“Concessão”
do petróleo
ou "partilha dos aeroportos”?
Gerson
Tavares
Ninguém
mais escuta falar em Paulo Bernardo, mas em compensação a “sua cara metade”, a
ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, está falando e ordenando mais que
todos os outros ministros juntos.
Na semana passada ela afirmou que o governo não pretende rever o modelo de
concessão de aeroportos, por meio do qual a Infraero fica com 49% nos
consórcios e o restante fica com grupos privados. Gozado é que, neste caso dos
aeroportos é “privatização”, mas no caso do petróleo é “partilha”. Será que
essas governantes estão achando que só falam com muares?
E
esta declaração que teve um tom de “fala de ditador”, foi em resposta ao
ministro da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, que havia falado que
esse modelo é um "sacrifício" para o País, pois exige que o Tesouro
faça aportes para que a Infraero possa acompanhar os investimentos do
concessionário e manter sua participação. Ele havia afirmado que o modelo podia
e até deveria ser revisto.
E
para mostrar que o Moreira só está lá na Secretaria para faturar “um qualquer”,
a mulher do Bernardo deixou clara a sua posição, posição esta que é uma ordem: "Eu
não ouvi a declaração do ministro Moreira, não sei em que contexto falou, mas a
opção por esse modelo é uma opção de sustentabilidade da Infraero e não
pretendemos rever, até porque temos aeroportos que precisam ser administrados,
ter boa gestão e não podem ser concedidos". Isto ela falou para mostrar
que não admite replica. E foi em momento muito propicio, já que ela estava
chegando para audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado.
E
foi além: "Precisamos ter uma empresa capaz e com força. O objetivo da
Infraero ao participar do processo de concessão é exatamente poder estar ao
lado de grandes operadoras e melhorar sua capacidade de gestão e aumentar sua
expertise".
Não
sei, mas será que essa “expertise”, que é uma palavra de origem francesa que
significa experiência, especialização, perícia, que consiste no conjunto de
habilidades e conhecimentos de uma pessoa, de um sistema ou tecnologia, não foi
colocada ali porque a Gleisi estava tentando explicar a situação atual de nossa
política, onde só existem espertos que vivem usando de sua “esperteza” para
passar o povo para trás?
Mas
a Gleisi já sinalizou que as empresas do setor aéreo não devem receber qualquer
tipo de ajuda do governo. Disse ela: "O governo entende que já deu uma
colaboração importante para as empresas aéreas. A desoneração da folha de
pagamento foi importante nos custos, assim como o não aumento das taxas
aeroviárias e a não cobrança de taxas aeroportuárias. Temos dificuldades para
avançar além desse esforço que o governo já apresentou". Será que ela acha
que deu pouco?
E logo depois ela falou que “o subsídio que o governo dará à aviação regional
ainda está em discussão. O decreto que vai transformar a Valec na Empresa
Brasileira de Ferrovias (EBF) também está em fase de finalização”. E para
completar ela mostrou o lado ditatorial do governo que ela é a
primeira-ministra: "A nossa discussão está se encaminhando para a regulamentação
da lei da Valec através de decreto".
Tudo
isso para falar que “de decreto em decreto, as Casas Legislativas têm mais é
que engolir”.
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