quinta-feira, 13 de junho de 2013

Grana só para os amigos


Gerson Tavares
 







Impressionante como as coisas acontecem e o povo não nota e entre essas coisas está a política de indenizações por mortes e torturas cometidas pela ditadura. Ninguém nota que essa “política” exclui os participantes da resistência sem vínculos, no passado e no presente, a partidos e centrais sindicais.

Não que eu pense que seria justo que familiares daqueles tivessem direito a receber grana que o povo é obrigado a entregar para o governo, mas sim, que é injusto que alguns estejam recebendo dinheiro do povo, só porque um dia, estavam fazendo “baderna” e hoje ganham a tão famigerada “Bolsa Ditadura”.

Uma pesquisa da Secretaria de Direitos Humanos mostra que só vítimas ou famílias de mortos que, a partir da redemocratização, migraram de organizações clandestinas para sindicatos ou novas legendas que se dizem esquerda, mas que na verdade não passam de aproveitadoras, conseguiram a reparação do Estado.

Mas a “grita” já começou e então a exclusão da justiça de transição já é motivo de debate no governo e poderá influenciar a política de reparação. E o coordenador do movimento, o ex-preso político e fundador do PT Gilney Viana, do projeto “Direito à Memória e à Verdade”, está mostrando que dos 51 pedidos de indenização de famílias de camponeses assassinados, a “Comissão de Mortos e Desaparecidos” só deferiu 29 que provaram a "militância político-partidária" do parente. Já os 22 pedidos que foram recusados, eram de pessoas sem partidos, o que para essa “Verdade Brasileira” não valem o feijão que comeram.

Só sei que a lista é enorme, pois dá uma soma de 602 camponeses que mortos ou torturados foi listada como "excluída" das indenizações. Mas também, para que aqueles que meteram a mão na “Bolsa Ditadura” levassem vantagem, alguém tinha que ficar de fora.

Daqueles 73 mil pedidos de anistia julgados ou em tramitação, só 5% são da área rural, onde há menos militância partidária. É por isso que o Viana diz: "Quem participou de movimentos políticos organizados ou se lançou na política depois teve mais facilidade de acesso aos benefícios das Leis dos Mortos e Desaparecidos e da Anistia".


Isso prova que nem mesmo aqueles que lutaram juntos, são considerados amigos e é uma realidade desses “filhotes de guerrilheiros”: “Aos amigos tudo, aos não tão amigos, uma banana e podre de preferência”.

Um comentário:

Severiano Fortes disse...

'Fazer o bem sabendo à quem'. Foi assim que eles resolveram montar a quadrilha daqueles que fizeram badernas e depois de perdoados de seus atos de vandalismo e até de bandidagem, resolveram se dar prêmios. Claro que entre eles, se colocou em primeiro lugar o Lula, que só foi preso por ser agitador para resolver problemas dos patrões e nunca por ser guerrilheiro, coisa que ele nem sabia o que vinha a ser.
Mas, mesmo que esse prêmio dado aos cassados fosse coisa digna, os que foram cassados por serem na verdade pessoas de briga contra os vencedores da época, esses, estão aí sem ver a cor do dinheiro. Se você não tiver padrinho, morra pagão.
Recife PE