Eu já sabia

Gerson Tavares

Eu sempre falei e continuo falando. Todo mundo já sabe, só que muita gente finge não saber e uma grande maioria diz que é mentira, mesmo sabendo que é a verdade nua e crua. 

Mas agora chegou a hora da verdade no julgamento do mensalão e o advogado do Roberto Jefferson, aquele ex-deputado e "eterno" presidente do PTB e que sempre disse que o chefão da maior “quadrilha” já criada na República brasileira era o José Dirceu, resolveu abrir o verbo e deu nome, sobrenome e vulgo ao verdadeiro chefão dos “ladrões do povo”.

Foi o advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que defende Roberto Jefferson, quem falou esta semana que o ex-presidente Luiz Inácio “Lula” (olha o vulgo aí) da Silva não só sabia do "golpe", como também, foi ele que mandou montar aquele esquema de compra de votos no Congresso Nacional, que acabou ficando muito mais conhecido como “mensalão”.

Segundo Luiz Barbosa, os ministros do governo Lula e o PT pagavam, e muito bem, para que os partidos votassem a favor dos projetos que fossem de interesse do Luiz Inácio. E Barbosa deixou bem claro que os projetos eram de interesse de Luiz Inácio, e não do governo, pois na época era o ex-presidente o único com legitimidade para enviar projetos de lei ao Congresso Nacional.

E Luiz Barbosa pegou pesado quando colocou que não era de interesse do governo: “Vamos parar com esse negócio de governo, é interesse do presidente da República. Tudo isso aconteceu sobre suas barbas e nada. Não só sabia como ordenou tudo isso". Eu não me espanto com essa declaração do Barbosa, porque só não via que o Lula estava por trás de tudo quem não queria. Em tudo que a família Silva metia a mão enquanto esteve morando no Alvorada, sempre era para arrumar alguma coisa que desse lucro.

Mas ainda seguindo as explanações do advogado, Roberto Jefferson procurou Lula para alertá-lo sobre o esquema do mensalão. Barbosa relatou ainda que Lula se mostrou surpreso e chegou a "lacrimejar" após ser informado da compra de votos. Pelo que deu para notar na explanação do Barbosa, , “Carminha” e “Nina” são umas santas perto do Lula.  

Luiz Barbosa então resolveu criticar a posição do Procurador-Geral da República Roberto Gurgel de não incluir o nome de Lula na ação penal. Disse ainda que para não arrolar o nome do ex-presidente na “quadrilha” só se ele fosse um “pateta”, um deficiente, coisa que ele não é. E foi categórico quando disse que Lula é muito “safo”. Pelo que ele falou, Lula é “doutor honoris causa” no assunto.

Disse que os ministros eram apenas executivos dele. “Os auxiliares obedeciam as ordens do patrão e o patrão ficou de fora”. E neste caso esta o procurador-geral que deixou o Lula de fora do processo.

Barbosa confirmou que o seu cliente recebeu R$ 4 milhões do PT, no entanto, alegou que o valor foi usado nas eleições de 2004 e não para votar a favor do governo. Até porque, foram acertados anteriormente R$ 20 milhões, mas Jefferson recebeu apenas R$ 4 milhões. Então Jefferson resolveu não votar com o governo que perdeu o sinal e ficou tudo zero a zero.

Disse ainda Luiz Barbosa que Jefferson não sabia se o dinheiro recebido tinha origem lícita ou ilícita. O PT havia afirmado ter tomado empréstimos bancários nos bancos BMG e Rural para fazer o pagamento de deputados para garantir a aliança nas eleições. Só que ninguém procurou saber o porquê desses bancos desaguarem tantos milhões assim. Então eu pergunto: será que naquela época já existia uma “Cachoeira” funcionando? 

Atentando para o que o Ministério Público Federal coloca, o ex-deputado recebeu dinheiro do esquema operado por Marcos Valério em troca de apoio político do PTB ao governo. Além do dinheiro ao partido, ele próprio teria se beneficiado do esquema. No processo, Jefferson responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Duas perguntas para terminar: "E o partido? Continua numa boa?".