Quem
foi ele?
Gerson
Tavares
Tudo
poderia começar assim. Quem foi Friedenreich? E eu poderia começar falando que Arthur
Friedenreich, nascido em São Paulo em 18 de julho de 1892, faleceu em seu
estado natal em 6 de setembro de 1969. Poderia contar que Arthur Friedenreich foi
um futebolista brasileiro que recebeu o apelido de "El Tigre" ou
ainda de "Fried" e foi a primeira grande estrela do futebol
brasileiro na época do futebol amador, época que durou até 1933.
Ainda
poderia contar que o amador Friedenreich participou da excursão do Clube Paulistano
pela Europa, no distante ano de 1925. Foram disputadas dez partidas e a equipe
voltou invicta.
E
continuar a estória deste homem que entrou para a história do futebol no ano de
1919, quando Friedenreich teve uma importante participação no campeonato
sul-americano de seleções. Este torneio, mais tarde se transformou no
atualmente chamado Copa América. Foi de Friedenreich o gol da vitória contra
os uruguaios na decisão e, ao lado de Neco, foi o artilheiro da competição.
Após o feito, suas chuteiras ficaram em exposição na vitrine de um loja de
jóias raras no Rio de Janeiro.
Friedenreich
era filho de um comerciante alemão e de uma lavadeira negra brasileira. Ele
nasceu no bairro da Luz, centro de São Paulo, e aprendeu a jogar bola com
bexiga de boi, poucos anos depois de Charles Miller chegar ao país, em 1894,
trazendo o futebol como novidade e o Brasil revelou seu primeiro ídolo.
Hoje
em dia, são pouquíssimos aqueles brasileiros que viram Friedenreich brilhar nas
décadas de 1910, 1920 e 1930. Ele brilhou nos clubes Germânia, o atual
Pinheiros, Mackenzie, Ypiranga e o Paulistano, que hoje são apenas clubes
sociais e já não atuam no futebol profissional. Arthur Friedenreich começou a
se destacar pela inteligência extraordinária, pela imaginação, técnica, estilo
e pela capacidade de improvisar. O apelido de "El Tigre" foi dado
pelos uruguaios após a conquista do Campeonato Sul-Americano de 1919, como já falei, atual
Copa América.
A
sua posição de origem foi a de centroavante e o "El Tigre" acabou
introduzindo novas jogadas no ainda infantil "futebol brasileiro", na
época, ainda amador, como o drible curto, o chute de efeito e a finta de corpo.
Foi campeão paulista em diversas oportunidades pelo clube Paulistano. Também
atuou pelo São Paulo Futebol Clube, conquistando mais um campeonato paulista em
1931. O time do São Paulo campeão naquele ano ficou conhecido por
"Esquadrão de Aço", e era formado por Nestor; Clodô e Bartô; Mílton,
Bino e Fabio; Luizinho, Siriri, Araken e Junqueirinha.
No
Rio de Janeiro, Friedenreich jogou no ano de 1917 no Flamengo, mas na década de
30 ele voltou ao Rio para mais uma vez vestir a camisa do clube rubro-negro. Eu já
poderia parar por aqui para mostrar o valor desse astro Friedenreich, que era
considerado pelos cronistas da época um jogador inteligente dentro de campo. Mas não poderia deixar de falar que Friedenreich talvez tenha sido o jogador mais objetivo e um dos mais corajosos
de sua época. Parecia conhecer todos os segredos do futebol e sabia quando e
como ia marcar um gol e até hoje ele ainda é considerado um dos maiores
centroavantes que o Brasil já teve. Se hoje tantos brasileiros pensam em ser
considerados “o melhor do mundo”, no ano de 1925, foi Friedenreich que voltou
da Europa como um dos "melhores do mundo", depois de vencer, pelo
Paulistano, nove dos dez jogos disputados. Um de seus maiores feitos aconteceu
em 1928, quando ele marcou sete gols numa única partida contra o União da Lapa,
batendo o recorde da época.
Foi
em 1912 que ele fez sua estreia na seleção brasileira. Foi um amistoso contra a
seleção paulista, quando a equipe brasileira venceu por 7 a 0 com dois gols de do
“El Tigre”. Da seleção ele se despediu em 1935, em um jogo contra o River Plate
no dia 23 de fevereiro, no qual o Brasil ganhou por 2 a 1. Friendenreich fez pela
seleção principal 23 jogos e marcou 10 gols. Já na seleção de veteranos, em
1935, disputou 2 jogos e marcou 2 gols. Em 1914 ganhou o primeiro título do
Brasil na história do futebol. A Copa Roca, taça amistosa realizada para
melhorar as relações diplomáticas entre Brasil e Argentina.
Friedenreich
encerrou sua carreira no Flamengo, em julho de 1935, aos 43 anos de idade.
Depois de abandonar os gramados, viveu na pobreza um bom tempo até morrer em
1969, em uma casa cedida pelo São Paulo.
Alguns
devem estar perguntando o porquê de falar tanto em Friedenreich, mas a resposta
está aqui. Dentro do complexo esportivo do Maracanã, está instalada a Escola
Municipal Friedenreich. Uma das poucas homenagem prestadas àquele gênio da bola. E esta homenagem é prestada no lugar certo, porque “Friedenreich”
é sinônimo de “futebol brasileiro”.
Pois
bem. E não é que em nome da Copa do Mundo de 2014, o governo municipal, aliás,
um governo que se confunde com o estadual, já que ninguém sabe quem manda num
ou em outro, mas esse governo do município do Rio de Janeiro resolveu que para
modernizar o complexo do Maracanã a Escola Municipal Friedenreich será
demolida?
Como
se não bastasse o crime por falta de respeito pelo primeiro e maior craque
brasileiro do futebol, vem o desrespeito para com as crianças que ali estudam.
Uma aluna de 11 anos, a Beatriz Ehlers, está indignada com aquilo que o grande
“mandatário” municipal, quer fazer com a Escola Municipal Friedenreich. Diz
Beatriz: “Aprendi tudo aqui. Lá os alunos respeitam os professores. Somos uma
família”. Mas será que o governante sabe o que vem ser uma família? Será que
ele vê esse lado humano das escolas?
E se esse apelo de uma criança de 11 anos não serve para mexer com a sensibilidade de
Eduardo Paes, gostaria pelo menos que esse senhor visse o nível de escola que
ele quer exterminar da face da terra. A Escola Municipal Friedenreich, com
nota7,6 no IDEB em 2011, ultrapassa a meta para 2021, que está prevista para
7,2. Esta é uma unidade modelo de inclusão.
Mas o Eduardo Paes, na sua sanha de
aparecer com as obras para a Copa de 14 e as Olimpíadas de 16, ele é capaz até de
derrubar o Cristo Redentor.
Mas
pais daqueles alunos já estão se movimentando e acho que chegou a hora de
movimentarmos a cidade, o estado, o país. As crianças desse Brasil merecem
respeito.
Isso
sem falar no primeiro grande nome do esporte bretão, Arthur Friedenreich.
Abaixo
Eduardo Paes. Afinal, além de mamar nas tetas do governo, o que mais fez?
3 comentários:
Como é bom encontrar quem conheceu o bom futebol. Coisa bem mais sem graça o futebol de hoje, quando qualquer um é craque.
Quanto ao prefeito botar abaixo uma escola já é um crime e ainda mais onde esta escola é localizada e o nome que tem.
Quem Nasce para Eduardo Paes, nunca vai chegar a Arthur Friedenreich.
Tijuca - Rio de Janeiro
Falou e disse. É isso aí porque ser prefeito não é governar para inglês ver e sim para educar as crianças da sua cidade, seu Eduardo Paes.
Derrubar escola é o pior exemplo que você está querendo dar ao jovem brasileiro. Já não basta ter tido um presidente analfabeto?
Tome vergonha e deixe a Escola Friedenreich no lugar que está e com o seu aproveitamento fora de série.
Grajaú Rio
É isso aí, Gerson. Diz para ele quem é quem nesse Rio de Janeiro. =Se eles não conhecem os homenageados é só perguntar que sempre tem alguém que sabe.
Mas derrubar por derrubar, o Paes é rei em tombamento, desde que seja botar no chão. Não vê o velho Maracanã?
E o Estádio Mario Filho, vai ser construído onde?
Laranjeiras - Rio
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