segunda-feira, 29 de abril de 2013


Aos amigos tudo, aos inimigos, “a conta”

BNDES e BB são os maiores credores da
usina de etanol de amigo de Lula que não está nem aí

Mais da metade da dívida bilionária da usina de açúcar e álcool do empresário José Carlos Bumlai, amigo e conselheiro do ex-presidente Luis Inácio da Silva, está nas mãos de bancos do governo federal. A Usina São Fernando entrou em recuperação judicial dias atrás e pendurou uma dívida de R$ 1,2 bilhão. Desse montante, cerca de R$ 540 milhões são financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e pelo Banco do Brasil  ainda no governo Lula.

A São Fernando deve impostos, pagamentos a fornecedores e salários de empregados, mas seu principal problema é com 15 bancos, credores de mais de R$ 1 bilhão. Entre eles estão Bradesco, Santander, BTG, Itaú e BNP. Mas as dívidas com essas instituições são bem inferiores aos cerca de R$ 300 milhões que o BNDES tem a receber ou aos R$ 240 milhões emprestados pelo BB.

Foram essas duas instituições que financiaram a construção da Usina São Fernando, localizada em Dourados, no Mato Grosso do Sul. A operação com o BNDES foi aprovada em dezembro de 2008, logo depois do início da crise financeira global, numa fase em que os bancos privados se recolheram e pararam de emprestar. Mas o projeto da família Bumlai já estava em andamento, embalado pelo estímulo do governo Lula ao aumento da produção brasileira de etanol.

"O BNDES financia a indústria e o Banco do Brasil financia o agronegócio. São bancos voltados para esse tipo de investimento", falou o empresário Guilherme Bumlai, filho de José Carlos. "É preciso separar as coisas: o amigo do ex-presidente é meu pai, quem toca a usina sou eu e meu irmão Maurício". 

Mas o pior é que a amizade é grande. Pecuarista tradicional do Centro-Oeste, José Carlos Bumlai conheceu Lula por intermédio do ex-governador do Mato Grosso do Sul, José Orcírio Miranda, o Zeca do PT. Na campanha de 2002, o então candidato Lula gravou peças para o horário político numa das fazendas de Bumlai. Tornaram-se amigos a tal ponto que o pecuarista era recebido mesmo sem marcar hora pelo ex-presidente no Palácio do Planalto. Bumlai virou uma espécie de conselheiro de Lula para o agronegócio e passou a fazer parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social de Lula.

Mas, separar na verdade, deveriam eles separar. Onde entra o amigo, o negócio tem ficar de fora, mas não é este o caso. Lula sabe presentear os amigos. 

2 comentários:

Norma Castro Lima disse...

Lula é muito inteligente e sabe que a farra pode acabar breve e então ele quer arrumar dinheiro de qualquer jeito e assim ele vai arrumando os amigos que sempre dão uma boa participação.
Enquanto eles forem governo, vai ser assim, troca de favores muito bem remunerados.
Brasília

Guiomar dos Santos Neves disse...

Este é o modo Lula de ser. Aos amigos tudo, aos outros, nem a lei.
É assim que eles se fazem e o povo nem nota.
São Paulo