“Ele
deixa o gramado sem o jogo de depedida”
O destino nos prega
essas ursadas. Morreu na sexta-feira, aos 63 anos, o comentarista da Rádio
Tupi, Jorge Nunes. Ele estava internado desde o fim do ano passado, quando
parou de trabalhar em decorrência de uma tuberculose. O radialista também
trabalhou nas Rádios Mauá, Tamoio e Tropical e era um dos mais conhecidos e
festejados nomes do rádio esportivo carioca.
Com sua simplicidade e um
estilo descontraído e irreverente, o vascaíno Jorginho trabalhava como comentarista em programas como o “Giro Esportivo” e o “Bola em
Jogo”, da Rádio Tupi, além de participar do programa "Show da Manhã" de Clóvis Monteiro, sempre com seu humor nato e verdadeiro que tanto agradava ao grande público. Na área televisiva ele estava no programa “Balanço Esportivo”, da CNT. E tudo começou após se destacar como colunista no jornal “O Povo”, nos anos 90.
Jorginho nasceu e
cresceu no bairro do Sampaio, Zona Norte do Rio. Ele jogou futebol de salão e
trabalhou na Light, mas logo virou comentarista e ganhou o rádio e os jornais
com um estilo polêmico, mas extremamente popular. Sua ligação com o futebol está
no DNA, já que seu irmão, Maurício Nunes, foi técnico das categorias de base do
Vasco.
Jorginho sempre foi uma pessoa simples e popular, mas foi na Rádio Tupi que alcançou seu maior grau de popularidade. Comentarista que com seu modo
irônico também fazia rir, conseguia não fugir do assunto e ele logo ganhou o
carinho de milhares de ouvintes por todo o Rio de Janeiro. Seu sucesso chegou à
TV, onde tornou seu rosto ainda mais conhecido.
Jorginho nunca jogou
futebol profissionalmente, mas fazia questão de usar a camisa 10 no time da
Rádio Tupi na Copa ACERJ, competição que envolve os membros de imprensa do Rio.
Com suas sacadas que caíram
no gosto do povo, o “homem das pretinhas” descobriu um bordão que hoje é
conhecido por todos. “Ah, muleque!” está em todos os locais, em todas as torcidas.
Reconhecidamente vascaíno, os torcedores dos outros clubes pegavam no pé de Jorginho
e ele dava logo o troto: “Tudo veado!”. Ou então ele perguntava logo: E a mãe...
Vai bem? Sempre sem agredir, ele tirava sarro com os torcedores e até mesmo o
seu clube do coração era malhado quando não ia bem em campo: “Este time do
Vasco é uma droga”.
Mas quis o destino que
exatamente no auge de sua carreira, os trabalhos fossem interrompidos após a descoberta de uma grave doença, mantida em sigilo por seus companheiros de
trabalho. No segundo semestre de 2013, foi internado e não voltou à TV, ao
rádio e aos jornais. Após um tempo de luta e de mobilização dos companheiros de
trabalho em relação a doações de sangue, Jorginho não resistiu e faleceu na
sexta-feira. E assim o jornalismo
esportivo se vestiu de luto. Vítima de complicações, o radialista Jorge Nunes, faleceu
no hospital da Unimed-Rio, na Barra da Tijuca.
Reconhecido pelo
sorriso fácil e pelas tiradas das mais engraçadas, também era muito polêmico.
Famoso como o ‘comentarista do povo’, Jorge Nunes usava expressões populares,
como “Inês é morta” e “casa da mãe Joana”.
E foi exatamente pelo
seu modo simples de ser, que neste domingo Jorginho foi sepultado no cemitério
do Catumbi, ali perto do Sambódromo, centro da cidade do Rio de Janeiro, próximo
à rua que ele escolheu para morar e curtir, a Rua do Resende.
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