Bandido vira miliciano oficial

Gerson Tavares

Os traficantes descobriram que era um grande negócio, mas não esperavam perder tão rápido para grupos mais fortes. Hoje, são estes novos grupos que comandam o transporte alternativo, o policiamento clandestino, o gato-net, o pedágio no vai e vem das comunidades e até aquilo que os traficantes não pensaram, eles já estão assumindo: "cobrança de barracas na 'quermesse' das paróquias". Isso aconteceu nesta semana ali em Quintino na festa da paróquia de São Jorge. O pároco falou, gritou, mas parece que não ecoou. Mas também, ecoar como se a Assembléia Legislativa "está com as milícias e não abre".

Um anteprojeto foi aprovado na ALERJ que pode legalizar as milícias no Rio de Janeiro e já foi encaminhado para a aprovação do governador Sérgio Cabral. Este anteprojeto é de autoria do deputado Natalino José Guimarães, aquele mesmo, irmão do vereador Jerominho, que em família, são suspeitos de envolvimento com grupos de milícia na Zona Oeste. Jerominho está preso, mas Natalino por ser deputado está solto e ainda tem a “cara de pau” de dar entrada em anteprojeto como esse. Neste anteprojeto, Natalino diz que essa “polícia” seria formada por policiais aposentados, civis ou militares da própria área. Outro que está envolvido no anteprojeto e que já é uma figura manjada, é o deputado Jorge Babu do PT, aquele mesmo que tem como principais projetos, os feriados de São Jorge. Como vereador, fez o feriado municipal e como deputado, estendeu o descanso para o Estado. Como fato marcante em seu curriculo, ele também já foi preso com o publicitário do Lula, o Duda Mendonça, em uma rinha de galo lá na Zona Oeste do Rio. Babu é ex-policial que foi citado num relatório da Corregedoria de Polícia Civil, em março do ano passado, como suposto chefe de milícia na Zona Oeste da cidade, mesma área de comando dos irmãos “metralha”. Mas voltando ao anteprojeto, os integrantes dessas milícias legalizadas seriam regidos pela legislação em vigor da mesma forma como a polícia estadual. Com remuneração a ser fixada pelo Poder Executivo e lógico,com a grana saindo do "nosso" bolso.

O pior é que, quase toda a região suburbana do Rio de Janeiro está sob o comando das milícias, que são grupos de pessoas armadas como qualquer bandido e que dizem fazer a segurança da população. Em cada rua existe um ou mais homens como segurança, dia e noite, onde é cobrada uma taxa que pode variar de preço de pessoa para pessoa, de acordo com condição financeira. Existem ruas da cidade onde os ônibus já não passam mais, por terem sido fechadas pelas milícias para garantirem os passageiros do transporte alternativo deles.

Agora estão no aguardo da aprovação do governador, mas é bom que o Sérgio Cabral pense bem antes de assinar porque se essa “vergonha” for aprovada, ele mesmo não terá mais função. Não precisaremos mais de prefeitura, de estado ou mesmo união. E se o judiciário bobear, nem dele o Rio vai precisar mais porque qualquer julgamento, as própria milícias estarão aptas a fazer. E tem mais, como a coisa vai, só falta agora os traficantes conseguirem também legalizar suas “bocas” antes que as milícias assumam também este filão.

E como diz a minha querida amiga Magali: “ No Rio, se correr o bandido pega, se ficar, o mosquito pica”