O
uso do cachimbo faz a boca torta.
Gerson
Tavares
A impunidade está sendo levada a sério no
Brasil. Começando pela política, que em todas as esferas tanto na Executiva,
como no Legislativo e até mesmo no Judiciário, o caminho está sendo traçado por todos aqueles que têm seus cargos públicos. Uma grande maioria daqueles que
estão ocupando cargos públicos, está formada por gente que faz questão de não
ser honesta.
Há
poucos dias tivemos um caso no Rio de Janeiro que diz bem o que vem a ser essa
“barbárie” profissional. Estou falando do caso do neurocirurgião Adão Orlando
Crespo, que por não comparecer ao plantão no Hospital Municipal Salgado Filho,
deixou que a menina Adrielly perdesse a vida por falta de uma cirurgia.
Adão
deu várias versões para justificar sua falta, inclusive falando que avisou ao
seu superior que não iria dar aquele plantão, mas a verdade está muito longe de
qualquer versão que tanto Adão como qualquer outro médico da unidade possa dar.
A Delegacia Fazendária passou a fazer investigações sobre a falta de
atendimento que resultou na morte da menina Adrielly e elas comprovaram que,
Adão há pelo menos cinco anos não trabalhava no hospital. Esta informação está
confirmada pela polícia e não tem como negar seus crimes.
E
esses absurdos só vêm à tona quando acontece alguma morte e mesmo assim se a
família colocar a “boca no trombone”. No caso de Adão, as faltas vieram à tona
depois que ele não compareceu ao plantão na unidade na noite do dia 24 de
dezembro, quando a menina Adrielly dos Santos, de 10 anos, baleada na cabeça,
teve de esperar oito horas por uma cirurgia. A criança morreu no dia 4 de
janeiro, no Hospital Municipal Souza Aguiar, para onde havia sido transferida. Mas
pelo que consta, muitos outros médicos estão no mesmo esquema de roubar o
município, o estado e a federação.
E nesse crime que resultou na morte de Adrielly, segundo a titular da Delegacia
Fazendária, delegada Izabela Santoni, Adão tem cúmplice, já que outro médico do
Hospital Salgado Filho trabalhava nos plantões no lugar de Adão Crespo. Isso
acontece há mais de cinco anos. Este cúmplice usava a matrícula do Adão e
tirava os plantões por ele.
Mas Adão é um grande “cara de pau” e nega que faltasse ao plantão há cinco anos,
mas confirmou que usava um substituto. Diz ele que essa é prática comum entre
os médicos do Hospital Salgado Filho há cerca de dois anos. Com essa
afirmativa, Adão está querendo dizer que há dois anos ele roubava o município.
Claro
que esse crime de “roubo” está mais ou menos autorizado e a Secretaria Municipal
de Saúde agora tem que se virar para provar que as autoridades não sabiam de
nada. Segundo a Secretaria, um processo administrativo disciplinar já está
instaurado vai apurar todos os aspectos do caso para definir as
responsabilidades e aplicar aos eventuais responsáveis às sanções previstas.
Como
depois da casa arrombada a ordem é colocar a tranca nas portas e janelas, a Secretaria
já afastou preventivamente dos cargos de chefia dois funcionários que
trabalhavam na noite do dia 24 de dezembro no Hospital Salgado Filho. O chefe
do plantão, Ênio Lopes, e o chefe do setor de recursos humanos, Alexandre
Moreira de Carvalho, vão ter que dar explicações. Mas será que não é hora da
Secretaria, que está correndo atrás para ver quem são os culpados pelo crime de
morte da Adrielly, e incluir no mesmo processo quem pode ser enquadrado
pelo crime de roubo.
Disse
Izabela Santoni, que a polícia já solicitou ao hospital os prontuários do
neurocirurgião Adão Orlando Crespo, mas está encontrando dificuldade para
receber o documento. Mas a delegada é mais esperta e já tem até a resposta que
o hospital não quer dar: "Não deve ter prontuário dele porque ele não
trabalhava. De qualquer forma, nós pedimos todos os prontuários do plantão”. É
mais ou menos assim que a “banda toca”.
Bem,
mas para iniciar a coisa o Adão Orlando Crespo foi indiciado por estelionato,
já que recebia salário sem trabalhar. Como o neurocirurgião já havia sido
indiciado por omissão de socorro no inquérito da 23ª DP, ele já começa entrando
em dois artigos.
Só
que o Adão afirma que as suas faltas eram de pleno conhecimento do chefe de
serviço, José Renato Ludolf Paixão, e de conhecimento também dos chefes de
equipe. E é neste momento que Adão Crespo fala que não havia problema algum as
suas faltas. Com a conivência dos “chefes”, os plantões eram lançados em sua
folha de ponto, tudo numa “prática normal de irresponsabilidade”.
Resta
saber se esse será mais um escândalo que irá ficar arquivado. resta saber se o Adão irá ou não continuar
recebendo sem trabalhar.
Este
é o Brasil, mas o Brasil que eu não gosto.
Um comentário:
Quando não existe quem dê bom exemplo, o que cobrar dos subalternos?
Não existe comando, nau desgovernada.
Brasil desgovernado, povo desgraçado.
Madureira - Rio de Janeiro
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