quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Tristes “bodas de prata”




25 anos de Constituição

Gerson Tavares
 







Uma cidadã nada respeitada, que deveria representar simplicidade, segurança e realismo. Estamos fanando da Constituição Brasileira que promulgada há 25 anos, em 5 de outubro de 1988. Comandada por Ulysses Guimarães, o político que ganhou a alcunha de “tetrapresidente”, a Assembleia Nacional Constituinte, formada por 559 membros, sendo 72 senadores e 487 deputados, foi o marco da transição democrática.

Claro que todos estavam certos que ali estaria à salvação de um Brasil que vinha de tempos nebulosos, mas nesse quarto de século, mesmo com as mudanças de governo ocorrendo sob normalidade institucional, mesmo quando um presidente foi afastado, ninguém esperava que iríamos chegar aos dias tão absurdos como os de hoje.

Mas se existe gente que fala que o Brasil de 2013 foi às ruas usando as redes sociais como instrumento de mobilização por mais cidadania, e a liberdade de expressão se consolidou como regra do regime democrático, esse direito, que foi garantido em cláusula pétrea da Carta e que não pode ser alterada nem por emenda, acabou por se transformar em um dos principais valores para uma convivência harmoniosa no País.

Só não podemos esquecer que a Carta também diz que os políticos têm que respeitar a vontade da maioria do povo e não é isto que estamos vendo, quando o povo tem que se retirar de suas passeatas pacificas porque pessoas ligadas aos governos vão para as ruas e mascarados, fazem badernas até que tudo vire uma balburdia só.  E se a Constituição é cidadã, a Nação ainda é claudicante no quesito cidadania, por falta de hombridade dos políticos que só sabem fazer “sacanagens”.

As poucas iniciativas populares, como é o caso da “Ficha Limpa”, que se transformaram em lei, está até hoje no papel Ao mesmo tempo em que a Carta está pronta para enfrentar os desafios digitais que surgiram nos últimos 25 anos, não está pronta para se livrar dos “bandidos” que hoje são a maioria dos políticos aliados do governo.

A Constituição foi promulgada com 250 artigos no texto-base e mais 97 disposições transitórias, mas ao longo de duas décadas e meia, 48% de seus artigos foram alterados por emendas. Os três últimos presidentes, FHC, Lula e Dilma, editaram e editam, em média, mais de três medidas provisórias por mês. E foi o polêmico debate das “MPs” durante a Constituinte que assegurou, no sistema presidencialista, este excesso de poder ao Executivo que nunca foi tão “fraco” como agora.

O adjetivo dado por Ulysses não dá conta, porém, de toda a polêmica sobre o excesso de detalhes do texto. Ainda assim, esses 25 anos não apagaram o mantra do “Sr. Diretas”, morto em 1992: “Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca".

E é seguindo a frase de Ulysses que hoje os políticos desmoralizam o País: “Divergir enquanto não existe o cala-boca”, “Descumprir sempre que não estiver levando vantagem” e “Afrontá-la sempre para garantir o poder”.


Assim são os dias de hoje, para festejarmos no lugar das “bodas de prata”, as “bodas de bosta”.

Nenhum comentário: