segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Se elas falam, é uma ordem

                  
        “Concessão” do petróleo 

    ou "partilha dos aeroportos”?

Gerson Tavares








Ninguém mais escuta falar em Paulo Bernardo, mas em compensação a “sua cara metade”, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, está falando e ordenando mais que todos os outros ministros juntos.

Na semana passada ela afirmou que o governo não pretende rever o modelo de concessão de aeroportos, por meio do qual a Infraero fica com 49% nos consórcios e o restante fica com grupos privados. Gozado é que, neste caso dos aeroportos é “privatização”, mas no caso do petróleo é “partilha”. Será que essas governantes estão achando que só falam com muares?

E esta declaração que teve um tom de “fala de ditador”, foi em resposta ao ministro da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, que havia falado que esse modelo é um "sacrifício" para o País, pois exige que o Tesouro faça aportes para que a Infraero possa acompanhar os investimentos do concessionário e manter sua participação. Ele havia afirmado que o modelo podia e até deveria ser revisto.

E para mostrar que o Moreira só está lá na Secretaria para faturar “um qualquer”, a mulher do Bernardo deixou clara a sua posição, posição esta que é uma ordem: "Eu não ouvi a declaração do ministro Moreira, não sei em que contexto falou, mas a opção por esse modelo é uma opção de sustentabilidade da Infraero e não pretendemos rever, até porque temos aeroportos que precisam ser administrados, ter boa gestão e não podem ser concedidos". Isto ela falou para mostrar que não admite replica. E foi em momento muito propicio, já que ela estava chegando para audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado.

E foi além: "Precisamos ter uma empresa capaz e com força. O objetivo da Infraero ao participar do processo de concessão é exatamente poder estar ao lado de grandes operadoras e melhorar sua capacidade de gestão e aumentar sua expertise".

Não sei, mas será que essa “expertise”, que é uma palavra de origem francesa que significa experiência, especialização, perícia, que consiste no conjunto de habilidades e conhecimentos de uma pessoa, de um sistema ou tecnologia, não foi colocada ali porque a Gleisi estava tentando explicar a situação atual de nossa política, onde só existem espertos que vivem usando de sua “esperteza” para passar o povo para trás?

Mas a Gleisi já sinalizou que as empresas do setor aéreo não devem receber qualquer tipo de ajuda do governo. Disse ela: "O governo entende que já deu uma colaboração importante para as empresas aéreas. A desoneração da folha de pagamento foi importante nos custos, assim como o não aumento das taxas aeroviárias e a não cobrança de taxas aeroportuárias. Temos dificuldades para avançar além desse esforço que o governo já apresentou". Será que ela acha que deu pouco?

E logo depois ela falou que “o subsídio que o governo dará à aviação regional ainda está em discussão. O decreto que vai transformar a Valec na Empresa Brasileira de Ferrovias (EBF) também está em fase de finalização”. E para completar ela mostrou o lado ditatorial do governo que ela é a primeira-ministra: "A nossa discussão está se encaminhando para a regulamentação da lei da Valec através de decreto".


Tudo isso para falar que “de decreto em decreto, as Casas Legislativas têm mais é que engolir”.

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