segunda-feira, 18 de novembro de 2013

É hora de se tomar uma atitude


Uma viagem ao desconhecido


Gerson Tavares
 










Viajar de ônibus é o mesmo que fazer uma “roleta russa”. Assim como girar o tambor do revólver com uma única bala e depois puxar o gatilho apontando para a própria cabeça, também embarcar em um ônibus, você coloca sua vida em jogo.

Foi vendo os acidentes acontecerem no trânsito e sempre com o envolvimento de coletivos, que resolvi conversar com motoristas de ônibus para saber se nos dias de hoje eles são menos preparados ou se existem alguns fatores extraordinários que os levem a estar entre os problemas que mais matam nas cidades.

Já fiz, em 2009, uma viagem em um ônibus da empresa Evanil em uma tarde de sábado de verão que fazia a linha da Central do Brasil para Nova Iguaçu, na região do Grande Rio, região formada pela Capital do Rio de Janeiro, os municípios da Baixada Fluminense e ainda Niterói, São Gonçalo e Magé. Foi uma estória que dei o nome de “Fiz uma viagem num ônibus fantasma”.

E agora, quatro anos depois, resolvi fazer um pequeno trajeto em um ônibus da Viação Nossa Senhora da Glória, que faz as linhas que ligam o centro de Nova Iguaçu aos bairros da região da Serra do Mendanha, uma região que ainda preserva o verde da serra, serra esta, que tem como atrativo para passeios, além de uma rampa que, já serviu para saltos de asa delta, antes de ser interditada pela a Aeronáutica para evitar acidentes, pois alguns pilotos das asas delta estavam tentando acompanhar os jatos que  faziam aproximação da cabeceira da pista do Galeão. 

Mas o interessante também é que ali, existe um vulcão, sim, um "vulcão extinto". E para sorte dos brasileiros, aquele "monte" não está ativo, tornando-se então um bom ponto de visitação. Quanto ao fato de ser inativo o vulcão, acredito que Deus sabia que no futuro os “ativos políticos” e outros "ativos bandidos pés de chinelo” viriam para bagunçar o "pessoal do bem" que só quer viver tranquilo e feliz.

Mas voltando ao assunto principal da estória de hoje, como já se tornou norma, os ônibus daquela empresa e outras tantas que rodam pelo Brasil, também em sua grande maioria não têm cobradores e assim o motorista, que até já apelidei de “trocarista”, tem que transitar em uma estrada muito movimentada e perigosa, já que ela é cheia de curvas, ainda tendo a obrigação de cobrar as passagens dos passageiros que lotam os ônibus que têm tempo contado para chegar ao ponto final.

E uma das grandes piadas que ouvi outro dia, é o fato de nunca ter sido votada uma lei autorizando aos empresários de ônibus tirarem os trocadores, mas agora, para a volta daquele profissional, está na Câmara Federal um deputado, entrando com projeto de lei para obrigar as empresas de ônibus, a contratarem aqueles profissionais que tanto está fazendo falta aos passageiros e aos atuais "motocador". Mas se não houve lei para acabar com o cargo, por que lei para o seu retorno? 

E outra coisa que causa espanto, é que as empresas têm sempre alguns poucos ônibus com trocador. Procurei saber a causa deste fato e então descobri que este fato é exatamente para que na hora de pedir aumento das passagens seja colocado na planilha o item do salário dos trocadores. Coisa de ladrão, mas “alguém” do governo leva “algum por fora” e então, isso entra no bolo e “ninguém” nota.

Mas como tudo é muito bem tramado, quando por algum motivo um motorista é demitido pela empresa, quando ele, diante do juiz do Ministério do Trabalho fala da dupla função que exerceu, o juiz diz que ele aceitou aquela dupla função e que não pode agora, depois de demitido, reclamar direitos que "ele deixou virar dever". Só que ele, o juiz, sabe que o motorista é colocado no paredão. “Ou cobra, ou vai embora”. Mas como os três poderes estão podres, também na Justiça quem manda é o empresário.

E esta é a grande verdade. Os motoristas não são obrigados pelas empresas a cobrarem as passagens, mas aquele que disser que não quer cobrar é demitido e tudo bem. E aí vem um juiz, normalmente “comprado”, e diz que ele aceitou a dupla função. Mas será que este juiz não sabe que essas duas funções não podem ser somadas? Além de imoral, esta atitude do juiz é criminosa, porque ele está colaborando para que milhares de pessoas tem sua vida em risco todos os dias pelas ruas do País.

E olhando as notícias dos acidentes que acontecem nos dias de hoje, dá para notar que sempre tem um ônibus sem trocador em cada nove de dez acidentes Eu, se por acaso um dia, estiver num ônibus e aconteça um acidente porque o motorista estiava fazendo aquela dupla função, darei queixa por tentativa de “assassinato doloso” contra o dono da empresa. Sim, porque o “safardana” tinha certeza que um acidente iria ser causado e assim, ouve dolo sim senhor. Por tanto, lembrem-se desta informação e se acontecer com vocês, é só ir à delegacia e dar queixa.

E foi nesta conversa com um motorista, que esqueci da hora e o papo continuou e fui descobrindo os segredos da covardia dos poderosos empresários que oprimem seus “escravizados” motoristas. Um fato que chamou a minha atenção é em relação ao troco que os “trocoristas”, que é obrigado, por lei, a ter para atender os passageiros, as empresas não fornecem. E se o “motocador” pede na saída da garagem para a tesouraria, ele recebe como resposta: “o troco é problema seu”. 

Algo de errado, já que o motorista já está fazendo papel de trocador, ainda tem obrigação de correr atrás de dinheiro trocado para atender o que a lei manda. Será que as empresas não deveriam ser obrigadas a fornecer esse dinheiro trocado? E isso não seria assim, tão “trágico”, pois quando o motorista saísse da garagem receberia, vamos dizer R$ 10 mil, e ao retornar para prestar conta, além do faturamento do dia ele devolveria os R410 mil. Bem mais fácil que andar para frente.       

Ainda existem outros tantos problemas que os empresários jogam sobre os ombros desses profissionais do volante, mas hoje estou parando por aqui. 

E não tenham dúvidas, eu volto ao assunto a qualquer hora.


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