Todos
juntos e misturados
Gerson
Tavares
Babel
já era prenúncio que um dia o mundo iria tomar conhecimento da política
brasileira. Só pensando assim para entender tudo que acontece em todos os
partidos e em todos os seguimentos, quando a gente fica sabendo que funcionários
da Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo estão
recolhendo assinaturas no horário de expediente para fundar o Partido Solidariedade,
um nova legenda articulada nos bastidores pelo dublê de deputado federal e
líder sindical, Paulo Pereira da Silva, o “famigerado” Paulinho da Força
Sindical.
Paulinho
é deputado do PDT e é ele que controla aquela pasta no governo Geraldo Alckmin,
que é do PSDB. Foi o Paulinho que indicou para o posto de secretário o
sindicalista Carlos Ortiz, o mesmo Ortiz que tratou de nomear filiados do PDT
para cargos estratégicos, como chefia de gabinete, coordenadorias de programas
e diretorias regionais. Só faltou colocar tabuleta na porta para avisar que
“aquele setor é deles e ninguém tasca”.
Duas
semanas atrás começaram a circular denúncias que servidores estariam sendo
abordados pelos filiados do PDT na pasta, dentro das dependências da secretaria,
para assinarem as fichas de apoio à criação do novo partido. Sem o menor
respeito pelo local, o material foi distribuído pelas mesas da pasta.
Como
todos sabem, para ser criado o Partido Solidariedade, eles precisam de 491 mil
assinaturas de eleitores em pelo menos nove Estados. Essas assinaturas vão para
os Tribunais Regionais Eleitorais, analisadas pelo Ministério Público e
enviadas ao Tribunal Superior Eleitoral, que concede o registro. Mas a corrida
já começou porque só se o partido for criado até outubro deste ano, ele estará
apto para disputar a eleição de 2014.
Uma
funcionária que recebe do “Cofre Estadual” é quem está fornecendo as fichas e
ela já forneceu cerca de trezentas fichas de “apoiamento” ao novo partido. Mas
ela é só mais uma pessoa que a população está pagando para esse trabalho.
Como as fichas foram encaminhadas à Coordenadoria de Políticas de Inserção no
Mercado de Trabalho, cujo coordenador é Luciano Martins Lourenço, filiado ao
PDT, é ele quem “escala o time” que deve dar respaldo ao Paulinho. No
local, uma sala no 2.º andar da secretaria, as fichas estavam guardadas num
armário. Os servidores pegaram as fichas, recolheram assinaturas de amigos ou
familiares e as preenchem com todos os dados necessários, mas nunca esquecendo do
título de eleitor.
Mas
além de Lourenço, outros dois filiados do PDT recolhem assinaturas: Helder
Liberato Bovo, que foi nomeado em 2012, assistente técnico do órgão e que
trabalha com Lourenço na coordenadoria, e Tadeu Morais de Souza, que é o atual
chefe de gabinete do secretário, formam o time que joga junto.
Claro
que o uso da máquina pública para fins partidários pode configurar improbidade
administrativa. Mas isso já era esperado já que ainda no ano passado o jornal
“O Estado de São Paulo” revelou o loteamento de cargos na secretaria. Entre os
agraciados estava o filho de Paulinho, Alexandre Pereira da Silva. Ele
trabalhava no local e exercia uma função para a qual nem sequer havia sido
nomeado oficialmente. Alckmin determinou que a Corregedoria-Geral da
Administração abrisse um procedimento para investigar o caso. Questionado sobre
a evolução da investigação, o Palácio dos Bandeirantes informou que o órgão
enviou o pedido de apuração do caso para a Secretaria de Emprego. Claro que se
depender da secretaria, não haverá conclusão oficial nunca.
Tudo
isso acontece porque Paulinho está aborrecido com a direção do PDT e assim
sendo ele resolveu criar a “patota” ao articular o Solidariedade. Mas até para
isso ele quer o melhor e como existe um advogado em São Paulo, o Marcílio
Duarte Lima, que é especialista em criar novas legendas, não pensou duas vezes
e chamou o especialista.
Os
envolvidos nessa baderna já teriam recolhido 300 mil assinaturas. Dizem contar
ainda com o comprometimento de cerca de 40 deputados, muitos do PSD, fundado
pelo ex-prefeito Gilberto Kassab. E como o Paulinho tem “A Força”, nesta corrida
pelas assinaturas para fundar o Solidariedade acontece àquela ajuda de
sindicatos ligados à Força.
Mas
o mais hilário dessa bagunça, além, claro, do uso da maquina do Estado, é a
declaração de Cícero Martinha, que também é do PDT, que preside o Sindicato dos
Metalúrgicos de Santo André e Mauá: “Estamos coletando as assinaturas para dar
uma ajuda para o pessoal. Se vou entrar ou não, não sei. É uma questão futura”.
E
viva o Brasil da Babel!
Um comentário:
Essa mixórdia que se tornou a política depois que o PT tomou conta do governo é hoje a grande dúvida para quem quer ordem no Brasil.
Quem manda no governo? A presidente ou os partidos? Se são os partidos, o Brasil está nas mãos do PT ou dos partidos aliados? Sabemos que todos os partidos que estão aí, 'governando' têm comandantes corruptos, mas será que não dá para o povo acordar?
Pobre Brasil. Não tem povo e está entregue a uma quadrilha.
São Paulo
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