segunda-feira, 6 de maio de 2013



Comprando a consciência

Gerson Tavares





Quando a vida não tem razão, a morte pode ser motivo para um bom negócio. Foi mais ou menos assim que senti quando soube que o “filhote” do Eike Batista, Thor Batista, que no ano passado atropelou um ciclista e acabou matando um trabalhador, falou que foi feito um acordo com a família do ciclista morto, logo após o acidente, e chegaram a uma decisão que Thor pagaria 300 mil reais pela vida do ciclista.

Thor ainda afirma que procurou os responsáveis pelo ciclista e descobriu que ele vivia com uma tia. Claro está que foi exatamente aí, que o Thor sentiu que haveria a possibilidade de um bom acordo. Família pobre, a tia precisando de dinheiro, foi então que ele sentiu que havia chegada a hora e a vez de fazer o acordo, já que preço de vida de sobrinho é bem mais baixo que preço de filho. Então chegaram juntos àquele valor de 300 mil reais como um auxílio financeiro para reparar na morte do sobrinho. Mas a coisa foi feita tão às escondidas, que Thor confirma que ainda nem sequer possui recibo.

Lembram-se os senhores que a vítima foi atropelada no Rio de Janeiro, na estrada que liga o Rio as cidades serranas, a Rodovia Washington Luiz, ali no trecho que passa por Xerém. Thor passava em alta velocidade pela rodovia e atropelou o ciclista que transitava pelo acostamento da estrada, mas claro, peritos pagos pela família Batista chegaram á conclusão que Thor estava à esquerda da pista e transitava bem abaixo da velocidade máxima da estrada.

Mas as investigações continuam para saber exatamente em qual velocidade o rapaz estava conduzindo seu veículo, já que a velocidade permitida da pista era de 110 Km/h, como estava escuro e seu carro é baixo o filho do empresário afirmou que foi impossível evitar o acidente.

Mas mesmo que a pericia oficial não tivesse já dado o laudo com velocidade acima dos 135 Km/h, só o fato de no impacto, que foi muito forte, o carro ficar extremamente danificado, com o vidro do para-brisa todo estilhaçado, o para-choque quebrado, realmente não teria como uma pessoa sobreviver a tal acidente.

Mas como tudo pode ser armado em acordo com uma recheada carteira de dinheiro aberta sobre uma mesa, esta tragédia foi classificada como “homicídio culposo”, onde não há a intenção de matar.

E assim, Thor está respondendo por um crime que talvez não corresponda à verdadeira realidade, pois se ele estava trafegando na rodovia fazendo ultrapassagens pelo acostamento e a uma velocidade bem acima da permitida pelo código de trânsito, ele estava disposto até a matar.

Um comentário:

Ubaldo dos Santos Vivas disse...

E é que a Justiça sabe disso. Os ricos compram a liberdade, compram as vidas e ainda acham que estão fazendo favor.
Se nada acontecer para dar fim aos abusos que os riquinhos praticam, breve os pobres serão mortos em praça pública e ainda vai ter gente aplaudindo.
Xerém - Rio de Janeiro