Depois
da casa arrombada,
tranca na porta
Gerson
Tavares
O
pior pobre é aquele que quer se mostrar rico. E o Brasil está mais ou menos
nessa situação quando “come sardinha em lata e arrota caviar”. Essa expressão
pode até ser chula, mas é verdadeira.
Num
passado não muito distante nós cantávamos juntamente com o Caetano Veloso mais
ou menos assim:
“Quando você for
convidado pra subir no adro da fundação casa de Jorge Amado. Pra ver do alto a
fila de soldados, quase todos pretos dando porrada na nuca de malandros pretos,
de ladrões mulatos e outros quase brancos tratados como pretos.
Só pra mostrar aos
outros quase pretos e são quase todos pretos. E aos quase brancos pobres como
pretos, como é que pretos, pobres e mulatos e quase brancos quase pretos de tão
pobres são tratados e não importa se os olhos do mundo inteiro possam estar por
um momento voltados para o largo onde os escravos eram castigados. E hoje um
batuque, um batuque com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária
em dia de parada e a grandeza épica de um povo em formação nos atrai, nos
deslumbra e estimula. Não importa nada: nem o traço do sobrado, nem a lente do
fantástico, nem o disco de Paul Simon, ninguém, ninguém é cidadão. Se você for à
festa do pelô, e se você não for, Pense no Haiti, reze pelo Haiti. O Haiti é
aqui, o Haiti não é aqui. Pense no Haiti, reze pelo Haiti, o Haiti é aqui, o
Haiti não é aqui”.
E a letra de Caetano
continua mostrando todas as maleitas que por aqui existiam e que crescem hoje
em um crescimento galopante. E nós aqui pensando como seria se o Haiti fosse
mesmo aqui. Mas os haitianos acreditam
que o Haiti é aqui e tentam de qualquer jeito chegar aqui, neste seu novo Haiti.
Como muitos entram
ilegalmente, ao chegar ao Brasil estão sendo deportados de volta ao Caribe e
outros já estão sendo barrados e detidos em países vizinhos, num esforço
regional para frear a entrada dessa população no País. Pressionados pelo
governo brasileiro, países que estão sendo usados como corredores até a
fronteira brasileira aumentaram a deportação e prisão de haitianos. Já chega a
mil, o número de haitianos que foram deportados e detidos nas fronteiras com o
Brasil nos últimos meses.
Mas todos pensam que
Caetano Veloso, quando cantava que “o Haiti é aqui”, ele estava garantindo que
o Brasil havia mudado de nome. Por isso, entidades internacionais e países da
Europa estão apelando para que o País abra suas fronteiras a essa população,
que faminta, está vendo o Brasil como o seu eldorado.
Esta estória parece que
não terá um final feliz para o povo brasileiro, que está lutando para viver em
um País desgovernado que diz não haver inflação, mas quando a população vai ao
supermercado leva um susto. E como alguns brasileiros acreditam que o Brasil
está nadando em dinheiro, também os haitianos tem “certeza” que essa mentira
dita muitas vezes pelo governo seja realmente verdade.
E foi por isso que o
primeiro-ministro do Haiti, Laurent Lamonthe, veio em visita ao Brasil, na
esperança de atrair investimentos para o país mais pobre do Ocidente. Agora é
responsabilidade da diplomacia brasileira convencer aos outros países da região
amazônica e mesmo a República Dominicana, País que divide com o Haiti a Ilha
Hispaniola, a atuar de forma mais dura diante do grande fluxo de haitianos e
dos esquemas montados por máfias para trazer ao Brasil esses “imigrantes”. Eles
forjam documentos e prometem emprego. O Acre, Estado que faz fronteira com
parte desses países, queixa-se de falta de estrutura para receber os haitianos.
Só
agora, depois da casa arrombada, começaram a colocar cadeado na porta e então
começaram a aparecer alguns resultados dessa pressão. Dizem, mas não garanto,
que o Departamento de Imigração da República Dominicana, está abrigando 320
haitianos que foram deportados, não só pelo governo brasileiro, mas por outros
países vizinhos em apenas dois meses.
Todos
no mundo estão muito preocupados com os haitianos, mas ninguém quer abrir as
próprias portas para recebê-los. A Kristalina Georgieva, que é uma espécie de
superministra da Europa para a Cooperação Internacional e Ajuda Humanitária, claro
para defender os Países europeus principalmente, defende que os países
latino-americanos abram suas portas aos imigrantes do Haiti. E na maior cara de
pau ela falou: "Gostaria de pedir aos países da região que recebessem
esses haitianos, inclusive porque parte do salário deles será destinado
justamente para suas famílias em seu país de origem, ajudando na reconstrução
do Haiti".
Então
chegou a hora do Brasil também pedir a ajuda da Organização Internacional de
Migrações (OIM), que revelará neste mês os primeiros resultados de um
levantamento da situação migratória dos haitianos no Brasil.
Dois
pontos estão sendo tratados no estudo: o primeiro é sobre a integração dos
haitianos na sociedade e na economia brasileira. O outro é a rota usada pelos
imigrantes para chegar ao Brasil, além dos riscos e desafios que esses
haitianos encontram no caminho.
Mas
não esqueçam que o perigo também está rondando os brasileiros, pois esses
haitianos que chegam ao Brasil, não tendo o que fazer, irão enveredar pelo
caminho da marginalidade elevando assim o número de bandidos pelas ruas
brasileiras. Depois
os estrangeiros vão dizer que foram assaltados em ruas brasileiras por bandidos
brasileiros.
Já
chegam os políticos brasileiros para nos envergonhar.
Um comentário:
Hoje já se vê muitos haitianos pelas ruas de São Paulo e em grande maioria deles, sem trabalho. Breve vamos ver alguns desses roubando nas ruas. Se não temos trabalho para muitos brasileiros, como podemos receber haitianos? Para fazerem o que?
São Paulo
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