sexta-feira, 27 de junho de 2008

Parece mentira, mas até bandido
interroga bandido


Acusado pela polícia, o dublê de deputado e miliciano, Natalino,
interroga testemunha durante audiência na Alerj



RIO – Ele só não está preso porque tem diploma de deputado, que deve corresponder a “curso superior”, mas o irmão que com diploma de vereador só tem “curso primário”, está enjaulado. Os dois são acusados de liderarem um grupo paramilitar na Zona Oeste. Estamos falando do deputado Natalino José Guimarães (DEM) e do seu irmão, o vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho (PMDB).

Mas ontem, a coisa passou dos limites e o “safardana”, dublê de deputado e miliciano, tentou interferir nos depoimentos de dois acusados de fabricar bomba usada no atentado à 35ª DP (Campo Grande). Ele quer porque quer, enciontrar uma saída de defesa para CPI das Milícias da Assembléia Legislativa (Alerj). O Natalino afirmou que o titular da delegacia, Marcus Neves, manipula acusações contra ele.

Mesmo não sendo membro da CPI, o delinqüente deputado participou de parte do interrogatório do estudante Ocian Gomes Salustiano. De forma intimidatória, sentado bem em frente ao acusado e olhando fixamente para ele, Natalino dirigiu duas perguntas, maliciosamente preparadas por algum advogado de porta de xadrez, para obter respostas desfavoráveis à ação da polícia. Ocian e o pai dele, o pescador Antônio Santos Salustiano, foram detidos logo após o atentado à 35ª DP, mas foram soltos terça-feira. Segundo a polícia, eles teriam afirmado que fabricaram a bomba por encomenda do deputado.

Na pergunta montada, Natalino quis saber se o delegado teria citado o nome dele e de seu irmão e parceiro de crimes, Jerominho. O estudante, demonstrando estar muito bem instruído, já que até então vacilava nas respostas, nesta foi taxativo e confirmou a informação.

Esta participação de Natalino no interrogatório criou constrangimento para todos da CPI. O presidente, Marcelo Freixo (PSOL), interrompeu-o, alegando que, pelo regimento interno da Alerj, apenas integrantes da comissão podem fazer perguntas aos interrogados. No final da sessão, Freixo disse que estranhou o comparecimento do deputado à CPI. Pelo regimento da Alerj, qualquer deputado pode participar de reuniões abertas de CPIs. Mas, se tiver alguma pergunta para fazer,deverá encaminha-la por escrito ao presidente.

Mas no caso do Natalino, como principal acusado, ele não deveria nem estar solto, que dirá, ter direito a participar do interrogatório. isso quer dizer que ele instrui lá fora os "parceiros", como "chefe" e coage lá dentro os "réus", como deputado.

Nenhum comentário: