sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O Brasil precisa de uma Copa do Mundo por dia



PM vai colocar toda a tropa na 

rua durante o Mundial da Fifa

Gerson Tavares







Andando pelas ruas, não só da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, mas também pelas ruas dos municípios do Estado, a cada hora e em cada quadra, mais um caso policial acontece, se bem, sem que a polícia apareça. Isto está acontecendo já há algum tempo e ninguém consegue dar um jeito.

Mas como sempre tem um dia que a coisa precisa mudar, o ano de 2014 chegou e com ele chega a Copa do Mundo, aquela mesma “Copa” que o Lula contratou para a campanha do PT para as próximas eleições que acontecerão em outubro. E o Blatter que é mais esperto que raposa, descobriu que tudo é válido para “negociata” eleitoral e então exigiu tudo que podia e também não podia, porque onde tem “grana”, ele está por perto.

Entre as exigências que foram colocadas no papel, estão os novos estádios que estão sendo construídos e superfaturados para que a sobra da “grana” possa municiar as contas bancarias dos “espertalhões”, tanto políticos, como “cartolas”.

Então, para que esse “mais importante evento esportivo do país nas últimas décadas”, que é a “Copa do Mundo 2014” possa acontecer daqui á quatro meses, o Rio vai ganhar um “corredor de segurança” com milhares de novos policiais militares no reforço dos quadros das unidades de elite e de batalhões de área.

Para uma polícia que não tem condição de dar segurança à população fluminense, todo o efetivo do Estado, que chega a casa dos mais de 46 mil policiais, estará de prontidão nas ruas, estradas, comunidades e nos bairros por onde passem turistas e autoridades, sendo apoiado pelos agentes recém-formados até maio. Para que isso venha a acontecer, estão em andamento os cursos de Formação de Soldados, de Grandes Eventos e Ações Turísticas, além dos de Ações Táticas e de Operações Especiais, o formador de ‘caveiras’ do Bope. Chegando ao ponto de que, todos os alunos do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças terão suas aulas suspensas durante a Copa, para que possam atuar nas praias, mesmo em pleno inverno.

Mas mesmo tentando enganar a população, o governo deixou “escorregar a informação” de que o foco principal do esquema será o cinturão de segurança que vai cercar a Barra da Tijuca, a Zona Sul, o Centro e o Maracanã. A escolha dos locais é estratégica: na Barra e na orla da Zona Sul está localizada a principal rede hoteleira que vai hospedar turistas, participantes do evento e delegações. Além disso, fora dos horários de jogos, é por lá que os turistas vão circular, visitar pontos turísticos e se divertir. Quanto ao Centro, este é o caminho de deslocamento de autoridades e delegações que irão ao "novo Maracanã", o palco dos jogos. Assim sendo, estes serão os pontos estratégicos e que estarão sendo monitorados 24 horas por dia enquanto por aqui estiverem estes mortais que merecem ter a segurança garantida.

Como uma operação de guerra, o policiamento será dividido em três etapas. A primeira delas, o Policiamento Ostensivo Ordinário, vai atuar dentro do corredor de segurança, com efetivos dos batalhões de área, Regimento de Polícia Montada e os Batalhões de Polícia Turística e de Vias Especiais. Na outra ponta estará o Policiamento Extraordinário, utilizado em casos de intervenções, escoltas de delegações e manifestações.

E será nesta equipe que estarão escalados os efetivos dos batalhões de Operações Especiais, de Choque, de Ações com Cães e de Grandes Eventos. Fora do eixo principal de policiamento, haverá reforço de patrulhamento nas outras regiões da cidade, assim como interior e Baixada. As Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) dentro da faixa do corredor de segurança receberão reforço de outras unidades vizinhas.

E como sempre, o dinheiro tem que ser gasto e o investimento feito em equipamentos também foi alto. Foi tão alto que a Secretaria de Segurança Pública não quis revelar as cifras, só se sabe que o modelo sul-africano Paramount foi eleito para ser uma das armas a ser usada, isso depois de uma série de testes e adaptações, que durou dois anos. Os novos blindados chegarão em março, mas ninguém pode garantir que possa funcionar. Pelo ar o reforço será com os Esquilos que já estão no hangar do Grupamento Aeromóvel, em Niterói, aguardando o começo do evento. No total, serão usados sete helicópteros, sendo um deles, o Huey, um equipamento blindado, apelidado pelos policiais de ‘sapão’ ou ‘caveirão aéreo’. E já que estamos falando de motores, novas motos foram adquiridas para o patrulhamento das ruas e a escolta de delegações.

Tudo bem, afinal, os turistas merecem ter garantias, mas será que nós, cariocas e fluminenses, não merecemos um pouco de respeito? Será que o morador do Rio de Janeiro, aliás, moradores de parte da cidade do Rio de Janeiro, não merecem ter um policiamento a cada dia de suas vidas? Por que só durante os dias de alguns poucos jogos que aqui irão acontecer, vamos ter policiamento no corredor turístico esportivo? Os moradores do Rio assistem a cada dia mais e mais pessoas morrerem nas mãos dos bandidos, mas os turistas terão garantias de vida. Será que o Estado vai dar apólice de “Seguro de Vida” para todos aqueles que aqui vierem? 


Realmente é só o que está faltando ou será que eles não tiveram coragem de falar?

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