quarta-feira, 10 de abril de 2013


Político tem sempre a mesma mãe

Gerson Tavares






A Prefeitura de Mogi das Cruzes abriu licitação para alugar 163 veículos pelos quais pagaria um valor sete vezes maior do que gastaria para comprá-los. A concorrência foi cancelada, não porque o Ministério Público de Contas pediu explicações ao município e sim porque o jornal "O Estado de São Paulo" foi atrás da notícia.

A administração ia pagar R$ 42 milhões para alugar carros que, se fossem comprados, custariam R$ 6,4 milhões pela Tabela Fipe, que indica preços médios do mercado de automóveis.

Inicialmente, a prefeitura alegava que a opção pela locação pretende dar "maior agilidade aos serviços" e "desobriga o poder público a implantar pesadas estruturas administrativas e operacionais com mão de obra própria, como uma oficina mecânica ou elétrica, estoques de peças e materiais de manutenção". Contudo, a licitação passou a ser contestada pelo Ministério Público de Contas (MPC), que viu "aparente violação ao princípio da economicidade".

"Mesmo considerando a depreciação dos veículos, dispêndios com assistência técnica e demais serviços a serem contratados, a substancial diferença de cerca de 35 milhões de reais revela, aprioristicamente, a vantajosidade da aquisição dos bens, em detrimento da opção pela locação", escreveu o procurador Thiago Pinheiro Lima.

Ao jornal "O Estado de São Paulo" ele afirmou também, ver "indícios veementes de direcionamento do certame para empresa predeterminada", uma vez que a licitação aglutinou objetos distintos em um lote único - como carros comuns e ambulâncias - e simultaneamente vedou a participação de empresas em consórcios, o que restringiria a participação de muitos concorrentes no mercado.

O procurador pediu ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) que determine à Prefeitura que apresente os estudos técnicos que embasaram a escolha pela locação e que demonstre "o necessário atendimento ao princípio da economicidade".

Para o MPC, há ainda outros indícios de direcionamento da licitação, já que, em um dos anexos do edital, a prefeitura especificou os modelos que pretende alugar: A) 93 veículos GOL G4 - 4 portas - 1.000 cc total flex; B)33 veículos tipo Kombi Standard 1.4 - total flex; C) 10 veículos GM - S10 Chevrolet - 2.4 - flex Power; D) 12 veículos tipo furgão adaptado à estrutura de ambulância - Mercedes Benz - Sprinter 313 CDI diesel; E) 13 veículos tipo motocicleta - 150 cc - Honda NXR 150 Bross; F) 02 veículos executivo tipo Corolla - 1.800 cc Total Flex. À exceção do item D, todas levam a expressão "ou equivalente/similar" no final".

A Procuradoria de Contas afirmou que o uso da expressão não basta para "afastar o nítido direcionamento do certame às marcas". "A representada impôs condições relativas a desempenho, dimensões, motorização, carga útil, rodas e reservatório de combustível de forma pormenorizada e minuciosa, cujas especificidades, sem qualquer margem de tolerância, aparentemente conduzem às marcas alçadas à condição de preferidas no ato convocatório".

A Prefeitura de Mogi nega que o edital tenha sido direcionado, dizendo que "o edital estabelece as especificações do veículo citando como exemplo Gol ou similar, Corola ou similar".

O político pode até mudar, mas é sempre filho da mesma mãe.

2 comentários:

Nuno Mendes disse...

Você está dizendo que todos os políticos são "filhos de uma senhora mal falada"?
Se não foi isso então você falou que são dos filhos da... É, qualquer uma das duas opções, eles só não são "filhos de chocadeira", até porque assim, onde entraria a galinha nessa história?
Três Corações - MG

Anônimo disse...

Será que todos os políticos são filhos da mesma piranha? Se não é a mesma, pelo menos são colegas.
São Paulo