La Vecchia Signora

Gerson Tavares

No sábado passado eu assisti a um belo jogo de futebol entre duas equipes italianas e neste mesmo dia acontecia em Sergipe, em sua capital, Aracajú, o último show da Rita Lee. E foi aí que me lembrei da “Vecchia Signora”.

Tudo porque um dos apelidos da Juventus, uma das equipes que tinha dado o espetáculo no campeonato italiano, é “La Vecchia Signora”, que no bom português vem a ser “A Velha Senhora”. Foi então que resolvi falar dessa velha senhora que não entendeu que já tem uma certa idade e deveria se portar como a idosa que é.

Pois não é que a aquela ânsia que diz que subiu ao palco pela última vez naquele sábado, mas que pelo que deu para notar, já deveria ter feito isso há mais tempo, teve um destempero em cena, quando a polícia, fazendo o seu papel, começou a revistar alguns espectadores que estavam na platéia.

Afinal, era voz corrente na cidade que ali estavam reunidos, jovens para “curtir um barato”, o que quer dizer, como a própria Rita falou, “fumar um baseado”.

Foi aí que aquela velha senhora parou o show e xingando os policiais, em total destempero, começou o seu discurso, onde mostrou seu desrespeito pelas leis ou então que está totalmente senil.

"Eu tenho direito de falar, esse show é meu, esse show é minha despedida do palco. Não tem que agredir seus cachorros... coitado dos cachorros..., cafajestes. Vocês estão fazendo de propósito. Eu sou do tempo da ditadura. Vocês pensam que eu tenho medo, porra? Eu sou mulher, tive três filhos, tenho marido. 67 anos. O que vocês vão fazer? É isso que vocês querem? Chamar atenção? É horrível... Eu tenho paranóia desse tipo de coisa. Por quê? Eu queria saber. Cadê por escrito que vocês têm que fazer isso? Cavalaria aqui não. Não vou esperar, esse show é meu. As pessoas estão esperando eu cantar, não vocês. Seus ‘filhos da puta’, agora vem me prender. Por causa de um baseadinho, é isso? Cadê o baseadinho para eu fumar aqui agora?"

Pois eu que nunca fui fã de Rita Lee, sempre respeitei a artista. Pelo conjunto de sua obra não me ligeui em sua carreira, mas a artista merecia respeito. Ela nunca fez o meu gênero, mas aceitava a artista, mas agora, depois desse “espetáculo de baixaria” não posso deixar de falar o que acho dessa turma de viciados que querem ser respeitados, mas não sabem respeitar, nem as leis e nem os cidadãos. Aliás, quem não respeita a lei, não merece o menor respeito. E quanto a ela falar “esse show é meu”, garantop que ela não precisava falar, pois ninguém mais gostaria de ser apontado como o dono daquela loucura toda.

Ela falar que é do tempo da ditadura não engrandece em nada sua atitude e sim, mostra que os militares foram obrigados a ficar no governo porque a libertinagem vinha imperando naquele período. E pelo que se viu sábado, só quer voltar a imperar porque hoje já não existe um governo sério, de pulso, e então pessoas como a 'dona' Rita Lee cospem na Constituição. E quando digo “cospem” é porque não posso dizer o que essas pessoas com esta “vecchia signora” estão fazendo com as leis brasileiras.

Ela faz um discurso desses porque a polícia está cumprindo o seu dever de tentar fazer com que jovens não enveredem pelo submundo ao qual ela trilha e sempre trilhou, mas é incapaz de falar que os políticos roubam o povo, que os políticos matam o povo. Mas também, os políticos que hoje mandam nesse país, são da mesma linha de conduta que ela.

E fico muito a cavaleiro para falar dos políticos quando vejo que a ex-senadora Heloisa Helena, que assistiu a todo aquele “escândalo”, teve a coragem de testemunhar em favor de Rita Lee. Eu que ainda acreditava um pouco em Heloisa Helena, hoje não quero mais ouvir falar de suas tramas.

Agora quero ver o que vai falar a Dilma, se vai tomar alguma atitude, já que o seu governador, o Marcelo Déda, que é do PT, reclamou da postura da "vecchia signora" e classificou como antiprofissional e ainda exaltou o trabalho da PM.

Por tanto, “com a palavra a Dilma Rousseff”.