Chega
de hipocrisia
Gerson
Tavares
Não
poderia deixar passar uma semana de minha volta do descanso sem uma
espinafração. Não poderia deixar para depois um assunto tão importante como
esse, onde meia dúzia de safardanas, que entra ano e sai ano, e continua metendo a mão no dinheiro do povo e o povo que se dane.
E
é mais ou menos assim que vejo o que vem acontecendo com a Saúde, que nos últimos tempos e
já não necessariamente em determinada região do país, mas em todo o território
brasileiro, está levando a população para a morte. Assim sendo, resolvi que
chegou a hora de ver, ler e ouvir os dois lados, aquele que está sendo atingido
literalmente em sua vida que é o povão, mas sem deixar de dar voz àqueles que
estão do outro lado, vestidos em seus jalecos, mas que também se dizem
desrespeitados pelas autoridades, esses sim, que têm a obrigação de dar condições de
trabalho aos profissionais de Saúde.
Para
que tudo isso possa ser bem entendido, resolvi começar pelo “Juramento de
Hipócrates”, que é o juramento feito pelos médicos no dia se suas formaturas.
Este juramento, que foi atualizado em 1948 pela Declaração de Genebra, é o que
vem sendo utilizado em vários países por se mostrar social e cientificamente mais
próxima da atual realidade. Mas será?
O
juramento de Hipócrates é uma declaração solene tradicionalmente feita por
médicos por ocasião de sua formatura. Acredita-se que o texto, escrito no
idioma Grego, é de autoria de Hipócrates Cós, no período entre 460 e 370 A.C..
Mas como sempre acontece, considerado o pai da medicina ocidental após a sua
morte. E como sempre também acontece, outros
ainda dizem que esse juramento poderia ter sido escrito por um de seus
discípulos. Questão de ciúmes, dizem alguns.
Mas vamos ver o que diz
esse juramento: “Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e Panaceia,
e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder
e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais,
aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele
partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes
esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem
compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o
resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos
segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei os regimes
para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano
ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um
conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância
abortiva.
Conservarei imaculada
minha vida e minha arte. Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso
confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
Em toda a casa, aí
entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e
de toda a sedução, sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com
os homens livres ou escravizados.
Àquilo que no exercício
ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou
ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.
Se eu cumprir este
juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha
profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir,
o contrário aconteça”.
Hipócrates
Agora
vamos ver o que dizem os senhores médicos em seus juramentos e o que existe de
real em sua prática da profissão:
“Estimar,
tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte”. Por tudo que está
acontecendo pelos hospitais públicos, muitos desses médicos não têm a menos
estima pelos próprios pais. Ou será que são as autoridades que não dá condição ao trabalho do profissional?
“Fazer
vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens”. Essa é uma das
mais sérias divergências de pensamentos. Hipócrates nunca pensou que a vida
poderia ser tão madrasta, mas também nunca imaginou que seus colegas seriam tão
‘hipócritas’. e aqui mais uma dúvida: Será que esse profissional teria bens para partilhar ou foram as autoridades que abiscoitaram todas elas?
“Aplicarei os regimes
para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano
ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho
que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância
abortiva”. Pelo que entendi Hipócrates não imaginava que um dia, ‘seus colegas’
iriam pensar mais em suas vidas que mesmo na saúde de um paciente. Que alguns
de ‘seus colegas’ poderiam trocar um medicamento para que alguns pacientes
passassem a figurar como mais um óbito para que o ‘papa-defunto’ complete a sua
cota diária. Que ‘seus colegas’ poderiam
um dia, transformar o aborto em uma prática natural, como se isso fosse simplesmente
mais uma especialidade da medicina.
Enfim, vamos ao
parágrafo final: “Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado
gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os
homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça”.
Por tudo que vem
acontecendo nos últimos anos, este parágrafo já poderia ter sido abolido a
muito tempo de “Juramento de Hipócritas”. Mas quem será mais culpado nesse caso. O médico que não está nem aí para os pacientes ou as autoridades que não fiscalizam e nem cobram um atendimento de respeito a população?
Amanhã vamos continuar
a falar sobre os ‘colegas de Hipócrates’.
Até amanhã, se não precisar ser internado em um hospital público, claro.
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