sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Falaram que era sogro, mas era mentira



Mas que a negociata é de 

pai pra filho, ai é verdade

Gerson Tavares
 









Quando falei ontem dos preços das passagens, já sabia deste fato assustador que o Sérgio Cabral montou para salvar um dos maiores colaboradores de suas campanhas. Claro que quando se fala em campanha de Sérgio Cabral, fala-se também de campanha de Eduardo Paes e todos os que fazem parte da “quadrilha” que leva a sigla PMDB.  

Mas já que estamos falando de preços de passagens, que voltaram aos preços de antes do movimento da população ordeira de junho e julho, vamos falar dos interesses do Jacob Barata, que é o empresário do qual falei lá no início. Claro que junto com o Jacob Batata, de agora em diante, muitos outros empresários de ônibus do Estado do Rio estão sendo beneficiados com mais uma redução de impostos. E tudo aconteceu na terça-feira, quando o governador Sérgio Cabral publicou decreto no Diário Oficial do Estado concedendo desconto de 50% no valor do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) relativo a 2014 para ônibus e micro-ônibus destinados à prestação de serviço de transporte de passageiros.

Este benefício é válido para empresas concessionárias ou permissionárias de transporte municipal e intermunicipal. Assim, o Estado deixará de arrecadar R$ 36 milhões. Em relação à receita tributária total, o percentual representa 0,09%, de acordo com a Secretaria estadual de Fazenda.

Mas não pensem que esta é a primeira “macacutaia” do ano que o grupo do PMDB arma para o bem daqueles empresários. No início deste ano, o governo já tinha dado isenção total de ICMS para as empresas de ônibus que fazem linhas intermunicipais. Na cidade do Rio, no fim de 2010, a Câmara dos Vereadores aprovou um projeto de lei do Executivo que diminuiu de 2% para 0,01% o ISS das empresas.

Isto tudo aconteceu depois de em junho de 2013, em meio aos protestos contra o aumento das tarifas de ônibus, o Senado aprovar a redução de dois impostos que têm impacto direto na planilha que define o reajuste do preço das passagens: o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) na aquisição de insumos relativos à operação dos serviços de transporte. Em ambos os casos, os empresários conseguiram isenção.

Mas para que ninguém reclame coisa alguma, apesar da isenção, os impactos nas tarifas não serão sentidos este ano. Isto porque as passagens das linhas intermunicipais já foram reajustadas, no início deste mês de janeiro, em 5,74%, mas isto, no maior silêncio.  Em relação às linhas municipais do Rio, o Sindicato das Empresas de Ônibus (Rio Ônibus) afirma que o impacto também só acontecerá no próximo ano, pois a medida se refere a 2014.

Como os compromissos têm que ser cumpridos, a prefeitura do Rio de Janeiro já anunciou aumento nas passagens de ônibus municipais para este ano, mas, diante de uma ponderação do Tribunal de Contas do Município (TCM), o reajuste ainda está em compasso de espera. O órgão recomendou que não houvesse aumento até que terminasse a auditoria que está sendo feita nas contas das empresas de ônibus do Rio. A análise deve ser concluída mês que vem.

Mas voltando ao IPVA, por meio de nota, o governo do Estado do Rio de Janeiro falou que a desoneração do imposto para ônibus utilizados no transporte público segue a tendência dos governos federal, estaduais e municipais, de desoneração dos custos dos transportes públicos. Diz ainda que a redução ou ausência de cobrança do IPVA já é praticada na quase totalidade dos estados da federação. Ainda segundo a nota, com essa medida, o Estado do Rio de Janeiro dá mais uma contribuição para que o custo das passagens de ônibus municipais e intermunicipais seja o menor possível para o cidadão.

Agora vamos perguntar ao Cabral: Será que vamos pagar 25% do IPVA dos nossos automóveis que ficam nas garagens por que a cidade do Rio de Janeiro não tem ruas e o prefeito e até mesmo você, Cabral, pede que todos usem transporte coletivo? Será que vamos ter isenção total do IPVA, por que as ruas do centro da cidade estão sendo aos poucos, mas rapidamente, fechadas ao trânsito de carros particulares?

Até não vou falar de transporte de massa, porque na quarta-feira mesmo, a SuperVia mostrou que não podemos contar com ele. Tá, ainda tem o Metrô e as Barcas, mas a maioria que precisa de transporte de massa usa mesmo os trens da SuperVia, mas que quarta-feira ficou sem condução. Se o transporte coletivo, neste caso os ônibus, dessem conta, tudo bem, mas transporte coletivo não substitui o transporte de massa. Mas é bom que se diga “só os senhores não sabem a diferença entre um e outro transporte”. Afinal, o transporte dos senhores só vai do carro oficial aos aviões e helicópteros, que também são oficiais.


E em relação às benesses para os empresários, vocês formam uma grande “quadrilha”, mas estejam certos, um dia todos vocês pagarão, com altos juros, os seus erros, os seus pecados, as suas “sacanagens”.

Nem que seja na morte.

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