quarta-feira, 12 de junho de 2013

Depois da casa arrombada,

 tranca na porta



Gerson Tavares








O pior pobre é aquele que quer se mostrar rico. E o Brasil está mais ou menos nessa situação quando “come sardinha em lata e arrota caviar”. Essa expressão pode até ser chula, mas é verdadeira.

Num passado não muito distante nós cantávamos juntamente com o Caetano Veloso mais ou menos assim:

“Quando você for convidado pra subir no adro da fundação casa de Jorge Amado. Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos dando porrada na nuca de malandros pretos, de ladrões mulatos e outros quase brancos tratados como pretos.
Só pra mostrar aos outros quase pretos e são quase todos pretos. E aos quase brancos pobres como pretos, como é que pretos, pobres e mulatos e quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados e não importa se os olhos do mundo inteiro possam estar por um momento voltados para o largo onde os escravos eram castigados. E hoje um batuque, um batuque com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária em dia de parada e a grandeza épica de um povo em formação nos atrai, nos deslumbra e estimula. Não importa nada: nem o traço do sobrado, nem a lente do fantástico, nem o disco de Paul Simon, ninguém, ninguém é cidadão. Se você for à festa do pelô, e se você não for, Pense no Haiti, reze pelo Haiti. O Haiti é aqui, o Haiti não é aqui. Pense no Haiti, reze pelo Haiti, o Haiti é aqui, o Haiti não é aqui”.

E a letra de Caetano continua mostrando todas as maleitas que por aqui existiam e que crescem hoje em um crescimento galopante. E nós aqui pensando como seria se o Haiti fosse mesmo aqui.  Mas os haitianos acreditam que o Haiti é aqui e tentam de qualquer jeito chegar aqui, neste seu novo Haiti.

Como muitos entram ilegalmente, ao chegar ao Brasil estão sendo deportados de volta ao Caribe e outros já estão sendo barrados e detidos em países vizinhos, num esforço regional para frear a entrada dessa população no País. Pressionados pelo governo brasileiro, países que estão sendo usados como corredores até a fronteira brasileira aumentaram a deportação e prisão de haitianos. Já chega a mil, o número de haitianos que foram deportados e detidos nas fronteiras com o Brasil nos últimos meses.

Mas todos pensam que Caetano Veloso, quando cantava que “o Haiti é aqui”, ele estava garantindo que o Brasil havia mudado de nome. Por isso, entidades internacionais e países da Europa estão apelando para que o País abra suas fronteiras a essa população, que faminta, está vendo o Brasil como o seu eldorado.

Esta estória parece que não terá um final feliz para o povo brasileiro, que está lutando para viver em um País desgovernado que diz não haver inflação, mas quando a população vai ao supermercado leva um susto. E como alguns brasileiros acreditam que o Brasil está nadando em dinheiro, também os haitianos tem “certeza” que essa mentira dita muitas vezes pelo governo seja realmente verdade.

E foi por isso que o primeiro-ministro do Haiti, Laurent Lamonthe, veio em visita ao Brasil, na esperança de atrair investimentos para o país mais pobre do Ocidente. Agora é responsabilidade da diplomacia brasileira convencer aos outros países da região amazônica e mesmo a República Dominicana, País que divide com o Haiti a Ilha Hispaniola, a atuar de forma mais dura diante do grande fluxo de haitianos e dos esquemas montados por máfias para trazer ao Brasil esses “imigrantes”. Eles forjam documentos e prometem emprego. O Acre, Estado que faz fronteira com parte desses países, queixa-se de falta de estrutura para receber os haitianos.

Só agora, depois da casa arrombada, começaram a colocar cadeado na porta e então começaram a aparecer alguns resultados dessa pressão. Dizem, mas não garanto, que o Departamento de Imigração da República Dominicana, está abrigando 320 haitianos que foram deportados, não só pelo governo brasileiro, mas por outros países vizinhos em apenas dois meses.

Todos no mundo estão muito preocupados com os haitianos, mas ninguém quer abrir as próprias portas para recebê-los. A Kristalina Georgieva, que é uma espécie de superministra da Europa para a Cooperação Internacional e Ajuda Humanitária, claro para defender os Países europeus principalmente, defende que os países latino-americanos abram suas portas aos imigrantes do Haiti. E na maior cara de pau ela falou: "Gostaria de pedir aos países da região que recebessem esses haitianos, inclusive porque parte do salário deles será destinado justamente para suas famílias em seu país de origem, ajudando na reconstrução do Haiti".

Então chegou a hora do Brasil também pedir a ajuda da Organização Internacional de Migrações (OIM), que revelará neste mês os primeiros resultados de um levantamento da situação migratória dos haitianos no Brasil.

Dois pontos estão sendo tratados no estudo: o primeiro é sobre a integração dos haitianos na sociedade e na economia brasileira. O outro é a rota usada pelos imigrantes para chegar ao Brasil, além dos riscos e desafios que esses haitianos encontram no caminho.

Mas não esqueçam que o perigo também está rondando os brasileiros, pois esses haitianos que chegam ao Brasil, não tendo o que fazer, irão enveredar pelo caminho da marginalidade elevando assim o número de bandidos pelas ruas brasileiras. Depois os estrangeiros vão dizer que foram assaltados em ruas brasileiras por bandidos brasileiros.


Já chegam os políticos brasileiros para nos envergonhar.

Um comentário:

Honório Lopes disse...

Hoje já se vê muitos haitianos pelas ruas de São Paulo e em grande maioria deles, sem trabalho. Breve vamos ver alguns desses roubando nas ruas. Se não temos trabalho para muitos brasileiros, como podemos receber haitianos? Para fazerem o que?
São Paulo