terça-feira, 31 de março de 2009

Guerra aos olhos azuis

Gerson Tavares

A culpa não é dele. Enquanto o Franckim Martins deixar o Lula falar de improviso vamos correr sempre o perigo de uma guerra. Lula calado até pode ser controlado, mas falando, mesmo com aquela língua presa, é perigo nacional.

Tenho uma amiga que é brasileira, mas é filha de suíços. O pai nasceu em Zurique e a mãe em Lausanne. Loura de pele rosada de tão clara, olhos azuis, mas brasileira e carioca. Casou com um colega de colégio, filho de mãe afrodescendente e pai austríaco, mas também brasileiro e carioca. Aliás, ela diz que até a pouco tempo atrás, era casada com um homem bem mais charmoso porque ele era “mulato”, fato que dava água na boca das mulheres. Hoje qualquer um é afrodescendente.

Mas para azar desses meus amigos, eles que tem um casal de filhos e os “rebentos”, como eles dizem, nasceram louros, brancos e olhos, vejam o triste destino dessas crianças, azuis. Pais zelosos, agora o casal está preocupado, pois o menino, que está com nove anos, está com medo de ser de uma hora para outra, considerado culpado pela crise mundial.

Ontem, O., esta é a inicial do nome do menor, filho do casal, que quer ter o seu nome omitido para evitar alguma perseguição, me ligou e pediu o endereço de uma ótica de outro amigo meu, para que possa encomendar lentes de contato para ficar com os olhos castanhos e se sentir mais seguro. Para piorar, sua irmã, M.L., além das lentes de contato, quer também fazer bronzeamento artificial. E o pior, me disse a mãe das crianças, é que esta foi a única opção que elas deram para retornarem às aulas. Até lá, não sairão de casa e não tem que consiga mudar a decisão.
Viu Lula. Você com as suas “metáforas”, ainda vai acabar fazendo do analfabetismo uma norma neste país.

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