sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

“Cotistas” de amanhã serão os
formados em Cuba de hoje

Gerson Tavares


Sempre estarei contra “cotas” para os cursos superiores. “Cotas” só irão formar maus profissionais. Ou o país monta uma estrutura de “educação pública”, ou então vamos dar com “burros n’água”. Vamos acabar formando médicos, dentistas, engenheiros, advogados e toda uma gama de profissionais sem a menor qualidade.

Não precisamos ir longe para ver que essa medida de “cotas” não dá certo. O exemplo está aí, batendo em nossas portas. É só olharmos a situação dos médicos brasileiros que são formados em Cuba. Para que eles possam clinicar lá na ilha dos Castros, ainda teriam que estudar pelo menos três anos para receberem o diploma definitivo. Mas eles recebem um “canudo” que dá direito de auxiliarem na medicina do interior das cidades e resolvem voltar ao Brasil. Quando chegam por aqui, mesmo não tendo autorização para exercer a profissão, eles que não fizeram nenhuma prova para entrar na “faculdade cubana”, também não são avaliados e saem por aí fazendo das suas.

E este é um problema que está longe de ser resolvido. Em 2006, em visita a Cuba, o Lula até propôs um “ajuste complementar” ao Acordo de Cooperação Cultural e Educacional, justamente para validar o diploma de medicina cubano no Brasil sem necessidade de provas de proficiência. O ajuste, no entanto, ainda não foi aprovado pelo Congresso Nacional. Depois de passar pela comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, a proposta foi rejeitada pelas comissões de Educação e de Seguridade Social e Família da Casa. Agora, vai a plenário. Mas, apesar da urgência que pede o acordo, a decisão deve ficar para o ano que vem.

A maioria dos brasileiros que viajam a Cuba para cursar Medicina, vêm de famílias de baixa renda, normalmente ligados a movimentos sociais ou partidos políticos e recebem bolsa do governo cubano. A idéia é que os estudantes beneficiados se comprometam a trabalhar a medicina social, uma espécie de auxiliar de medicina, e que procurem fazer sua área de trabalho no interior do país.

Mas tudo isso não passa do famoso “Me engana que eu gosto”, como fala o Jorge Perlingeiro. A partir do momento que está com aquele diploma que ele acha validado, o “careta” se sente autorizado para trabalhar em qualquer lugar. E assim, vamos formando médicos sem o menor preparo profissional, sem conhecimentos. Eles vão para Cuba, entram na “faculdade” sem fazer prova alguma e quando saem de lá, voltam ao Brasil para matar pessoas.

Por tudo isso, eu sou contra as “cotas” aqui no Brasil. Vamos acabar formando aqui no Brasil como já é feito em Cuba, profissionais sem o menor preparo e depois não adianta chorar sobre o leite derramado.

Vamos partir para uma educação pública ou então ainda vamos ter muitos problemas e quem vai sofrer vai ser o povo.

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