quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Primeiro meus cabos eleitorais



Sob a gestão Renan no Senado,

cargos políticos superam os 

efetivos


Gerson Tavares
 









Quando olhamos o quadro de funcionários do Senado, temos que ter muito cuidado para não misturar “alhos com bugalhos”. Isso porque existem “duas facções”, uma de funcionários efetivos e outra daqueles que só estão lá, porque colaboram com os “mandatários”. E por incrível que possa parecer, e a primeira vez, ao menos nos últimos 11 anos, que ó Senado tem mais “apadrinhados” do que funcionários concursados.

Por isso o Ministério Público Federal em Brasília resolveu abrir inquérito civil para investigar o loteamento partidário nas nomeações, que acontecem sob o comando de Renan Calheiros. Sim, porque depois de “jurar” que não iria roubar, foi com ele que o Senado passou a ter neste ano mais funcionários admitidos por apadrinhamento do que por mérito.

Nove meses após a posse do peemedebista alagoano, a Casa tem 3.241 funcionários comissionados, nomeados por meio de indicação. Já a folha de servidores efetivos, que vem minguando, conta agora com 2.991 pessoas. Não é pouco, mas aos poucos vai diminuindo.

Foi no mês passado que o Ministério Público Federal em Brasília resolveu investigar o loteamento partidário nas nomeações de comissionados no Senado. A investigação parte da suspeita de possível abuso na contratação de um "número exacerbado" de indicados, em "prejuízo aos cofres públicos".

Um procurador da República que analisa o caso, disse que os números de 2013 configuram "claramente" o descumprimento de uma orientação do Ministério Público para que menos da metade dos cargos seja ocupado por pessoas de livre nomeação.

Agora vamos esperar que o inquérito apure também eventual descumprimento dos direitos dos servidores efetivos e dos aprovados no concurso mais recente da Casa.

Não podemos esquecer que o Renan assumiu em fevereiro a presidência do Senado, anunciando corte de custos e na folha de pessoal. Entre as medidas, suspendeu por 180 dias, vencidos em outubro, a nomeação dos selecionados por meio de concurso.

Mas aquela atitude tinha uma finalidade. De lá para cá, apenas três servidores efetivos foram contratados, segundo o Portal da Transparência do Senado, mas a porta de entrada para os “apadrinhados” continuou bem aberta, chegando mesmo ao cumulo de ficar escancarada. Basta dizer que no mesmo período, houve 542 admissões, bem mais que o suficiente para repor aposentadorias, afastamentos e exonerações nessa categoria da folha de pagamento.

Só para mostrar até onde vai a “sacanagem”, a folha do Senado consome perto de R$ 3 bilhões anuais. A quantidade de apadrinhados cresceu 55% desde 2003 e nada menos que 775% a partir de 2000, quando havia apenas 370 funcionários nessa condição. As despesas não incluem os salários de mais de 2 mil trabalhadores terceirizados de empresas que têm contratos com a Casa.

Sempre é bom lembrar que em 14 de outubro, o Ministério Público Federal enviou ofício ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem legalmente cabe cobrar de Renan os dados sobre as nomeações nos últimos dois anos, embora o inquérito corra na primeira instância. Agora os procuradores querem analisar dados pessoais dos comissionados, se eles têm filiação partidária, qual autoridade os nomeou ou quem solicitou sua nomeação. Também pretendem averiguar se, na prática, esses funcionários ocupam postos de direção, chefia e assessoramento, uma exigência prevista em lei para ocupar tais postos.

Outra preocupação é passar uma lupa na reforma administrativa anunciada por Renan, verificando se as medidas estão resultando numa redução de gastos. A promessa do peemedebista é economizar cerca de R$ 300 milhões até o ano que vem.

Entre as medidas lançadas pelo presidente, com o mote "fazer mais com menos", está a limitação de 55 comissionados por gabinete. A maioria dos senadores, porém, já empregava menos gente que isso à época da determinação e não teve de fazer ajustes. Renan também cortou 25% das funções de assessoramento e direção e extinguiu o serviço ambulatorial e médico para senadores e funcionários.

E o que mais chama a atenção de todos é que "os indicados pelos gabinetes parlamentares são nomeados pelo diretor-geral, cumpridas as condições legais, não havendo controle a respeito da filiação partidária".


Claro que não há controle das filiações, já que todos os aliados estão comendo no mesmo prato.

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