Essa
eu ouvi na banca
Gerson
Tavares
Cumprindo
a promessa de sexta-feira, hoje não vou pegar pesado e tudo vai ser bem mais
ameno. Aliás, vou até usar o humor do carioca e contar aquilo que poderia estar
em qualquer programa humorístico de antigamente, quando os autores de humor usavam personagens reais que eram levados para a telinha.
Sexta-feira,
depois de escrever sobre o que podemos esperar desse processo que rola no
Supremo Tribunal Federal, como eu gosto de fazer todos os dias fui dar aquela
voltinha pela periferia e como sempre, passei pela banca do Giovanni para ver
como estava a plateia que normalmente fica ali, vendo as manchetes e cada um
dando a sua opinião sobre determinado assunto.
O
futebol é um assunto obrigatório e certos dias fica até difícil para o Giovanni
não deixar que alguns cheguem às "vias de fato". Os casos policiais
também são bem debatidos e ali a gente chega à conclusão que “pena de morte” é
a pena preferida pela população para acabar com a bandidagem.
Mas
nessa sexta-feira que passou todos os assuntos de sempre ficaram sem debatedores,
já que todos queriam falar do julgamento do “mensalão”. Todos falavam e desta
vez o Giovanni não se preocupava porque todos que ali se reuniram queriam mais
era que a “quadrilha” mofasse no cárcere. Ali fiquei olhando e escutando o que
falavam e em determinado momento um senhor, com pinta de aposentado, parou, deu aquela olhada para as manchetes dos
jornais, uma a uma, até que viu a foto dos ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski.
Neste momento o “senhorzinho” pediu licença para falar e por incrível que
pareça, fez-se o silêncio.
E
foi aí que aquele senhor disse não entender esse pessoal da Justiça. Dois
ministros que deveriam estar ali, dando exemplo de postura, estavam brigando
para que todos vissem, já que a televisão havia mostrado ao vivo. E com toda a sua
sabedoria, o “senhorzinho” falou: “Coitado do Joaquim que quer moralizar esse
momento em que a política poderá ser colocada no seu lugar, como uma instituição cheia de ética e moral, mas vem aquele seu colega, que está ‘levando por fora’, e quer liberar
alguns dos bandidos da tranca”.
Eu
então resolvi fazer um aparte ao seu discurso e perguntei: “Tem ministro
querendo ‘levar algum por fora’? Mas como? Será que tem gente se vendendo no
Supremo?”.
E a resposta veio rápida: “Então o senhor não viu? O próprio Joaquim
falou que um tal de Ricardo está ‘levando whisky’. Isso é uma vergonha, onde já
se viu uma coisa dessas? Se trocar por umas garrafas de whisky, sendo ele um ministro do Supremo”.
E
virando para todos que estavam ali à sua volta, naquela enorme roda que havia se formado
para assistir o “debate”, continuou falando em tom de revolta: “Agora
vejam os senhores, se vendendo por uma ou sei lá quantas garrafas de whisky e enquanto isso os réus
estão ali porque meteram as mãos em milhões. Será que o crime não é o mesmo?”.
Depois
dessa eu já não tinha mais o que fazer ali e me despedindo do Giovanni e de
todos aqueles “debatedores”, segui o meu caminho a procura de mais assuntos
para hoje. E olha que não foi difícil encontrar.
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