O tiro saiu pela culatra

Gerson Tavares

Neguinho incentiva, dá a maior força e coloca gente para orientar a “turba”, mas lá vem um dia que “o cão morde o próprio rabo”. E é mais ou menos assim que está acontecendo em São Paulo quando começaram a desconhecer o “criador” e já estão invadindo sua propriedade.

Foi mais ou menos o que aconteceu na semana passada quando cerca de 50 pessoas que vivem no assentamento Milton Santos, na cidade de Americana, interior do estado, e estão ameaçadas de despejo. Eles resolveram invadir o Instituto Lula, lá no Ipiranga, Zona Sul de São Paulo. Não houve confrontos, mas a Polícia Militar teve que se deslocar para o local, claro que, deixando outras áreas sem policiamento. Os “sem tudo” ocuparam o jardim e uma área interna do prédio de dois andares, mas não chegaram a invadir as salas.

Faixas e camisetas foram colocadas no muro. Não vou me assustar se tudo não foi orquestrado pelo próprio Lula, já que os representantes do assentamento querem que o ex-presidente Luiz Inácio interceda por eles junto à presidente Dilma Rousseff, para que ela assine um decreto de desapropriação por interesse social e evite a desocupação.

Uma semana antes, um grupo maior, com cerca de 300 pessoas, ocupou o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no centro de São Paulo e nada conseguiu e agora pouco mais de 100 pessoas permanecem “residindo” no local. Pelo que consta, é uma parte daquele grupo que foi para o Instituto Lula.

Essas invasões vêm ocorrendo porque as famílias do assentamento vão receber a ordem de reintegração de posse do terreno, que pertence a uma família da região. E como alguém tem que fazer alguma coisa, por que não o Lula, que claro, em acordo com Dilma poderá conseguir desde já uma grande ajuda para 2014.

Tudo isso eu penso quando vejo que desde junho do ano passado, as famílias sofrem a ameaça de despejo, já receberam a notificação judicial para que desocupem a área, mas só agora, depois que a eleição de 2012 passou, e a próxima que será para presidente, deputados e senadores irão acontecer em 2014, aí sim, é hora de fazer política e nada melhor que usar “sem terra”, “sem teto”, “sem vergonha”.

Mas como todos são amigos, dois dias depois da invasão, todos deixaram a “casa do Lula”.

Breve um novo capítulo da novela "Os sem terra e o seu mentor".