Ainda os perigos que rondam o Rio

Gerson Tavares

Um dia explode um bueiro e no outro também. A culpa é da Light ou da CEG? Ninguém sabe, mas também ninguém está muito a fim de saber. Os trens da Supervia batem, param, os passageiros andam pelas vias férreas e acaba em quebra-quebra. Mas como a “inveja mata”, o Metrô não fica atrás e também para seus trens em meio de caminho só para dizer que seus passageiros também podem desfilar pelos trilhos energizados. Barcas batem ou ficam à deriva, ônibus superlotados deixam suas marcas assassinas por onde passam e é aí que os prédios começam a ruir. E assim lá vai o carioca passando seus dias de uma vida de infortúnios, mas com a certeza que em 2014 e 2016 tudo vai ser melhor.

Mas pelo jeito o melhor que está por vir talvez não chegue a tempo. Tudo porque o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, aquele órgão que é mais conhecido com CREA, resolveram colocar minhoca na cabeça do carioca quando disse que o Rio de Janeiro tem hoje 4.896 obras com problemas.

Depois desse alerta é hora de procurarmos os culpados pelo perigo que está rondando, não só o carioca, mas todos aqueles turistas que neste período de verão estão chegando a todo o momento.

Então vamos telefonar para a fiscalização, pensei, mas logo caí na real que a fiscalização para esses problemas deve ser executada exatamente pelo CREA, aquele mesmo órgão que está dizendo que prédios virão abaixo e ninguém está nem aí.

Como os prédios da Rua Treze de Maio desabaram e a causa foram obras irregulares e o CREA agora diz saber que mais 4.896 obras poderão ter o mesmo destino, para que serve esse órgão? Os engenheiros fazendo “cagadas” e o CREA nem aí. Tantas obras “assassinas” na cidade e nenhum dos engenheiros teve o seu registro cassado.

Durante o ano de 2011, o CREA vistoriou 29 mil obras e 16% delas estavam irregulares. Sabe quantas obras foram embargadas? Pois eu respondo: nenhuma! Ninguém foi punido e as obras continuaram “na maior”. Pois uma dessas obras que contava na lista, além de matar pessoas, ainda levou mais dois prédios de roldão.

Claro é que a fiscalização de obras da prefeitura é culpada, mas e o CREA? O que fazem esses homens que deveriam fiscalizar os seus “pares” que deixam essas coisas acontecerem?

Bem, mas aí, se olharmos para o corporativismo que existe na política, na magistratura e em tantos outros seguimentos, o CREA só está do lado daqueles que pagam mensalidades para não serem fiscalizados.

Mas que é um crime, lá isso é.