ESTOU COM O “CHICO”
E NÃO ABRO II
Gerson Tavares
Voltando ao discurso de
Francisco no Encontro Mundial dos Movimentos Populares, ele se dirigiu aos "camponeses"
e falou que a saída deles do campo por causa "de guerras e desastres
naturais" está deixando a Igreja preocupada. Disse ser um crime que
milhões de pessoas padeçam com a fome, enquanto a "especulação financeira
condiciona o preço dos alimentos, tratando esses alimentos como qualquer outra
mercadoria". Foi então que o Papa Francisco em sua fala colocou ser
necessária a “luta em prol da dignidade da família rural".
Nunca esquecendo os
excluídos, Francisco dirigiu seu pensamento aos que são obrigados a viver sem
uma casa. Disse que, como experimentara também Jesus, obrigado a fugir com sua
família para o Egito. E colocou muito bem que “hoje vivemos em cidades imensas
que se mostram modernas, orgulhosas e vaidosas". E disse que essas cidades oferecem "numerosos lugares" para uma minoria feliz, mas, porém,
"negam a casa a milhares de nossos vizinhos, incluindo as crianças".
E demonstrando pesar,
Francisco ressaltou que "no mundo globalizado das injustiças proliferam-se
os eufemismos para os quais uma pessoa que sofre a miséria se define
simplesmente 'sem morada fixa'". O Papa denunciou que muitas vezes
"por trás de um eufemismo há um delito". Vivemos em cidades que
constroem centros comerciais e abandonam "uma parte de si às margens, nas
periferias".
Mas nem só de críticas
vive a Igreja, então Francisco elogiou aquelas cidades onde "se segue uma
linha de integração urbana, onde se favorece o reconhecimento do outro". Depois
Francisco falou sobre a questão do trabalho: "Não existe uma pobreza
material pior do que a que não permite ganhar o pão e priva da dignidade do
trabalho." Muito em particular, Francisco citou o caso dos jovens
desempregados e ressaltou que tal situação não é inevitável, mas é o resultado
"de uma opção social, de um sistema econômico que coloca os benefícios
antes do homem", de uma cultura que descarta o ser humano como "um
bem de consumo".
Aliás, tenho quase
certeza que naquele momento Jorge Mário estava pensando no Brasil. Não podemos
esquecer que no Brasil o pobre é uma necessidade para os políticos. Não podemos
esquecer que, no lugar do governo colocar um salário mínimo que dê condição de
vida para uma família, o salário mínimo, que é “realmente mínimo”, serve para
que as “bolsas esmolas” sejam transformadas em votos para os candidatos que
estejam no governo e querem continuar enganando o povo nas próximas
legislaturas.
Francisco sabe das
coisas. Mesmo sem falar do Brasil em seu discurso, colocou nas entrelinhas o
puxão de orelhas.
Só que os “comunas” brasileiros
não estão nem aí para a bronca e continuam de plantão para "arrombar o cofre".
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