Comprando a consciência
Gerson Tavares
Quando a vida não tem
razão, a morte pode ser motivo para um bom negócio. Foi mais ou menos assim que
senti quando soube que o “filhote” do Eike Batista, Thor Batista, que no
ano passado atropelou um ciclista e acabou matando um trabalhador, falou que
foi feito um acordo com a família do ciclista morto, logo após o acidente, e chegaram
a uma decisão que Thor pagaria 300 mil reais pela vida do ciclista.
Thor ainda afirma que procurou
os responsáveis pelo ciclista e descobriu que ele vivia com uma tia. Claro está
que foi exatamente aí, que o Thor sentiu que haveria a possibilidade de um bom
acordo. Família pobre, a tia precisando de dinheiro, foi então que ele sentiu
que havia chegada a hora e a vez de fazer o acordo, já que preço de vida de
sobrinho é bem mais baixo que preço de filho. Então chegaram juntos àquele valor de
300 mil reais como um auxílio financeiro para reparar na morte do sobrinho. Mas
a coisa foi feita tão às escondidas, que Thor confirma que ainda nem sequer possui recibo.
Lembram-se os senhores
que a vítima foi atropelada no Rio de Janeiro, na estrada que liga o Rio as
cidades serranas, a Rodovia Washington Luiz, ali no trecho que passa por Xerém.
Thor passava em alta velocidade pela rodovia e atropelou o ciclista que
transitava pelo acostamento da estrada, mas claro, peritos pagos pela família
Batista chegaram á conclusão que Thor estava à esquerda da pista e transitava
bem abaixo da velocidade máxima da estrada.
Mas as investigações
continuam para saber exatamente em qual velocidade o rapaz estava conduzindo
seu veículo, já que a velocidade permitida da pista era de 110 Km/h, como
estava escuro e seu carro é baixo o filho do empresário afirmou que foi
impossível evitar o acidente.
Mas mesmo que a pericia
oficial não tivesse já dado o laudo com velocidade acima dos 135 Km/h, só o
fato de no impacto, que foi muito forte, o carro ficar extremamente danificado,
com o vidro do para-brisa todo estilhaçado, o para-choque quebrado, realmente
não teria como uma pessoa sobreviver a tal acidente.
Mas como tudo pode ser
armado em acordo com uma recheada carteira de dinheiro aberta sobre uma mesa, esta
tragédia foi classificada como “homicídio culposo”, onde não há a intenção de
matar.
E assim, Thor está
respondendo por um crime que talvez não corresponda à verdadeira realidade,
pois se ele estava trafegando na rodovia fazendo ultrapassagens pelo acostamento
e a uma velocidade bem acima da permitida pelo código de trânsito, ele estava
disposto até a matar.
Um comentário:
E é que a Justiça sabe disso. Os ricos compram a liberdade, compram as vidas e ainda acham que estão fazendo favor.
Se nada acontecer para dar fim aos abusos que os riquinhos praticam, breve os pobres serão mortos em praça pública e ainda vai ter gente aplaudindo.
Xerém - Rio de Janeiro
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