segunda-feira, 6 de agosto de 2012


Essa eu ouvi na banca

Gerson Tavares





Cumprindo a promessa de sexta-feira, hoje não vou pegar pesado e tudo vai ser bem mais ameno. Aliás, vou até usar o humor do carioca e contar aquilo que poderia estar em qualquer programa humorístico de antigamente, quando os autores de humor usavam personagens reais que eram levados para a telinha.

Sexta-feira, depois de escrever sobre o que podemos esperar desse processo que rola no Supremo Tribunal Federal, como eu gosto de fazer todos os dias fui dar aquela voltinha pela periferia e como sempre, passei pela banca do Giovanni para ver como estava a plateia que normalmente fica ali, vendo as manchetes e cada um dando a sua opinião sobre determinado assunto.

O futebol é um assunto obrigatório e certos dias fica até difícil para o Giovanni não deixar que alguns cheguem às "vias de fato". Os casos policiais também são bem debatidos e ali a gente chega à conclusão que “pena de morte” é a pena preferida pela população para acabar com a bandidagem.

Mas nessa sexta-feira que passou todos os assuntos de sempre ficaram sem debatedores, já que todos queriam falar do julgamento do “mensalão”. Todos falavam e desta vez o Giovanni não se preocupava porque todos que ali se reuniram queriam mais era que a “quadrilha” mofasse no cárcere. Ali fiquei olhando e escutando o que falavam e em determinado momento um senhor, com pinta de aposentado, parou,  deu aquela olhada para as manchetes dos jornais, uma a uma, até que viu a foto dos ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski. Neste momento o “senhorzinho” pediu licença para falar e por incrível que pareça, fez-se o silêncio.

E foi aí que aquele senhor disse não entender esse pessoal da Justiça. Dois ministros que deveriam estar ali, dando exemplo de postura, estavam brigando para que todos vissem, já que a televisão havia mostrado ao vivo. E com toda a sua sabedoria, o “senhorzinho” falou: “Coitado do Joaquim que quer moralizar esse momento em que a política poderá ser colocada no seu lugar, como uma instituição cheia de ética e moral, mas vem aquele seu colega, que está ‘levando por fora’, e quer liberar alguns dos bandidos da tranca”.

Eu então resolvi fazer um aparte ao seu discurso e perguntei: “Tem ministro querendo ‘levar algum por fora’? Mas como? Será que tem gente se vendendo no Supremo?”. 

E a resposta veio rápida: “Então o senhor não viu? O próprio Joaquim falou que um tal de Ricardo está ‘levando whisky’. Isso é uma vergonha, onde já se viu uma coisa dessas? Se trocar por umas garrafas de whisky, sendo ele um ministro do Supremo”.

E virando para todos que estavam ali à sua volta, naquela enorme roda que havia se formado para assistir o “debate”, continuou falando em tom de revolta: “Agora vejam os senhores, se vendendo por uma ou sei lá quantas garrafas de whisky e enquanto isso os réus estão ali porque meteram as mãos em milhões. Será que o crime não é o mesmo?”.

Depois dessa eu já não tinha mais o que fazer ali e me despedindo do Giovanni e de todos aqueles “debatedores”, segui o meu caminho a procura de mais assuntos para hoje. E olha que não foi difícil encontrar.












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