“João de Barro”, alvo de 42
investigações, se apresenta
voluntário para relatar projetos
de interesse de
procuradores
Gerson Tavares
O presidente da
Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara, João Magalhães, do PMDB/MG,
é um velho conhecido do código penal. O “carinha” tem alguns rosários de
investigações criminais e cíveis, num total de 42, que são conduzidas por
procuradores da República em Minas Gerais e pelo procurador-geral da República,
Roberto Gurgel.
Mas ele é muito esperto e resolveu contra-atacar os homens do MP , avocando há duas semanas a relatoria
de dois projetos que alteram a organização da carreira do Ministério Público Federal
e concedem gratificações a integrantes da instituição.
E quando falo que o
“carinha” é um velho conhecido do código penal, é só ver desde quando ele vem
enrolado com seus desmandos, já que, lá atrás, em 2007, ele começou sua carreira de “bandido”.
Foi neste ano que o João Magalhães começou a responder a 37 ações de
improbidade administrativa na Justiça Federal mineira, sendo 35 delas ajuizadas
na Vara Federal de Governador Valadares. No final de 2012, o “pilantra” teve os
bens bloqueados por ordem judicial. E ele não para por aí e, assim sendo, é
alvo de outras cinco investigações criminais no Supremo Tribunal Federal e em
uma delas é réu por corrupção passiva sob a acusação de receber propina de um
lobista, valendo-se supostamente da mulher para fraudar obras públicas.
O procurador da
República, Bruno Magalhães, que atua perante a Vara Federal de Governador
Valadares, afirmou que a maioria das ações de improbidade que envolvem o
parlamentar dizem respeito à Operação João de Barro, ação deflagrada pela
Polícia Federal em junho de 2008 que investigou um esquema de desvios de
recursos em prefeituras no interior de Minas Gerais. Na ocasião, a PF chegou a
vasculhar o gabinete parlamentar na Câmara dos Deputados.
Os projetos que tratam
do Ministério Público foram enviados ao Congresso por Roberto Gurgel no final
de agosto de 2011 e foi aí que o João Magalhães encontrou um modo de “bagunçar”
a vida da turma do MP.
O primeiro projeto diz
respeito à criação de 203 cargos efetivos e outros 83 cargos em comissão e
funções comissionados para a Escola Superior do Ministério Público da União,
que tem por missão formar novos procuradores e realizar cursos de
aperfeiçoamento daqueles que estão na carreira. O outro prevê instituir uma
gratificação para procuradores que acumularem ofícios.
O assessor parlamentar
da PGR, José Martins Arantes, confirmou que pediu a João Magalhães agilidade na
análise do projeto e que o parlamentar foi quem sugeriu assumir a relatoria dos
projetos para garantir a apreciação das matérias. "É do trabalho da
assessoria pedir a análise dos projetos", disse Arantes.
Duas propostas que já
haviam sido aprovadas pela Comissão de Trabalho da Câmara e terão de passar
ainda pela comissão presidida por João Magalhães e pela Comissão de
Constituição e Justiça e pelo plenário da Câmara. Se passar por todo esse
caminho, tem de ir para o Senado.
O procurador Bruno
Magalhães disse que a atuação do Ministério Público nas ações não mudará, a
despeito dos projetos tramitando na Câmara. Disse ainda que não conhece o João
Magalhães e por isso não pode dizer como ele vai votar. Mas claro está, que só
o fato do deputado se autoescalar para relator das matérias relativas ao MP. Contudo,
outros integrantes do Ministério Público Federal afirmaram, sob a condição do
anonimato, que a decisão do deputado de se autodesignar relator de matérias
relativas ao MP, já mostra que ele está disposto a fazer barganha política.
Mas o João Magalhães
diz que apresentou sua defesa em todas as investigações a que responde e que é
prerrogativa de o Ministério Público denunciar e o dele de se defender.
Diz ele que até agora
não houve nenhuma condenação e que vários processos já foram arquivados. E aí
ele diz que não vê nenhuma questão ética no fato de, mesmo sendo investigado
pelo MP, seja o relator de projetos de interesse da instituição.
Pois eu digo que está
muito clara a intenção desse “João de barro”, quer dizer, João Magalhães, que
está sim, tentado usar sua posição de relator para “obrigar” o MP a “limpar sua
barra”.
E tenho dito.
Um comentário:
Mas ser condenado ou não pela Justiça brasileira não quer dizer que ele é um pessoa de bem. Quantos estão poe a que não foram nem´sequer réus e são mais sujos que pau de galinheiro?
Exemplos não nos faltam e para piorar, ainda existem aqueles que já foram condenados e garantem que nunca irão cumprir pena.
Brasília - DF
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