quarta-feira, 5 de junho de 2013

Amado é Batista

Gerson Tavares









A Comissão Verdade tem tentado, mas o máximo que consegue é “quebrar a cara”. Na semana passada no programa da apresentadora Marília Gabriela, no SBT, se apresentou o cantor sertanejo Amado Batista, que foi um dos torturados pela repressão do governo militar, e que comparou a tortura que sofreu durante a ditadura militar a um "castigo de criança". E foi mais além falando que não achou errada a decisão dos repressores de tê-lo torturado.

Não sei bem se ele estava falando por falar ou se ele acha isso mesmo, mas falou com todas as letras: "Eu acho que quando uma criança cospe na sua cara, chuta sua canela, o que o pai deve fazer? Não deve corrigir? Então, eu estava fazendo a mesma coisa, que não era uma coisa correta".

E o Amado Batista, numa boa, foi falando o que estava sentindo e disse ter sido torturado porque, na época, trabalhava em uma livraria e que permitia que professores procurados pelos militares lessem livros proibidos naquele período. Também falou que um deles teria lhe dado uma procuração para receber um salário enquanto estivesse foragido no Maranhão.

E Amado contou para uma Marília Gabriela assustada que tomou choque e foi ameaçado de morte. "Eu acho que eu não tinha de estar contra, brigando contra o governo. O governo estava nos defendendo de pessoas que estavam querendo tomar o País à força, com armas nas mãos."

E essa posição de Amado causou espanto à entrevistadora que perguntou até certo ponto com agressividade: "Você está louco, Amado?". "Você está louco. Você saiu perdido, sofreu tortura física..."

E ele não se perturbou ao responder: "Mas eu estava errado". "Eu acho que estava errado. Eu estava acobertando talvez pessoas que estavam querendo tomar esse País à força".

E foi aí que senti firmeza no pensamento de Amado Batista, quando ele declarou que não vai acionar a Comissão da Verdade, instaurada desde abril do ano passado para investigar os casos de repressão na ditadura militar, para tentar encontrar quem o torturou.

Isso prova que quando você entra na briga é para ganhar ou perder. Se venceu a briga, ótimo, mas se perdeu, mete a viola no saco e vai cantar em outra freguesia.


Parabéns ao Amado Batista por não aceitar a famigerada “Bolsa Ditadura” e que resolveu cantar literalmente pelo caminho sertanejo do Brasil.  

2 comentários:

Arnaldo Loureiro Dias disse...

Pelo menos o Amado Batista falou uma coisa certa, que quem entra na briga e perde tem mais é ficar na sua. E também não tem indenização que faça com que ele passe a cantar bem, mas que essa atitude dele, de não pedir indenização pelo que fez de errado, sirva de exemplo para esses politiqueiros que aí estão se aproveitando dos golpes que deram. Tem até 'cara' que só foi preso por ser baderneiro e que ainda assim, se deu dinheiro do povo para colocar na própria conta bancaria. Parece até que estou falando do Lula, mas vai que...
Pacaembu - São Paulo

Vianna disse...

O Amado se foi torturado pelos militares, depois resolveu torturar os nossos ouvidos. Mas parabéns por não aceitar dinheiro do povo que os guerrilheiros teimam em roubar dos nossos bolsos.
Salvador - Bahia