam na rua armando novos assaltos aos cofres da República.


Será que ninguém ainda pensou em “embargar” esse Celso Mello? 

Um comentário:

Marcio Guimarães disse...

Para uma política sem qualidade, para um governo sem ética e moral, para um povo sem voz, qual seria a qualidade do julgamento?
Quando um qualquer fala de 'qualidade de julgamento', sinto vergonha de ser brasileiro.
Pobre é o brasileiro que ainda pensa que o Brasil tem jeito.
Belo Horizonte. MG