quarta-feira, 22 de agosto de 2012


E segue a procissão
Gerson Tavares







Essas briguinhas não levam a nada, ou então irão levar a absolvição de uma “quadrilha” que não se envergonha daquilo que faz.

Joaquim Barbosa, o relator do processo do mensalão, tem convicção de que o certo é votar “em partes”, como um esquartejador. Mas é seu adversário em opiniões o ministro Ricardo Lewandowski, que é o revisor do processo, queria a individualização dos réus e foi ai que o Ayres Britto resolveu dar a vitória da luta à Joaquim. Então vamos fatiar essa pizza.  

Acho que os ministros demoraram muito para decidir essa dúvida, coisa que já deveria estar decidida à muito tempo. Foi necessário que houvesse um desgaste desnecessário da Corte, com aquela discussão até certo ponto boba, para que alguém levantasse a voz e “batesse o martelo”.

Em sua súplica, Joaquim Barbosa pedia o “fatiamento” pela complexidade do processo. E deu até para entender o porquê “daquela suplica”, já que em apenas três itens do capítulo das alegações finais, o relator se ateve durante toda a sessão daquele primeiro dia.

Naturalmente que Barbosa apelou lembrando os seus problemas de saúde, com dores insuportáveis nas costas. Só que Barbosa falou que não pretende “atrapalhar” os votos dos colegas. Para isso ele já avisou que pretende deixar o plenário quando o revisor e todos os outros ministros estiverem se pronunciando e aí apelou: “Todos conhecem meu problema de saúde".

E para completar resolveu dar uma espetada em Lewandowski e soltou a bomba: “O revisor acabou de dizer que carregou dois pesos nos últimos seis meses, faz sete anos que carrego esse peso desse processo, acumulados com licenças várias, afastamentos vários”.

Foi então que Ricardo Lewandowski resolveu falar sobre o “Jack o estripador” e então disse que o fatiamento fere o regimento do Supremo. "Estou diante de uma enorme dificuldade. A minha metodologia é de uma forma totalmente diferente da do ministro relator. Eu recebi o apelo, eu quero colaborar com a Corte, mas estamos diante de um impasse insuperável. Vossa Excelência pede para serem analisados por crime e eu passei meses analisando a conduta de cada réu e o seu envolvimento”.

Só não esperava Ricardo Lewandowski que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, confirmasse no dia seguinte que o julgamento seria "fatiado" e o processo será analisado com as acusações contra os réus, divididas por tipos de crimes nos itens da acusação e serão servidos em fatias.

Já na segunda-feira Ayres Britto abriu a sessão do julgamento anunciando a divisão dos votos em julgamento.

‎‎Para desespero do Lewandowski, Britto falou que o julgamento ocorrerá "de acordo com a metodologia do ministro Joaquim Barbosa conforme o recebimento da denúncia". “Nina” e “Carminha” estão em alta também na mais alta Corte e como uma novela, tudo será como o autor escreveu: "Será usado o mesmo método, por capítulos", disse Britto antes de cerimônia de posse de procuradores federais na sede da Advocacia-Geral da União.

Assim sendo, o voto será feito de acordo com os itens da denúncia. Na segunda-feira, foi a vez de Lewandowski votar os itens que Joaquim colocou na mesa e por aí “vai seguindo a procissão”.

E assim sendo, este julgamento fatiado como uma grande pizza, vai possibilitar que o ministro Cezar Peluso, que se aposentará compulsoriamente em 3 de setembro quando completa 70 anos, vote pelo menos em parte do processo e assim entre para a história do Brasil como julgador de parte do “maior roubo” executado por políticos brasileiros.

Isso deverá acontecer porque com essa modalidade de julgamento, ele deverá se estender muito e já ninguém mais aposta que Cezar Peluso estará no Supremo para assistir o final da novela.

Com Lewandowski se dando por vencido, vamos esperar para ver o final dessa novela.



2 comentários:

Norma Dumont disse...

Fatiado ou não fatiado, a realidade é que ao final desse carnaval todo, os quadrilheiros serão absolvidos e nós vamos ficar com 'cara de tacho'.
A absolvição já está programada e ninguém é besta de falar em contrário.
Pobre de nós, brasileiros que pagamos impostos para eles roubarem numa maior.
Colatina - ES

Kátia Fonseca Nunes disse...

Estou esperando acabar esse julgamento para ver se dá para confiar em algum Poder dessa nossa República. Se o Supremo absolver essa quadrilha, então não existirá mesmo, mais a quem recorrer.
Todos os |Poderes estão apodrecidos e então é melhor fechar as portas e jogar as chaves fora.
Salvador - Bahia