A Verdade começa a se desfazer

Gerson Tavares

 

De mentira em mentira a “Verdade” vai se desfazendo e desta vez foi o ex-procurador da República Claudio Fonteles que enviou carta à presidente Dilma Rousseff para comunicar o afastamento da “Comissão Nacional da Verdade”. Ele divergia de outros integrantes do grupo formado no ano passado para investigar os crimes do Estado de 1946 a 1988, ao defender a divulgação e publicidade das investigações. Como o assunto é assim, mais ou menos, contra aquilo que o governo tem como “segredo de estado”, o Planalto prefere não falar do desligamento.

Com a saída de Fonteles, a comissão está perdendo o segundo dos sete integrantes que começaram o trabalho em maio de 2012. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp foi o primeiro a deixar o grupo e agora as duas cadeiras estão vagas e parece que não tem queira sentar, mesmo com a grana sendo boa.

Como essa onda de desmonte da “Verdade” pode pegar mal para aqueles que se dizem “donos da Verdade”, a atual coordenadora da comissão, Rosa Cardoso, fez questão de dizer que estava do mesmo lado de Fonteles. Isso até parece que ninguém quer ficar contra ninguém, mesmo que para isso seja necessária uma desculpa que venha contra alguma atitude tomada no passado e foi então que Rosa falou: "Lamento, profundamente, a saída de Claudio e enfatizo que ele não teve, não tem e não terá nenhuma divergência comigo. Gostaria muito que ele continuasse conosco".

Sabemos que a divergência de Fonteles era com Paulo Sérgio Pinheiro e José Carlos Dias, mas ninguém havia falado antes que era da mesma opinião que ele.

É sempre assim. Depois de morto, todo bandido tem seus méritos.