EU ATÉ PENSEI QUE FOSSE
A HISTÓRIA DO LULA
Gerson Tavares
Por minha profissão,
com muitos anos dedicados ao rádio e a televisão, não me ligo só aos programas,
mas também aos comerciais que são veiculados, dando o devido valor quando bem feitos e bem “bolados”. Nos
últimos 45 dias, mais ou menos, eu venho ouvindo nas rádios e vendo na
televisão, um spot que chamou muito a minha atenção.
Quero deixar bem claro
que não sei se em seu Estado as emissoras de televisão estão veiculando esse
spot que é da ‘Justiça do Trabalho’ e fala em acidente no trabalho, mas eu, que
assisto televisão das emissoras de São Paulo vejo sempre a veiculação desse “institucional”
do governo e nas emissoras de rádio, sei que pelo menos a Rádio Tupi do Rio de
Janeiro veicula além das emissoras de São Paulo. A Rádio Tupi carioca,
inclusive, veicula pela internet.
Mas vamos ao que
interessa que é o conteúdo do spot. No início da sua veiculação em rádio, o
spot apresentava um bate-papo entre dois homens e aqui reproduzo mais ou menos
o que eles falavam.
O homem ‘um’ convidava
o homem ‘dois’ para um passeio no final de semana:
Homem 1: Oi fulano, vamos
fazer um churrasco nesse final de semana?
Homem 2 retrucava: Não
posso... Amanhã vou sofrer um acidente de trabalho?
Homem 1 intrigado: Mas
como? Você vai sofrer um acidente? Como você sabe?
Homem 2: Uma peça vai
soltar do torno e eu vou ter o dedo esmagado.
Então entrava um
locutor e falando sobre “acidente de trabalho” e então fechava os 30’ com a
chancela da “Justiça do Trabalho”.
Claro que eu liguei
imediatamente ao “caso Lula” enquanto “trabalhador”, que se mutilou perdendo
um dedo que não faz nenhuma falta, nem mesmo a um “batedor de carteiras”, mas
que para ele rendeu sua primeira aposentadoria. Mas como eu liguei aquele fato
ao Lula, mais alguém lá em Brasília, ou em Santo André, sabe-se lá, também fez
ligação e imediatamente mandou trocar o spot. Alías, para mim, só
poderiam deixar aquele spot ser veiculado se fosse com o próprio Lula servindo de “garoto
propaganda”.
Mas foi então que
trocaram o spot e também os personagens. O spot continuava com o mesmo formato e
assunto, mas o "papo" passou a ser entre duas mulheres. A mulher ‘um’ convidando a
mulher ‘dois’ para irem a praia e a segunda justificando o porquê não poderia
ir.
Mulher 1: Fulana...
Vamos à praia no sábado?
Mulher 2: Não vou
poder... Na sexta-feira eu vou perder a mão...
Mulher 1: Mas assim, de
repente?
Mulher 2: De repente
não... Já estava programado há algum tempo... A máquina vai cair e minha mão
vai ser esmagada...
E aí entra o locutor,
exatamente como no spot anterior, fala sobre o acidente de trabalho e o fecho
da peça é com a chancela da Justiça do trabalho.
Como se vê nada mudou
na peça institucional da Justiça, a não ser tirando o Luis e colocando a
Marisa. Eu já conto essa estória há muito tempo, mas o que posso fazer se as pessoas acham que é
possível perder o dedo mindinho no torno sem perder a mão?
Mas como eu, também
outras pessoas notaram que só a mudança do sexo não tirava a “estória macabra
do Lula” do foco da gozação. Assim sendo, na sexta-feira da semana passada
resolveram mudar o enfoque do assunto e mesmo falando de acidente de trabalho,
nada mais lembrando o “golpe do dedo” que deu ao Lula a oportunidade de chegar a presidente do Brasil. Ao final do spot um locutor
deixa no ar: “Acidente não acontece por acaso. Acidente acontece por descaso”.
Desculpe, mas que
parecia piada, isso não havia a menor dúvida. E quando a frase de encerramento
desse terceiro spot ficou no esquecimento do redator que “acidente pode acontecer por
intenção”.