sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Esta história ainda vai ter muitas versões

Gerson Tavares



Uma única afirmação da Nayara poderá fazer com que as famílias, dela e da Elóa, metam no bolso uma boa grana de indenização. E parece que tudo se encaminha para essa versão.

Nayara, em seu primeiro depoimento, disse que Lindemberg não deu nenhum tiro antes da polícia explodir a porta do apartamento onde elas eram mantidas como reféns pelo bandido. Esta versão é contraria aquela que a polícia afirma desde o termino do seqüestro e poderá mudar toda a investigação.

Quanto a sua volta ao cativeiro, Nayara disse que foi instruída pela polícia a ficar no piso superior da escada, perto do apartamento, e falar com Lindemberg por telefone. Ele havia combinado com os policiais que deixaria a arma no apartamento e sairia de lá de mãos dadas com Eloá e Nayara. Lógico que acreditar em bandido nunca dá certo e quando ela chegou perto da porta ele com uma arma na mão, exigiu que ela entrasse e daí, todo mundo sabe o que aconteceu. Neste caso acho que a polícia foi infantil e esta infantilidade fez da jovem uma presa fácil para um bandido frio e calculista.

Mas quanto à primeira afirmação da Nayara, que o bandido não atirou antes da explosão, a polícia deverá ainda analisar imagens gravadas por câmeras de TV para ajudar a esclarecer se Lindemberg atirou antes ou depois da invasão do apartamento. Ainda pelo depoimento de Nayara, o último disparo ocorrido no apartamento foi entre 15 e 16 horas, após uma crise nervosa de Eloá e Lindemberg atirou para o alto. Disse a adolescente que estranhou a polícia não entrar em contato com ela neste momento.

O vizinho do apartamento do lado, onde policiais estavam para acompanhar os movimentos no apartamento dos pais de Eloá, diz que por volta das 18 horas de sexta-feira, quando estava de frente para o apartamento de Eloá, junto da garagem, ouviu um estampido similar ao de um tiro. Segundo ele, menos de um minuto depois do disparo, ele ouviu a explosão. Ele ainda reforça que naquele momento estaria a cerca de quinze metros das janelas do apartamento de Eloá.

Após tomar conhecimento do conteúdo do depoimento de Nayara, o comandante da Tropa de Choque da Polícia Militar, coronel Eduardo José Félix, convocou a imprensa para falar sobre o caso. Ele afirmou que Nayara não mentiu: se enganou. Ele foi cuidadoso em sua declaração: “Ela estava como vítima num local de crise. É uma jovem de quinze anos que pode ter perfeitamente se confundido”.

Mas depois de tudo passado, com uma audição apurada, dá para saber que houve tiro antes da explosão, mas qualquer advogado sabe que uma boa indenização só poderá acontecer se a história de Nayara for mantida. Até porque, dois milhões não faz mal a ninguém.

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