E
segue a procissão
Gerson
Tavares
Essas briguinhas não levam a nada, ou então irão levar a absolvição de uma
“quadrilha” que não se envergonha daquilo que faz.
Joaquim Barbosa, o relator
do processo do mensalão, tem convicção de que o certo é votar “em partes”,
como um esquartejador. Mas é seu adversário em opiniões o ministro Ricardo
Lewandowski, que é o revisor do processo, queria a individualização dos réus
e foi ai que o Ayres Britto resolveu dar a vitória da luta à Joaquim. Então
vamos fatiar essa pizza.
Acho
que os ministros demoraram muito para decidir essa dúvida, coisa que já deveria
estar decidida à muito tempo. Foi necessário que houvesse um desgaste
desnecessário da Corte, com aquela discussão até certo ponto boba, para que
alguém levantasse a voz e “batesse o martelo”.
Em
sua súplica, Joaquim Barbosa pedia o “fatiamento” pela complexidade do
processo. E deu até para entender o porquê “daquela suplica”, já que em apenas três
itens do capítulo das alegações finais, o relator se ateve durante toda a
sessão daquele primeiro dia.
Naturalmente
que Barbosa apelou lembrando os seus problemas de saúde, com dores insuportáveis nas costas. Só
que Barbosa falou que não pretende “atrapalhar” os votos dos colegas. Para isso
ele já avisou que pretende deixar o plenário quando o revisor e todos os outros
ministros estiverem se pronunciando e aí apelou: “Todos conhecem meu problema
de saúde".
E
para completar resolveu dar uma espetada em Lewandowski e soltou a bomba: “O
revisor acabou de dizer que carregou dois pesos nos últimos seis meses, faz
sete anos que carrego esse peso desse processo, acumulados com licenças várias,
afastamentos vários”.
Foi
então que Ricardo Lewandowski resolveu falar sobre o “Jack o estripador” e
então disse que o fatiamento fere o regimento do Supremo. "Estou diante de
uma enorme dificuldade. A minha metodologia é de uma forma totalmente diferente
da do ministro relator. Eu recebi o apelo, eu quero colaborar com a Corte, mas
estamos diante de um impasse insuperável. Vossa Excelência pede para serem
analisados por crime e eu passei meses analisando a conduta de cada réu e o seu
envolvimento”.
Só
não esperava Ricardo Lewandowski que o presidente do Supremo Tribunal Federal,
Carlos Ayres Britto, confirmasse no dia seguinte que o julgamento seria "fatiado" e o processo será analisado com as acusações
contra os réus, divididas por tipos de crimes nos itens da acusação e serão servidos em fatias.
Já
na segunda-feira Ayres Britto abriu a sessão do julgamento anunciando a divisão
dos votos em julgamento.
Para
desespero do Lewandowski, Britto falou que o julgamento ocorrerá "de
acordo com a metodologia do ministro Joaquim Barbosa conforme o recebimento da
denúncia". “Nina” e “Carminha” estão em alta também na mais alta Corte e
como uma novela, tudo será como o autor escreveu: "Será usado o mesmo
método, por capítulos", disse Britto antes de cerimônia de posse de
procuradores federais na sede da Advocacia-Geral da União.
Assim
sendo, o voto será feito de acordo com os itens da denúncia. Na segunda-feira, foi
a vez de Lewandowski votar os itens que Joaquim colocou na mesa e por aí “vai
seguindo a procissão”.
E
assim sendo, este julgamento fatiado como uma grande pizza, vai possibilitar que o
ministro Cezar Peluso, que se aposentará compulsoriamente em 3 de setembro
quando completa 70 anos, vote pelo menos em parte do processo e assim entre
para a história do Brasil como julgador de parte do “maior roubo” executado por
políticos brasileiros.
Isso deverá acontecer porque com essa modalidade de
julgamento, ele deverá se estender muito e já ninguém mais aposta que Cezar Peluso
estará no Supremo para assistir o final da novela.
Com
Lewandowski se dando por vencido, vamos esperar para ver o final dessa novela.
2 comentários:
Fatiado ou não fatiado, a realidade é que ao final desse carnaval todo, os quadrilheiros serão absolvidos e nós vamos ficar com 'cara de tacho'.
A absolvição já está programada e ninguém é besta de falar em contrário.
Pobre de nós, brasileiros que pagamos impostos para eles roubarem numa maior.
Colatina - ES
Estou esperando acabar esse julgamento para ver se dá para confiar em algum Poder dessa nossa República. Se o Supremo absolver essa quadrilha, então não existirá mesmo, mais a quem recorrer.
Todos os |Poderes estão apodrecidos e então é melhor fechar as portas e jogar as chaves fora.
Salvador - Bahia
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