E o processo não anda

Gerson Tavares

 

Se existe um ministério que tem a cara do PDT do Brizola, este é mesmo o Ministério do Trabalho e Emprego. Depois que o boneco do Brizola, Carlos Lupi, tomou conta do ministério, nunca mais alguém chegou para colocar a casa em ordem.

Lá esteve o neto do “caudilho”, o Brizola Neto, e foi aquele problemão que foi difícil de desenrolar. Agora, “alguém” e esse “alguém” é o afilhado do Carlos Lupi, o Manuel Dias, que segurou uma investigação contra o atual secretário executivo da pasta, Paulo Roberto dos Santos Pinto, o que permitiu que ele reassumisse no início do mês o cargo que ocupou entre 2010 e 2012, durante a gestão do ex-ministro Carlos Lupi, presidente do PDT. 

Mas na verdade, após ser afastado em 2011 em meio a denúncias de corrupção, Lupi fingiu que se retirou, mas logo retomou a influência no ministério indicando o novo ministro, Manoel Dias para assim levar de volta o Paulo Roberto, que voltou ao mesmo posto, “o de número 2” da pasta também graças à influência do ex-ministro.

Ele reassumiu oito dias depois de a Corregedoria do Ministério do Trabalho ser provocada a instaurar processos disciplinares para apurar irregularidades em sua primeira gestão. Os pedidos continuaram "em análise", o que facilitou a recondução. Embora não haja empecilho jurídico, a investigação interna criaria dificuldades políticas para o retorno.

Carlos Lupi manteve durante toda a sua permanência no ministério, o Paulo Roberto ao seu lado, “unha e cutícula”, e é acusado pela Controladoria-Geral da União (CGU) de permitir a contratação de projeto que causou prejuízo de R$ 317 mil ao erário, com valor 1.340% superior ao orçado inicialmente para um serviço. De acordo com auditoria do órgão, realizada em 2011, ele também deixou de tomar providências para punir responsáveis por irregularidades na Superintendência Regional do Trabalho em Alagoas.

E foi com base nas conclusões da CGU, que o pedido de investigação foi remetido no dia 27 de março pelo então secretário executivo da pasta, Marcelo Aguiar, ao corregedor do ministério, Ivando Pinto da Silva.

Mas como tudo ficou debaixo do tapete do Palácio, a Casa Civil autorizou, no início deste mês, a ascensão de Paulo Roberto ao cargo. Decreto da presidente Dilma Rousseff, publicado no dia 5, oficializou a recondução.

Depois disso, foi uma “pororoca” só, mas como o Lupi "é a força", que aliás, eu não sei qual, mas que é, lá isso ele é, agora resta saber se mais uma vez tudo vai ficar como dantes, sem punição e sem esclarecimento.

Eu aposto que sim.