Tolerância pela televisão

Gerson Tavares

Quando falei na primeira semana de janeiro do programa “Mulheres Ricas” da TV Bandeirantes, cheguei a mencionar o programa da TV Globo, o BBB, como um dos programas de mais baixo nível da televisão brasileira, mas não esperava que a edição deste ano, que estrearia logo na semana seguinte, fosse chegar ao “fundo do poço”.

Fico muito à vontade para falar mal desses programas que chamam de “reality show”, porque faço isso há mais de dez anos. Por tanto, já venho criticando essa programação da televisão que explora a "libertinagem" que campeia em meio aos telespectadores de hoje, mas só que desta vez a Globo extrapolou todos os limites e resolveu enaltecer abertamente a prostituição.

Eu sabia que eles estavam trilhando este caminho só não esperava que fossem chegar tão rápido ao ponto de sexo televisionado em canais abertos. E o pior é que o cara que dirige esse tal de BBB, o Boninho, tem consciência do absurdo que está cometendo.

Mas uma verdade precisa ser dita para que não recaia apenas sobre as emissoras e seus diretores de programas a culpa dessa “sacanagem televisada”, porque os homens que têm obrigação de fazer as leis e os que deveriam fazer cumprir aquelas leis, também são culpados. Por isso também coloco a culpa nos ombros dos ministros da Justiça e das Comunicações, que permitem que imagens chulas sejam expostas durante todo o dia na programação de uma emissora aberta.

Tenho certeza que tem gente falando que se os ministros da Justiça e das Comunicações proibirem este ou aquele programa será a volta da censura e que “censura nunca mais”, porem existe uma diferença entre censura e moralização.

Senão vejamos: “Um cidadão resolve abrir uma ‘casa de prostituição’ e logo aparece a polícia e fecha casa, prende o proprietário, a 'cafetina', os clientes que só foram ali dar uma 'furunfada' e também levam para a delegacia as 'mocinhas' que estavam ali trabalhando como 'operárias do sexo', aliás, a mais antiga profissão do mundo".

Pois bem, aí vem a TV Globo e apresenta em sua programação um “Tele-Curso”, com “aulas praticas de sexo”, em canal aberto e com sinal liberado para o mundo, montando assim a maior rede de “Tele-Escola” já vista até hoje. Quer dizer: a Globo dá aula de sacanagem e nada acontece, mas na hora das “mocinhas”, que passaram com boas notas pelas provas, aí vem a polícia e prende todo mundo que está alí, uns "trabalhando" e outros se divertindo. Quer dizer, na hora das "mocinhas" começarem a ganhar dinheiro na “casa de prostituição”, aí vem a polícia e prende.

Mas lá na Globo, não é bem assim que a coisa acontece, afinal, elas estão contratadas como "professoras" e alí estão para ensinar a “furunfar” e sempre seguem tudo aquilo que o script assim manda.

E foi aí que na madrugada de domingo para segunda-feira, tudo aconteceu. Depois daquela "furunfada" ao vivo houve uma grita, grita essa que seguiu por todo o dia, e a polícia no início da noite bateu lá na porta da “Escola de Prostituição Família Marinho”. Tudo fazia crer que a “escola” seria fechada, como acontece sempre que a polícia vai "nessas casas", mas desta vez não foi bem assim. Depois de acertos, ficou resolvido que só um dos participantes da “sacanagem”, o Daniel, iria sair, mas mesmo assim, só para dar uma satisfação a uma pequena parte do público.

E nisso tudo, ficou uma dúvida no ar. Estaria o tal do Daniel representando o papel de um cliente ou de um “protituto”? Sim, porque já que ele é um dos contratados da Globo para estar lá na "Escola de Prostituição", ele deveria estar representando o papel de cliente ou então de um "garoto de programa" e pelo visto ele fez papel de cliente. Mas até isso é fácil resolver, já que com o pagamento de um cachê extra ele poderia fazer os dois papeis e assim não estaria burlando as leis do Sindicato dos Artistas. Aliás, será que eles estão autorizados pelo Sindicato dos Artistas para tomarem parte nesse "folhetim"?

Mas voltando ao assunto, foi aí que a TV Globo mostrou que tem força e ela, que deveria dar “crédito” à polícia pela saída do Daniel, mandou o Pedro Bial falar no programa, que é transmitido ao vivo, que “a direção do BBB12 expulsou Daniel do reality show da TV Globo por denúncias dos telespectadores no Twitter e Facebook”. "Pedro Bial, quem diria, acabou em Irajá, quer dizer, no BBB”.

E assim mais uma mentira deslavada foi passada ao público pela direção da Globo, porque se não houvesse a intervenção da polícia e do MP, Daniel continuaria na "casa" e ainda ia dar muitas “furunfadas”, não só com a Monique, que pelo visto gostou da sacanagem, mas também com as outras que estão dando aula para o “Tele-Curso da Sacanagem”.

Por isso eu digo que tirar um programa desses do ar não é censura e sim, moralização de uma programação que já anda tão pobre.

Quanto a este curso, que já estão até chamando de “Casa de Tolerância Televisada”, já passou dos limites.