quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

“Mulheres Ricas”, mas vazias





Gerson Tavares


Hoje vou fugir um pouco da política para entrar na área da televisão, área à qual, dediquei grande parte de minha vida. Sempre respeitei muito o público e em todas as produções que tomei parte tínhamos o telespectador como nosso parceiro e a nossa luta pela a audiência nunca estava acima do respeito e do bom gosto.

Mas os tempos mudaram e hoje na luta por audiência, vale de tudo. O reality show virou “praga” e todas as emissoras estão lutando pela fatia da “pobreza de criação”. Desde o “BBB1” quando a TV Globo encontrou seu filão de desrespeito ao bom gosto e que a cada edição piora o nível dos participantes do programa e para esse que vai começar no próximo dia 10, o Boninho já avisou que estarão confinados quatro gays (masculinos), um baiano (não entendi o porque dessa separação), duas misses, três lésbicas, duas atrizes pornô, um andrógino e algumas strippers. Coisa de alto nível como dá para notar e também ficou bem claro que “carmelitas” não passarão nem pela porta da casa.

E foi aí que que seguindo a máxima do velho Chacrinha, que dizia que na televisão nada se cria, tudo se copia, as outras emissoras enveredaram pelo caminho da “pobreza de criação” e resolveram piorar o que de pior a Globo colocou em sua grade de programação. TV Record, tem “A Fazenda”, SBT tem ou teve “Casa dos Artistas”, Rede TV! tem, ou também teve “Gimenez na Real” e por aí vai, cada emissora com uma “babaquice” maior e o público, que hoje já não é tão exigente, assistindo e discutindo no dia seguinte.

Mas a Bandeirantes (aqui abro um parênteses para dizer a saudade me dá o velho e bom João Jorge Saad) resolveu agora lançar um reality show e deu um nome bem sugestivo ao programa, só que se esqueceu de completar o título. O titulo do programa é "Mulheres Ricas", mas bem que poderiam ter completado com “e fúteis”.

O programa, se é que posso chamar de programa aquela coisa, estreou na segunda-feira e leva para dentro das casas dos telespectadores figuras como Narciza Tamborindeguy, Val Machiori, Brunete Fraccaroli, Débora Rodrigues e Lydia Sayegt, pessoas que pensam que por ter dinheiro podem tudo. Lógico que sucesso este programa nunca será, mas já deu o que falar na internet.

Muitas críticas e até alguns autores de televisão que estiveram de olho na estreia, fizeram comentários no Twitter. Não entendi bem quando Glória Perez postou "Ri muito com 'Mulheres Ricas'". Será que ela riu “com as mulheres” ou “das mulheres”?

Já o Aguinaldo Silva quis saber: "Mas essas mulheres ricas são ricas mesmo, ou são apenas riquinhas?". E o Walcyr Carrasco se atreveu até a contar uma fofoquinha de uma das participantes da atração: "O Jaguar que a Narcisa usa em 'Mulheres Ricas' é emprestado de uma amiga minha!".

Eu que não tive coragem de ver tal aberração, depois de ouvir e ler o que os “corajosos” falaram, resolvi dar uma olhadela na internet. Principalmente depois de ler o que Janaina Nunes deixou escapar: “Agora, vamos combinar, o que foi a socialite Val Marchiori ‘forçadérrima’ naquela atração? Gente, era só mostrar que ela é rica e o que faz com seu dinheiro, não precisava tentar interpretar! Aí a curiosidade foi tentadora e resolvi sofrer um pouco mais. Estão lá, para quem quiser ver e sofrer como eu, as maiores “barbaridades” possíveis. Aliás, de tudo que vi, só numa coisa estou de acordo com o que falou a Narcisa, quando está na sala do seu apartamento com a mãe e diz: “Eu não sou uma pessoas normal”. Por incrível que possa parecer, foi a única frase do programa que se enquadrou no contesto daquilo que a Band teve coragem de apresentar.

A tal da Val Machiori, ao lado do seu “Crô”, vendo um avião para comprar por trinta milhões e fingindo telefonar para o marido diz que quer que ele compre para ela o “brinquedinho”. Ao terminar a encenação da ligação diz: “Marido é tudo igual... Sempre acha caro, mas acaba comprando”. Será que ninguém da direção da emissora se sentiu envergonhado daquela agressão ao pobre povo brasileiro? Gente, o Brasil ainda é um País de miseráveis, quer a Dilma queira o não.

Como a estreia da atração teve média 4,5 pontos de Ibope e 6 pontos de pico, o que vem a ser a mesma média do "CQC", a Band está trocando seis por meia dúzia, mas com um agravante. Muito mais futilidade e “babaquice” no ar.

Sendo assim, com lançamento de um “programa” desses, ainda não será desta vez que a Band vai emplacar um programa de verdade. Não assisti a exibição do programa, mas por tudo que ouvi os “incautos” falarem e que agora vi na internet, Mulheres Ricas “foi de embrulhar o estômago”.

Lá se vai o tempo em que os programas de televisão podiam levar "ícones" da riqueza para o vídeo e ele passar para o grande público, coisas sérias e importantes sem agredir. Eu mesmo já produzi programas por onde desfilaram nomes da alta sociedade e posso dar alguns exemplos de pessoas desta alta roda, daqueles que tinham dinheiro, mas que não precisavam ostentar. Posso dar como exemplos Carmen Mayrink Veiga, Helô Amado, Jorginho Guinle e tantos outros até chegar à década de 80 quando o Baby Guinle participava ao lado de Chiquinho Scarpa do programa apresentado por Flávio Cavalcanti, na propria TV Bandeirantes, que hoje exibe essa aberração. Chiquinho, mesmo excêntrico, sempre foi levado a sério quando participava do programa “Boa Noite Brasil”.

E vendo como eram os ricos de um passado não muito distante que foram representados na televisão por esses que citamos acima, e vendo como as pessoas ricas de hoje são representadas, exatamente por essas “peruas”, realmente ser rico hoje em dia deve ser muito ruim.

Essas mulheres, que não conseguem sequer formar uma frase e quando tentam formar alguma coisa, isso não passa de uma “coisa vazia”, só provaram naquela participação que dinheiro realmente compra muita coisa, menos categoria.

Mas a culpa não é delas. Se existe culpado este culpado é o João Carlos Saad. Desculpe meu caro Johnny Saad, mas é você que deixa essas coisas entrem na grade de programação da sua emissora. Existem muitas coisas boas por aí, fora de qualquer grade de TV. Tudo porque a mesmice tomou conta da televisão. Grandes projetos estão engavetados, talvez porque não são apelativos e os diretores de programação de hoje acham que o telespectador gosta de porcaria.

Por isso Johnny eu volto a dizer: “Que saudade do velho e bom João Jorge Saad”.

8 comentários:

Laura Cardoso de Menezes disse...

Essa é naturalmente mais uma loucura da Bandeirantes. Bons tempos da televisão quando assistiamos os grande musicais. Programas de jornalismo sério com entrevistas e reportagens de inpacto.
Mas isso hoje, para esse pessoal que dirige as emissoras seria uma aberração, porque entre tantas coisas de baixo nivel, as emissoras preferem gerar faturamento sem a obrigação de ensinar.
São Paulo

Lurdes Navarro Valadares disse...

Eu levei um susto na segunda-feira quando passando pelo canal da Band dei de cara com aquele bando de desvairadas falando as coisas mais absurdas que poderiam ser ditas em público.
Elas acham que é bonito tratar uma população que vive contando seus tostões para comer, daquele modo? Cada barbaridade que era dita pelas peruas deslumbradas era uma punhalada do peito do povo.
Mas a culpa é da emissora que coloca aquilo no ar.
Deixo de assistir a Band até que eles tirem aquela porcaria do ar. A Band não deve ter diretor de produção e sim um adversário de produção.
Belo Horizonte

Ana Maria Sagres disse...

Eu não assisti o programa, mas hoje, depois que lí o que você escreveu entrei na pagina da Bandeirantes e dei uma olhada 'naquela coisa'. Gente, devia ser proibido uma emissora colocar 'aquilo' no ar. Não sou a favor da censura, até muito pelo contrário, mas proibir 'aquilo' é até um meio de proibir poluição sonora e visual. São mulheres fúteis, que não sabem falar e de um visual mais para 'piriguetes' que outra coisa. Elas são simplesmente alienadas. Só que uma emissora que coloca 'aquilo' no ar, tem uma direção também alienada. É criminoso colocar 'aquilo' no ar.
Se um dia me falassem que isso existia e eu não fosse ver, eu não acreditaria. Sei que elas existem e é problema delas, mas uma emissora que tem uma concessão do Ministério da Comunicações e coloca 'aquilo' no ar, aí já é falta de respeito pelo bom gosto e pelo povo brasileiro.
Que a direção da emissora tome uma atitude e veja quem foi o irresponsavel que colocou 'aquilo' no ar.
São José dos Campos-SP

Vânia Castro Lima disse...

Se para ser uma mulher rica a pessoa tem que ser tão vazia assim como essas que estão fazendo o programa de segunda-feira na Band, prefiro ser "pobre de marré de si".
Será que na Bandeirantes não tem mais diretores de programação como antigamente? Será que agora é preciso ser baixo-nível para fazer sucesso na TV?
Pobre povo brasileiro que é visto pelos homens de televisão como irracionais.
Aliás, até os irracionais não conseguem aceitar essas coisas que a televisão está levando para dentros das casas alheias.
Sempre fui contra censura, mas esse pessoal precisa aprender o que pode e o que não pode colocar no ar.
Depois dos reality-shows, nada de bom se vê em termos de entretenimento saudável. Que saudade dos bons musicais.
Rio de Janeiro

Carlos A. Monteiro disse...

É Gerson, a Band não é mais a Bandeirantes do seu tempo. Tempo em que produtor tinha respeito pelo telespectador, tempo em que a emissora colocava no ar programas de conteudo por mais satirico que fosse.
É Gerson, falta gente para pensar e passar ao telespectador um programa onde ele encontre boas coisas. Essas 'Mulheres Rica' são tão pobres de espirito como são os donos da Band. E eles ainda piores, já que deixam a casa na mão de qualquer um.
Por isso aqui deixo uma ideia:

'Procurase diretores e produtores de televisão que saibam fazer programas como antigamente'.

Sim, porque aqueles de antigamente a gente lembra e sente saudade e os de hoje, por sorte vão cair no esquecimento logo.

São Paulo

R.F.S disse...

E na terça-feira entra no ar o BBB da Globo. Dizem que vamos ter muito veados e putas alem de entendidos no programa.

Vai ser só sacanagem, pelo menos foi o que deu à entender o diretor do programa, o Boninho, no jornal O Dia.

Porque essas mulheres ricas não se juntam com os BBBs? Seria uma união perfeita.

Rio de Janeiro

Kátia Nunes disse...

Mas a TV Bandeirantes não podia arrumar coisa pior para colocar no ar. Esse programa das desvairadas é uma porcaria da pior qualidade. Ainda bem que televisão só tem imagem e som, porque se tivesse odor, nós, os telespectadores, estariamos ferrados.
Belo Horizonte

Ludmilla Fontes Navarro disse...

Eu não tinha visto o programa da Bandeirantes que você tinha comentado, mas depois de tantos "elgios" que você fez e de tando comentarios "parabenizando a direção da emissora" pelo Programa "Mulheres Ricas", resolvi na seguntda-feira passada dar uma olhada.
Mas o que é aquilo? E um programa de televisão ou uma agressão gratuita da família Saad ao povo brasileiro?
Fico preocupada com o que possa vir por aí. Depois das barbaridades que ouvi e ví no programa, penso que breve vamos ter programas transmitidos direto dos bordeis. Aliás, os bordeis já são muito bem representadas pelo BBB da Globo.
Mas a Bandeirantes inovou, pois a Globo já leva gente do ramo para a telinha e a Bandeirantes quer colocar gente nova no "negócio".
Tudo bem que até podem dizer que eu não entendi o espirito da coisa, mas se existe algum "espirito" nessa "coisa", só pode ser "espirito de porco".
Mas eu garanto que esse "espirito de porco" responde pelo sobrenome "Saad".
São Paulo