quarta-feira, 18 de junho de 2008

Jobim vai ao morro e perde perdão. José Roberto Oliveira, advogado que acompanha os parentes das vítimas vai pedir indenização




Ministro Nelson Jobim tenta apagar a mancha de sangue
que vergonha o Exército Brasileiro




RIO - Depois do ministro da Defesa, Nelson Jobim, pedir desculpas a população pelos desmandos dos militares do Exército no Morro da Providencia, o clima foi de aparente tranqüilidade no morro, ontem. A polícia reforçou o patrulhamento e o Exército ainda ocupa os acessos à favela. O Hospital dos Servidores do Estado e o comércio local reabriram.

Os operários que trabalham no projeto “Cimento Social”, do senador Marcelo Crivella (PRP) em parceria com o Ministério das Cidades na de recuperação do morro, anunciaram que só vão trabalhar até amanhã, se o Exército não for retirado.

De manhã, o general Mauro César Lorena Cid, da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada, também pediu desculpas, numa reunião, às mães dos três jovens. As desculpas não devem impedir, porém, que as famílias entrem na Justiça para pedir indenização pelas mortes. As mães não quiseram falar com a imprensa, mas o advogado que as acompanhava, José Roberto Oliveira, presidente da Anacont, informou que as famílias vão entrar na Justiça contra a União e devem pedir quase R$ 1 milhão por vítima.


Tudo isso acontece depois de uma tresloucada decisão, não se sabe partindo de quem e nem o por que, que fez do Exército, patrono de uma obra de cunho eleitoreiro. Esta obra, o pastor-senador Crivella recebeu de presente do José Alencar, vice-presidente do Brasil e que é um dos companheiros de partido do senador.

Tenente é apontado como o único responsável por crime

Os depoimentos de 8 dos 11 militares acusados do crime apontam para o tenente Vinícius Ghidetti como único responsável pela operação. Mesmo depois de ter recebido a ordem de um capitão para liberar os rapazes, Ghidetti teria decidido dar um "corretivo" nos jovens. Mostrando total despreparo para o oficialato, usando de palavra de baixo-calão, segundo afirmação dos praças, o dublê de militar com bandido falou assim: “Tô cagando para o capitão”.

Os oito militares foram ouvidos ontem entre 13 horas e 21h30. O delegado Ricardo Dominguez ouviu os acusados para determinar a participação de cada um no episódio. Ele definiria ainda quais seriam indiciados por seqüestro ou por homicídio triplamente qualificado. Os 11 militares estão detidos no 1º Batalhão desde domingo, quando a Justiça determinou a prisão temporária do grupo por dez dias. Pela manhã, Dominguez havia dito que pretendia pedir a quebra do sigilo telefônico do tenente por suspeitar que o oficial teria feito contato prévio com traficantes da Mineira, antes de levar os rapazes para o morro.

Tudo isso parece brincadeira, mas é só mais uma das loucuras da Forças constituidas que imperam neste pobre e infeliz país tupiniquim.

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