UNE tem sua verdade

Gerson Tavares

Estamos vivendo o “momento das verdades” e assim sendo cada entidade, cada órgão, cada seguimento e assim por diante, cada pessoa tem a sua “verdade verdadeira”. E claro, a União Nacional dos Estudantes também tem a sua verdade e resolveu colocar em segundo plano a “Comissão Verdade” da Dilma. O lançamento aconteceu na semana passada, durante a abertura do Conselho Nacional de Entidades de Base, na Universidade Federal de Pernambuco, na linda Recife.

Como sempre um único objetivo existe e este é ajudar a investigar e esclarecer casos de jovens que foram perseguidos pela ditadura entre 1964 e 1985. Entre eles encontram-se 46 presidentes da entidade.                  

O atual coordenador da Comissão Nacional da Verdade, procurador da República Cláudio Fonteles, se fez presente como convidado de honra. O ex-ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, que também foi convidado será o assessor da comissão dos estudantes.

Existe um “sabor de sangue” nessa comissão e a UNE tem chamado muito a atenção para o caso de Honestino Monteiro Guimarães, estudante de geologia que presidiu a entidade após a repressão ao seu 30.º Congresso, em Ibiúna, interior de São Paulo, no ano de 1968. Ele foi preso duas vezes e se viu obrigado a viver na clandestinidade. Em 1973 ele foi preso no Rio de Janeiro por agentes do Centro de Informações da Marinha (Cenimar) e nunca mais foi localizado. Seu nome consta nas listas oficiais de mortos e desaparecidos daquele período.

Em 1979, em congresso de reconstrução da UNE, realizado em Salvador, os estudantes exibiram um painel com o rosto do ex-presidente e deixaram uma cadeira vazia em sua homenagem.

Tudo bem que esses casos precisam ser olhados com carinho porque não é possível o desaparecimento pessoas assim, sem mais nem menos, mas quanto a UNE lança a sua própria “Comissão da Verdade”, aí já é coisa demais para o meu gosto.

Senão vejamos: O governo federal resolveu pagar a UNE R$ 44,6 milhões para a reconstrução do prédio da entidade do bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, que foi incendiado pelo governo militar.

Lula resolveu que esse dinheiro deveria ser pago em parcelas e até quando receberam a última parcela, os “estudantes” nada tinham feito e também não haviam prestado contas daquela “dinheirama” toda. Aliás, até hoje, a entidade estudantil não prestou contas dos valores recebidos.

O máximo que foi mostrado foi um projeto e Lula lançando a pedra fundamental. Depois disso, “SILÊNCIO TOTAL!”.

Acho que, se o dinheiro é público, é obrigação da entidade estudantil, mostrar onde está aplicando os recursos.

Aliás, será que ainda existe esse dinheiro? A "Comissão Verdade" pode começar suas investigações por aí. COM QUEM ESTÁ ESSE DINHEIRO?