sexta-feira, 27 de maio de 2011

Monteiro Lobato





Gerson Tavares




“O samba do crioulo doido”, de Stanislaw Ponte Preta e “Bom crioulo” de Ataulfo Alves, ao lado de tantas outras músicas brasileiras, tais como “Mulata assanhada”, “A mulata é a tal”, “Nega maluca” e mais e mais já não teriam lugar no novo conceito racista que envolve o país nos dias de hoje.

Heitor dos Prazeres, um gênio da nossa música, um dia resolveu combater o ritmo americano que estava tomando conta dos jovens brasileiros. E foi aí que ele resolveu escrever “Nada de rock rock”.

E Heitor dos Prazeres, sem medo de ser racista, escreveu: "Moçada, nosso caso no Brasil é samba. É um pandeiro, uma mulata e um crioulo com passo de bamba. Um violão, uma cuíca, uma mulata cheia de missanga... Nada de rock rock, de rock rock, Nós queremos é samba.
Um samba ritmado bem tocado cheio de remelexo, Uma mulata bem cestosa requebrando faz cair o queixo, Sabe lá o que é isso? Onde tem um bamba, Nada de rock rock, de rock rock, Nós queremos é samba".

E hoje, como ele iria falar das mulatas, do crioulo? Será que logo no início dessa letra ele teria que dizer “É um pandeiro, uma afrodescendente e um afrodescendente com passo de bamba”? Tenho certeza que isso não iria dar samba.

Assim também o velho e bom Monteiro Lobato não poderia nos dias de hoje escrever sua bela história “O sitio do picapau amarelo”. Quanta gente leu todas as estórias que Monteiro Lobato nos deixou e nunca, mas nunca mesmo, pensou em racismo. Mas bastou essa “gente racista e preconceituosa” tomar lugar de comando em alguns postos desse Brasil, para que tudo hoje seja preconceito.

As minorias que hoje são maiorias estão tomando conta de tudo e não querem dar espaço para que possamos respirar. Eu, que como bom brasileiro sou um mestiço, já que sou filho de mãe portuguesa com um pai brasileiro descendente de negro, lembro bem que quando Mandela esteve no Brasil pela primeira vez depois de liberto na África do Sul, em um jantar com as lideranças negras, quase todos os líderes negros foram ao jantar com Mandela sem as suas esposas, já que em sua maioria elas eram loiras. Até loiras de farmácia, mas loiras.

E são esses lideres que gritam contra o preconceito racial. Normalmente são os mortos que voltam para puxar o pé dos vivos, mas desta vez são os vivos que estão pegando no pé de Monteiro Lobato.

Até debates entre professores estão acontecendo para decidirem o futuro de Monteiro Lobato na escola. Esses “professores” se pegam em frases de estórias como “Reinações de Narizinho”, em “Caçadas de Pedrinho” para mostrarem com Lobato era racista.

Mas eu digo que mais racistas são esses que hoje vêm racismo em tudo. É bem verdade que muitas vezes, falam em racismo para ganhar algum dinheiro, para levar alguma vantagem, mas racistas são eles que ficam procurando qualquer escrito ou fala desses “brancos azedos”. É isso mesmo. Eu já fui chamado de “branco azedo” e nem por isso processei o “negão” que me assim me chamou.

Sabe por quê? Assim como Monteiro Lobato, como Heitor dos Prazeres, Stanislaw Ponte Preta, Ataulfo Alves e tantos outros, eu não sou racista.

3 comentários:

Anônimo disse...

Num país de mertiços ainda estamos procurando razões paa rancor de uns racistas.
Bem melhor seria essa turma procurar trabalhar para garantir um futuro melhor ao Brasil.

João Gualberto Nantes
Rio Grande do Norte

Anônimo disse...

Se o Monteiro Lobato vivesse nos dias de hoje não seria escritor. Como escrever histórias sem falar de negro, de indio, de português?

Isso é coisa de quem não tem o que fazer.

Luiza Silva
Jacarepaguá

Anônimo disse...

O verdadeiro preconceito está na cabeça dessa turma que hoje vê racismo nos livros de Monteiro Lobato

Se deixarem eles passam por cima de tudo e de todos para aparecerem como os "libetadores dos negros", mas vai ver se eles não são casados dom brancas. São todos uns aproveitadores.


Lúcia Sales
Rio de Janeiro