Dirceu quer trabalhar
Gerson Tavares
Não, não é piada. O "bandido" condenado no processo do mensalão, Zé Dirceu, arrumou emprego com
carteira assinada no Saint Peter, um hotel 4 estrelas na Asa Sul. Só falta a
Justiça autorizar, para que o “desempregado especializado em hotelaria”, José
Dirceu de Oliveira e Silva, que tem diploma de advocacia, possa
assumir o cargo de gerente administrativo do Saint Peter Hotel, um quatro
estrelas de Brasília.
Em petição ao
presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, a defesa de Dirceu
comunica que o ex-ministro e somava em suas funções a responsabilidade de assumir os “casos escusos” do
governo Lula e que depois de se ver no “desvio da corrupção” virou um consultor
empresarial com escritório no Ibirapuera, em São Paulo, onde ainda conseguia
montar esquemas de encaixar no mundo governamental os seus clientes, “possui
proposta concreta de trabalho junto ao St. Peter”, na Asa Sul de Brasília.
Pelo que dizem os
criminalistas José Luís Oliveira Lima, Camila Torres Cesar e Daniel Kignel,
defensores do Zé, no dia 18, três dias depois de se entregar à Polícia Federal,
Dirceu apresentou ao estabelecimento sua pretensão de tornar-se gerente
administrativo. E colocaram lá na petição: “Em seguida, foi admitido no quadro
de funcionários do hotel, o qual inclusive já elaborou e assinou o competente
contrato de trabalho”. Parece brincadeirinha, mas não, eles falam como se tudo
fosse verdadeiro.
Nunca esquecendo que o
Zé está condenado a 10 anos e 10 meses de prisão, como mentor do mensalão, aliás, coisa que eu duvido e digo sempre que ele foi só o executor daquilo que foi
pensado pelo seu “grande chefe”, Luiz Inácio, mas voltando ao assunto, não sabemos bem o porquê,
este “bandido e ex-ministro” encontra-se, desde a semana passada, em regime
semiaberto, coisa que foge ao regime de pena progressiva. Então eles dizem que o "bandido" agora está cumprindo a parte relativa à condenação de 7 anos e 11 meses por
corrupção ativa e este fato está acontecendo conforme
entendimento de Joaquim Barbosa. O “bandido” quer manter seu blog e a atividade
política, mas está desativando sua consultoria. Segundo o meu amigo "Zé Doidão",
o Zé Dirceu só está desativando a consultoria porque pegava mal ele ficar transitando
pelos corredores do Planalto, do Senado e da Câmara, já que sua assessoria só acontece deste modo e nesta
área.
E os “advogados de
bandidos” então chegaram à conclusão e colocaram na petição: “Não havendo
dúvidas acerca do regime prisional imposto ao requerente torna-se admissível à
realização de trabalho externo, conforme preceitua o artigo 35, parágrafo 2.º
do Código Penal”. E ainda pondera a defesa. “José Dirceu preenche todos os
requisitos necessários para que lhe seja deferida a possibilidade de trabalho
externo.”
E a coisa foi feita na
certeza que tudo irá acontecer como os interessados querem. Até a carteira de
trabalho do Zé já recebeu o carimbo do seu empregador e já está em seu poder.
No contrato, a direção do St. Peter Hotel fez constar a informação de que “tem
plena ciência e anui com as condições do empregado no sentido de cumprir a
atividade laboral, seja no tocante ao horário, seja por outra exigência a
qualquer título, relativamente ao regime profissional semiaberto ou outro que
seja determinado pelo Poder Judiciário para cumprimento da pena a que foi
submetido em razão da condenação na Ação Penal 470″.
E os advogados do
”bandido“ ainda acrescentam que “Além de estar cumprindo a pena em regime no
qual se admite tal medida (trabalho fora), o requerente possui toda sua
documentação pessoal em ordem, como certidão de nascimento, registro geral e
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas”.
Mas o que ninguém diz é
que o maior interesse do Zé neste emprego é o fato do “St. Peter” ficar próximo
ao Palácio do Planalto, ao Congresso e aos Ministérios, isto sem falar no Banco
do Brasil. Assim sendo, ele terá o seu escritório praticamente ao lado de todos os
seus interesses e a qualquer momento os seus “parceiros de quadrilha” poderão
ir encontra-lo sem levantar suspeitas.
Quando falei em “parceiros
de quadrilha”, a razão é clara. “A quadrilha não acabou, só deu um tempo”.
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