segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A Rádio Tupi definiu bem a perda do Jorginho



“Ele deixa o gramado sem o jogo de depedida”









O destino nos prega essas ursadas. Morreu na sexta-feira, aos 63 anos, o comentarista da Rádio Tupi, Jorge Nunes. Ele estava internado desde o fim do ano passado, quando parou de trabalhar em decorrência de uma tuberculose. O radialista também trabalhou nas Rádios Mauá, Tamoio e Tropical e era um dos mais conhecidos e festejados nomes do rádio esportivo carioca.

Com sua simplicidade e um estilo descontraído e irreverente, o vascaíno Jorginho trabalhava como comentarista em programas como o “Giro Esportivo” e o “Bola em Jogo”, da Rádio Tupi, além de participar do programa "Show da Manhã" de Clóvis Monteiro, sempre com seu humor nato e verdadeiro que tanto agradava ao grande público. Na área televisiva ele estava no programa “Balanço Esportivo”, da CNT. E tudo começou após se destacar como colunista no jornal “O Povo”, nos anos 90. 

Jorginho nasceu e cresceu no bairro do Sampaio, Zona Norte do Rio. Ele jogou futebol de salão e trabalhou na Light, mas logo virou comentarista e ganhou o rádio e os jornais com um estilo polêmico, mas extremamente popular. Sua ligação com o futebol está no DNA, já que seu irmão, Maurício Nunes, foi técnico das categorias de base do Vasco.

Jorginho sempre foi uma pessoa simples e popular, mas foi na Rádio Tupi que alcançou seu maior grau de popularidade. Comentarista que com seu modo irônico também fazia rir, conseguia não fugir do assunto e ele logo ganhou o carinho de milhares de ouvintes por todo o Rio de Janeiro. Seu sucesso chegou à TV, onde tornou seu rosto ainda mais conhecido.

Jorginho nunca jogou futebol profissionalmente, mas fazia questão de usar a camisa 10 no time da Rádio Tupi na Copa ACERJ, competição que envolve os membros de imprensa do Rio.

Com suas sacadas que caíram no gosto do povo, o “homem das pretinhas” descobriu um bordão que hoje é conhecido por todos. “Ah, muleque!” está em todos os locais, em todas as torcidas. Reconhecidamente vascaíno, os torcedores dos outros clubes pegavam no pé de Jorginho e ele dava logo o troto: “Tudo veado!”. Ou então ele perguntava logo: E a mãe... Vai bem? Sempre sem agredir, ele tirava sarro com os torcedores e até mesmo o seu clube do coração era malhado quando não ia bem em campo: “Este time do Vasco é uma droga”.

Mas quis o destino que exatamente no auge de sua carreira, os trabalhos fossem interrompidos após a descoberta de uma grave doença, mantida em sigilo por seus companheiros de trabalho. No segundo semestre de 2013, foi internado e não voltou à TV, ao rádio e aos jornais. Após um tempo de luta e de mobilização dos companheiros de trabalho em relação a doações de sangue, Jorginho não resistiu e faleceu na sexta-feira. E assim o jornalismo esportivo se vestiu de luto. Vítima de complicações, o radialista Jorge Nunes, faleceu no hospital da Unimed-Rio, na Barra da Tijuca.

Reconhecido pelo sorriso fácil e pelas tiradas das mais engraçadas, também era muito polêmico. Famoso como o ‘comentarista do povo’, Jorge Nunes usava expressões populares, como “Inês é morta” e “casa da mãe Joana”.

E foi exatamente pelo seu modo simples de ser, que neste domingo Jorginho foi sepultado no cemitério do Catumbi, ali perto do Sambódromo, centro da cidade do Rio de Janeiro, próximo à rua que ele escolheu para morar e curtir, a Rua do Resende.

Vai em paz, companheiro. A saudade de suas sacadas e de seu humor será grande.

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