Embate pode macular a Corte

Gerson Tavares

Isso eu já falei aqui, mas agora é a opinião de alguns dos próprios ministros do Supremo. Eles andam falando que o bate-boca entre o relator Joaquim Barbosa e o revisor Ricardo Lewandowski estão passando uma imagem de "desequilíbrio emocional" que pode prejudicar a credibilidade do resultado do julgamento do mensalão.

Eles querem que o presidente do STF, Carlos Ayres Brito, leve aquele “lero” com os dois para evitar que se repita aquele "clima de duelo" entre eles, que pode fazer com que todos tenham uma visão de que o tribunal está dividido em duas alas, uma a favor e outra contra os réus.

Se essa é a preocupação desses ministros, não tenham dúvidas que essa ideia já está clara para todos e não adianta agora tentar tapar o sol com a peneira e só esperamos que os contra os réus sejam em número maior. Mas pelo que dizem esses ministros, o atual ambiente só tende a levar benefícios para a defesa, e ainda para piorar vai pesar negativamente na avaliação final que será feita do julgamento.

Mas o que não poderia também estar acontecendo, é um ministro andar falando, embora reservadamente, mas que sempre vaza, é que tanto o relator como o revisor dão mostras de que estão desequilibrados emocionalmente. Será que este ministro está querendo dizer com isso que os dois são despreparados para julgar alguém? Se isso é verdade, vamos ter uma leva enorme de pedidos de revisão em sentenças que foram dadas pelo STF.

Ainda outro ministro falou que, se todos aqueles bate-bocas das últimas sessões, acontecessem em um júri popular, já seriam motivos suficientes para um “pedido de dissolução”.

Já Ayres Britto tem dito que a situação está, aos poucos, se normalizando e que vai atuar para apaziguar os ânimos no Supremo. Para o presidente da Corte, tem sido possível controlar as divergências.

Sei que com divergências ou não, roupa suja lava-se em casa.