quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012


Senado, uma casa mal assombrada
Gerson Tavares

Ontem fiz a promessa e como não sou político vou cumprir o que falei, por isso hoje dou o nome e o milagre do santo senador. Todo mundo sabe que o Congresso tem muitos fantasmas, mas como eles são “fantasminhas camaradas”, esses "camaradas do além" nem passam pelas portas dos gabinetes para não assustarem aos que lá trabalham.

Mas tem um senador que abusa do direito de ter fantasma em sua assessoria. Estou falando do senador Cícero Lucena, que pertence ao quadro do PSDB, lá da Paraíba e que é o primeiro-secretário do Senado. E não é que esse “safardana” emprega desde o mês de junho de 2011 uma funcionária que nunca apareceu para trabalhar, mas isso desde quando foi nomeada e tem gente que diz que até para tomar posse ela mandou um representante.

Esse “fantasma” responde pelo nome de Jacquelyne de Lucena Aguiar é filha do segundo suplente de Cícero Lucena no Senado, João Rafael de Aguiar. Ela é uma empresária e sócia de uma rádio em Guarabira, cidade do interior da Paraíba. Ela foi nomeada em 22 de junho de 2011 e ganha uma “merreca” de R$ 2.042 mensais, pouco dinheiro, mas muita sacanagem. Mas também o que me “grilou” foi que, ao casar em 25 do mesmo mês da nomeação, ela recebeu o sobrenome Lucena. Será simples coincidência?

Mas depois que o fato veio à baila, a assessoria do senador disse que realmente ela nunca vai ao trabalho, mas que eles agora vão procurar saber o que acontece de verdade nessa situação. Disseram que até poderá ser aberto um processo interno para ver se é o caso de demissão. Mas neste caso também já há quem diga que essa investigação é para saber como se faz esse negócio, já que tem mais gente querendo entrar nessa.

Mas como nem só de Jacquelyne vive o Lucena, ele tem também um fantasma que o defende de qualquer problema jurídico. Ele é o advogado Walter Agra Junior, que também nunca foi ao gabinete do senador para trabalhar como assistente parlamentar (AP-2), cargo que ocupa desde março de 2007. Quem precisa falar com o Walter Agra pode se dirigir ao escritório da “Solon Benevides & Walter Agra”, do qual ele é um dos sócios.

Mas para ficar em seu escritório o Walter recebe dos cofres do Senado, nada mais nada menos que R$ 8,1 mil.

Agra é amigo de longas datas do Cícero Lucena. Quando Cícero foi prefeito de João Pessoa, ele foi procurador-geral do município, de 2002 até 2004. Dali ele saiu para comandar a campanha do Lucena para o Senado, na eleição de 2006.

Eleito, Cícero imediatamente deu o lugar ao "amigo do peito", já que ele gosta de mamar nas "tetas da República" e ainda com a vantagem que assim o Cícero tem um advogado pago pelo povo. São mais de 10 anos que Agra trabalha para Cícero Lucena e o povo sempre comparecendo com o dinheiro. Isso realmente é uma vergonha.
     
Mas como ainda estamos em ritmo de carnaval, aqui fica o meu até amanhã, quando voltarei com mais notícias de arrombar o cofre. 

4 comentários:

Osvaldo Nanes disse...

Mas você não queira saber o que tem de 'fantasma' nesse Congresso.
Mas como mão privilégio do Senado e da Câmara, tem 'fantasma' no Palácio do Planalto, na Justiça e em todo lugar que sirva para alguém se pendurar para ganhar dinheiro.
Antigamente penduravam o paletó e iam embora, mas agora não passam nem na porta.
Só tem safado.
Brasília

Maria de Lourdes Campos disse...

Fantasma é coisa que já nem assuatada mais nessa nossa política sem ética que estamos vivendo nos dias de hoje.
Vamos ver se com a Lei do Ficha Limpa vamos ter melhores dias. Também, é agora o nunca porque o país já não aguenta mais tantos ladrões reunidos.
Brasília

Bernardo Campos disse...

Não só o Senado, mas todas as casas dos Três Poderes são assombradas. Pelo menos deveriam ser, porque o tem de 'funcionário fantasma' é uma grandiosidade.
Pelos cálculos de um analista político, para cada funcionário que trabalha existem quatro que nunca marcaram nem o ponto.
Dá para aguentar esse governo?
Brasília

Antonio Carlos das Neves disse...

Não é só o Senado que é mal assombrado, pois em qualquer área de governo e em qualquer esfera, o que mais tem é funcionário fantasma.
Mas isso já é uma norma dos políticos brasileiros.
Belo Horizonte