terça-feira, 31 de maio de 2011

Assim caminha a humanidade




Gerson Tavares



Corria o ano de 1988 e foi exatamente no dia 22 de dezembro que o líder seringueiro Chico Mendes, uma referência entre sindicalistas e ambientalistas de todo o mundo por sua atuação em defesa da Amazônia, foi assassinado em Xapuri, sua terra natal, no estado do Acre, quando saia de sua casa. O mundo sentiu naquele momento a verdade que se anunciava dali para frente.

Três dias depois, em cortejo que seguiu até o cemitério, mais de 500 pessoas seguiam o corpo de Chico Mendes, um “mártir” que deu a vida para alertar o mundo que o meio ambiente estava em perigo. Entre aquelas pessoas que acompanhavam o féretro, muitas pessoas ilustres se misturavam aos anônimos amigos de Chico Mendes.

E entre os “ilustres” estava um ainda tentando o estrelato político, Luiz Inácio de Silva, o "ex-metalúrgico" e sindicalista Lula. Durante todo o cortejo faixas que exigiam justiça e reforma agrária. Mas o que mais chamava a atenção de todos, era o apelo político que servia de lobby para a candidatura de Lula à Presidência da República.

Comparando o martírio de Chico Mendes aos de Jesus Cristo e de Tiradentes, Lula fez do velório de Chico, o seu palanque para se mostrar aos eleitores brasileiros. E ali, naquele local e momento, Lula mostrou que foi, não a um velório, mas a uma convenção política.

E tudo passou e os anos também não pararam, com Lula só colhendo os frutos que semeou lá em 1988, em pleno velório de Chico Mendes. Lula se elegeu presidente e lá foi ele mostrando que sabia a hora de aproveitar os principais momentos. E isso já deu para notar, quando no ano de 2005, já presidente, exatamente no dia 15 de fevereiro Lula não deu as caras no sepultamento da freira America Dorothy Stang, que, pelas mesmas causas da morte do “mártir” Chico Mendes, foi assassinada em Anapú, no estado do Pará, três dias antes. Bem diferente do sepultamento do Chico Mendes, quando Lula fazia discurso e se enrolava na bandeira brasileira, no sepultamento da freira Dorothy ele foi representado pelo governado do Acre, Jorge Viana, o único representante petista ao féretro.

E Lula governou até o ano 2010, mas ainda hoje é o PT o partido que comanda o país. Maio de 2011 e os ambientalistas estão no mira das armas e mais uma vez, exatamente na terça-feira da semana passada, José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher Maria do Espírito Santo da Silva foram mortos em uma “tocaia” que aconteceu em uma estrada na Zona Rural de Nova Ipixuna, no Pará e que foram sepultados na quinta-feira no cemitério de Marabá, no Pará. Mais uma vez os extrativistas estavam sofrendo baixas pela sua luta contra desmatamento e destruição do meio ambiente e mais uma vez os petistas se omitiram e nem mesmo o Lula, aquele que usou o sepultamento de Chico Mendes para palanque político, mais uma vez não apareceu.

Mas como tudo que acontece é sempre para mostrar que o homem é o “retrato do capeta”, quis a “natureza” que mais um “mártir” desse a sua vida para mostrar que Lula é um enganador. Adelino Ramos, presidente da Associação dos Camponeses do Amazonas, também líder das lutas no campo, foi assassinado. O crime aconteceu na última sexta-feira, em Vista Alegre do Abunã, região de Porto Velho, em Rondônia. Adelino era um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara, em 1995, quando 13 camponeses foram mortos.

E mais uma vez Lula passou ao largo dos acontecimentos. Aliás, ele já não precisa se misturar porque já tem votos garantidos. E quanto ao governo, em “nota oficial” que foi assinada por Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e Maria do Rosário, ministra dos Direitos Humanos, falou somente que o governo condena o atentado. E na noite do último sábado, aconteceu a morte do agricultor Eremilton Pereira dos Santos, morto também em Nova Ipixuna.

Quanto a Lula e Dilma, os dois presidentes em exercício, não disseram uma palavra sequer.
Pare o mundo que eu quero descer!

2 comentários:

Anônimo disse...

Lula não está nem aí para esse pessoal. Já chegou onde queria, agora eles que se danem.

Georgiana Fagundes
Nilopolis RJ

Anônimo disse...

Chico Mendes entrou naquela para servir de 'gancho' para Lula pendurar a candidatura. Agora que ele está feito na política, deixa morrer.

Azar desses 'babacas'.


Milton Campos Moraes
Mato Grosso