Grana só para os amigos
Gerson Tavares
Impressionante como as
coisas acontecem e o povo não nota e entre essas coisas está a política de
indenizações por mortes e torturas cometidas pela ditadura. Ninguém nota que
essa “política” exclui os participantes da resistência sem vínculos, no passado
e no presente, a partidos e centrais sindicais.
Não que eu pense que
seria justo que familiares daqueles tivessem direito a receber grana que o povo
é obrigado a entregar para o governo, mas sim, que é injusto que alguns estejam
recebendo dinheiro do povo, só porque um dia, estavam fazendo “baderna” e hoje
ganham a tão famigerada “Bolsa Ditadura”.
Uma pesquisa da
Secretaria de Direitos Humanos mostra que só vítimas ou famílias de mortos que,
a partir da redemocratização, migraram de organizações clandestinas para sindicatos
ou novas legendas que se dizem esquerda, mas que na verdade não passam de
aproveitadoras, conseguiram a reparação do Estado.
Mas a “grita” já
começou e então a exclusão da justiça de transição já é motivo de debate no
governo e poderá influenciar a política de reparação. E o coordenador do movimento,
o ex-preso político e fundador do PT Gilney Viana, do projeto “Direito à
Memória e à Verdade”, está mostrando que dos 51 pedidos de indenização de
famílias de camponeses assassinados, a “Comissão de Mortos e Desaparecidos” só
deferiu 29 que provaram a "militância político-partidária" do
parente. Já os 22 pedidos que foram recusados, eram de pessoas sem partidos, o
que para essa “Verdade Brasileira” não valem o feijão que comeram.
Só sei que a lista é
enorme, pois dá uma soma de 602 camponeses que mortos ou torturados foi listada
como "excluída" das indenizações. Mas também, para que aqueles que meteram
a mão na “Bolsa Ditadura” levassem vantagem, alguém tinha que ficar de fora.
Daqueles 73 mil pedidos
de anistia julgados ou em tramitação, só 5% são da área rural, onde há menos
militância partidária. É por isso que o Viana diz: "Quem participou de
movimentos políticos organizados ou se lançou na política depois teve mais
facilidade de acesso aos benefícios das Leis dos Mortos e Desaparecidos e da
Anistia".
Isso prova que nem
mesmo aqueles que lutaram juntos, são considerados amigos e é uma realidade
desses “filhotes de guerrilheiros”: “Aos amigos tudo, aos não tão amigos, uma
banana e podre de preferência”.
Um comentário:
'Fazer o bem sabendo à quem'. Foi assim que eles resolveram montar a quadrilha daqueles que fizeram badernas e depois de perdoados de seus atos de vandalismo e até de bandidagem, resolveram se dar prêmios. Claro que entre eles, se colocou em primeiro lugar o Lula, que só foi preso por ser agitador para resolver problemas dos patrões e nunca por ser guerrilheiro, coisa que ele nem sabia o que vinha a ser.
Mas, mesmo que esse prêmio dado aos cassados fosse coisa digna, os que foram cassados por serem na verdade pessoas de briga contra os vencedores da época, esses, estão aí sem ver a cor do dinheiro. Se você não tiver padrinho, morra pagão.
Recife PE
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