quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Aborto da natureza




Gerson Tavares


As pessoas esquecem muito cedo daquilo que fazem e falam, mas outros guardam tudo para num futuro mostrarem quem é aquele fulano. Quando as pessoas assumem suas atitudes são até dignas de respeito, mas uma grande maioria não age bem assim e aí o “caldo entorna”.

E é nesta situação que está à ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, que ao assumir o cargo disse que é a favor do aborto, mas como governo ela vai seguir as ordens da presidente.

Mas no caso dela, esse negócio de seguir ordens" fica um pouco fora de nexo essa posição já que ela revelou, oito anos atrás, em depoimento a uma pesquisadora de ciências sociais, que "fez um curso de aborto na Colômbia após fundar, em 1995, a entidade Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde”.

Na segunda-feira, à noite, Eleonora sentiu que não dava para conciliar suas posições e então resolveu divulgar nota em que afirmava que "nunca esteve na Colômbia".

Mas está tudo lá, na entrevista que foi feita em 2004, onde Eleonora conta ainda que por decisão tomada em conjunto com a organização clandestina na qual militava, o 'Partido Operário Comunista', que era um dos grupos de esquerda que participaram da luta armada durante a ditadura militar, se submeteu a seu segundo aborto, em 1970.

Joana Maria Pedro, da Universidade Federal de Santa Catarina, que fez a entrevista, confirmou ter conversado com Eleonora e outras 150 mulheres do Cone Sul, quando fazia uma pesquisa acadêmica sobre o engajamento de feministas na luta contra ditaduras militares.

Joana explicou que a atual ministra solicitou que a publicação fosse retirada do ar em 2011 para evitar a exposição de sua filha, que é citada no diálogo. A Eleonora desmente essa “realidade” e diz agora que pediu que o texto fosse retirado do ar em 2010 por conter "imprecisões".

Joana é muito franca em sua explanação e diz: "Isso é história, é uma pesquisa acadêmica. As pessoas podem ter feito e vivido coisas que não fazem mais".

A entrevista foi trazida a público na segunda-feira pelo jornalista Reinaldo Azevedo, da revista Veja, e deverá agitar a bancada evangélica no Congresso, que no mínimo deverá pedir a demissão da ministra.

Se os religiosos já vinham atacando Eleonora nos últimos dias por causa de sua posição a favor da descriminalização da prática do aborto, imagina agora que ela é, como diria o prefeito Odorico Paraguaçu, uma “abortista juramentada”.

2 comentários:

João Gualberto disse...

Só que agora, depois que lembraram que este é ano de eleições, o disrcurso está mudando. Assim como o Gilberto Carvalho já está pedindo perdão, logo a Eleonora vai também cair de joelhos diante dos evangélicos para pedir voto para sua patota de 'guerrilheiros derrotados'.
Terezina

Carlos Humberto disse...

E não é que a Eleonora já entra no governo dizendo que não falou?
Mas como esse pessoal revanchista tem mesmo a memória curta, vamos dar um desconto a essa 'guerrilheira de meia tigela'.
São Paulo