Pegou mal para o Rio

Gerson Tavares

“Quem não tem lombo, não faz trato com músculo”. Claro que o ditado não é bem assim, mas é mais ou menos por aí. Só sei que a Polícia Civil do Rio de janeiro está perdendo parte do seu tempo em que deveria estar investigando a bandidagem que teima em perturbar os dias dos cariocas para passar a investigar uma briga entre o prefeito da cidade, o Eduardo Paes, e o músico Bernardo Botkay, mais conhecido como Botika, que aconteceu na madrugada do último domingo de maio, em um restaurante no aprazível Horto, que fica na zona sul da cidade maravilhosa, mas que tem um prefeito doidão, que até se envolve em briga, sem se preocupar com o fato que o mundo está de olho em tudo que por aqui acontece, pois, afinal, as Olimpíadas do Rio estão chegando e todos querem saber se podem ou não viajar para cá.

Tudo aconteceu porque o Botika, ao ver o prefeito estava no restaurante, o xingou de "bosta" e Eduardo Paes, que não gostou daquele xingamento, agrediu o músico com um soco. Botika, que estava acompanhado da namorada, que também foi a exame de delito no IML, depois que tudo aconteceu disse que talvez não devesse ter xingado o prefeito de bosta e em compensação o prefeito admitiu ter errado e pediu desculpas à população. Se bem que fi melhor xingar o Eduardo de besta que xingar a mãe do alcaide. 

Agora vamos ver se o Eduardo Paes merece ser desculpado. Ele estava na parte interna do restaurante com a mulher, com o secretário da Casa Civil, Pedro Paulo Carvalho, a mulher dele e outras três pessoas. Como é um viciado, resolveu sair para fumar na calçada, onde estavam Botika e a namorada entre tantas pessoas que lá estavam ocupando mesas que o restaurante coloca na calçada com ordem da prefeitura, assim sendo, desrespeitando ordens da própria prefeitura, pois estava “fumando onde estavam reunidas varias pessoas”. E neste momento a namorada de Botika abordou Paes, perguntando se era mesmo ele, ao que Paes respondeu, brincando, que era Cesar Maia, ex-prefeito e atual vereador. Foi então que Botika xingou Paes de “bosta”, que pelo que entendi, é sinônimo de “prefeito do Rio”.

O Botika conta o que aconteceu: "Não aguentei e fui brusco, agressivo. Falei pra ele que ele é um bosta. Ele veio pra cima. Soco na minha cara. Homens me segurando. Minha mulher, possessa pela covardia, foi pro ataque. Está com os joelhos sangrando. Xingamentos pra lá, xingamentos pra cá” e Botika diz não se arrepender de ter dado aquele show. “Não é possível ser educado com um otário que 'fode' a nossa cidade todo dia (...) Fomos na polícia. Não vai dar em nada. (...) A maior humilhação do mundo é levar soco na cara do homem menos homem que já ouvi falar. E ele não dá direito de retorno. Quero que você, Paes, entenda o que estou falando. Gostaria que você viesse sozinho, por conta própria, na minha casinha", escreveu Botika no site Facebook.

Pelo que deu para entender, a coisa foi bem montada na polícia, pois no registro feito na 15ª DP (Gávea), o músico figura como testemunha e a única vítima é sua mulher, supostamente agredida por seguranças de Paes. Segundo o delegado Orlando Zaccone, só ela fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal. Zaccone deve ouvir o músico nos próximos dias. Se o bicho pegar, os seguranças foram os agressores.

Mas Eduardo Paes admitiu o erro. "Os seguranças só chegaram depois. Se estivesse com seguranças ali, ele provavelmente não teria passado dez minutos xingando todas as gerações da minha família. Não deve ser uma pessoa equilibrada, mas isso não justifica minha atitude. Todo cidadão pode cobrar muito de mim, mas tudo tem limite. Não deveria ter tido a reação, pois sou prefeito da cidade."

E foi aí que o Cesar Maia resolveu colocar o Eduardo em sua posição de “bosta” que tem: "Político que não estiver preparado para palavrão e vaia deve mudar de profissão". E como Maia não está aí para perder o bonde, continuou ironizando o fato de Paes ter dito, brincando, que era Maia. "Freud explica. Complexo de Édipo". Não podemos esquecer que no passado o Paes esteve entre os colaboradores de Cesar Maia.

Já o Antony Garotinho não perdeu a chance de pegar carona no bonde de Maia: "Paes precisa ser pacificado ou então beber menos. Não vai dar em nada. A polícia de Cabral vai acabar concluindo que o agredido merecia os socos de Paes".

Não sou simpático a Garotinho, mas que a polícia já está instruída, não há nenhuma dúvida.

Mas será que existe punição para quem fuma em lugar onde estão tantas pessoas reunidas como ficam esses "puxadinhos" autorizados pelo Eduardo Paes? Afinal, essas mesas na calçada formam um “puxadinho” do restaurante, não?