quinta-feira, 10 de janeiro de 2013


Vergonha Nacional

                                                                                                                     Gerson Tavares







Tudo poderia ter acabado ainda no primeiro semestre de 2012, mas a descoberta do envolvimento da "mulher de Lula e Dilma em São Paulo", aquela que foi a chefe de gabinete da Presidência da República na cidade capital do mais forte estado da Federação, a Rosemary Noronha, e daquele que até então era advogado-geral adjunto da União, José Weber Holanda, com um grupo acusado de comercializar pareceres técnicos de órgãos públicos para beneficiar empresas privadas, fez com que a Polícia Federal adiasse por mais quase oito meses a deflagração da Operação Porto Seguro.

Quando os investigadores estavam prestes a fazer buscas nas casas e escritórios de quatro suspeitos que até março do ano passado eram os indicados para "dançarem", ficou resolvido que ainda não era hora de atacar. Tudo porque depois que mais algumas escutas telefônicas descobriram a participação de autoridades no esquema.

E assim, só em novembro, exatamente no dia 23, a operação foi deflagrada de fato com buscas em 44 endereços. De 4, passaram a ser 24 pessoas denunciadas por envolvimento no esquema.

Quando da expedição dos primeiros mandados de busca, a Polícia Federal só havia recolhido provas sobre uma oferta de propina do então diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), Paulo Vieira, um dos “irmãos metralha”, para o ex-auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Cyonil Borges. O ex-auditor deveria redigir um parecer técnico favorável a um projeto da empresa Tecondi, empresa ligada a Vieira, em troca do pagamento de R$ 300 mil,

Os investigadores obtiveram da Justiça Federal em 16 de março um autorização de quebra do sigilo telefônico e mandados de busca nos endereços residenciais e comerciais de Vieira, de seus dois irmãos e do vice-presidente da Tecondi, Carlos Cesar Floriano.

Segundo relatórios da operação, a investigação quase foi encerrada naquele momento, antes que os policiais descobrissem que a quadrilha também comercializou pareceres para beneficiar outras empresas. Com aquela autorização, os policiais teriam até 60 dias para entrar nas casas e escritórios. Tudo para colher provas relacionadas ao suposto crime. Mas por sorte ou por muita perspicácia, nas semanas seguintes telefonemas e e-mails interceptados pela PF revelaram que o esquema tinha uma dimensão maior do que um ato isolado de corrupção e envolvia autoridades de diversos órgãos federais. E foi aí que os investigadores perceberam que seria necessário adiar a operação para monitorar os novos suspeitos e conseguir mais detalhes sobre o esquema.

Mais problemas deveriam ser resolvidos antes de qualquer ação e os policiais sabiam que se entrassem nas casas e escritórios do grupo, os suspeitos tomariam conhecimento sobre a investigação e, claro, imediatamente colocariam um ponto final ao funcionamento da quadrilha, fato que impediria a obtenção de novas provas.

Então o adiamento passou a ser fundamental para que a PF descobrisse a extensão das atividades da quadrilha. Ainda em abril e maio, os investigadores se assustaram  com trocas de mensagens eletrônicas entre Paulo Vieira e Rosemary, que ainda era a toda poderosa chefe de gabinete da Presidência em São Paulo.

Aqueles e-mails mostravam os primeiros sinais de uma rotina de troca de favores mantida pela dupla, que seria revelada nos meses seguintes. Todos já conhecem esses fatos, de quando Rosemary providenciava reuniões com autoridades e indicações para cargos públicos em troca de presentes, como passagens para um cruzeiro.

E os policiais da operação não paravam de fazer descobertas e aproveitando o tempo extra, descobriram o envolvimento no esquema de Weber Holanda, aquele safardana que era o advogado-adjunto da Advocacia-Geral da União (AGU). Só em maio e que muitas vezes um atraso trás bons resultados, pois o nome "Weber" só foi citado no mês de maio pela primeira vez em um telefonema interceptado pela polícia.

Daí, de "cascata em cascata", foi-se formando a “cachoeira” de informações, pois nos meses seguintes, a PF descobriu que Weber teria articulado, dentro da AGU, a emissão de pareceres técnicos que beneficiaram empreendimentos portuários de empresas ligadas ao ex-senador Gilberto Miranda, denunciado por corrupção ativa.

E foi neste momento que com a ampliação das investigações, os policiais também decidiram pedir a interceptação das contas de e-mail dos novos suspeitos, como Rosemary e Weber.

E graças ao adiamento a PF conseguiu rastrear contas bancárias que receberam o dinheiro obtido pelo esquema.

Isso tudo acontecendo com o conhecimento e envolvimento do Gabinete da Presidência e Lula e Dilma de nada sabiam.

Agora me digam: São ou não são dois irresponsáveis?

2 comentários:

Pedro Valadares disse...

Quando o chefe da casa não tem moral, como exigir que os outros membros da casa sejam corretos? Lula sempre soube de tudo que acontecia e a Dilma, até por ser a segunda pessoa do governo Lula, também tinha conhecimento de tudo. Mas como é fácil dizer que não sabia de nada, assim eles levaram vantagens e agora fingem estar por fora de tudo.
E tem gente que acredita.
Santo André - SP

Luiz Sérgio Venâncio disse...

A Rosemary Noronha até poderia trocar o sebreno,me por 'Vergonha'. Mas não venham dizer que os presidentes que mantiveram essa '171' no gabinete não são tão culpados quanto ela.
São todos safados e n~]ao d´=a para tirar um desses 10 anos de governo.
Morumbi - São Paulo