Por que a falta de interesse?

Gerson Tavares

Sempre que o Brasil perde algum dinheiro por golpes dos políticos ou funcionários públicos, tudo acaba do mesmo modo com começou. Ninguém vai preso e muito menos devolve o dinheiro roubado.

Mas pelo que dizem, desta vez tudo será diferente, já que o Supremo Tribunal Federal está apertando o nó, mesmo que alguns ministros sejam contra o aperto. Mas vale a pena a gente começar a lembrar de que o governo, não só o de agora, mas também os que já passaram, nunca fizeram por onde receber o fruto dos roubos de volta.

A União parece não ter muito interesse naquilo que foi surrupiado dos cofres e agora mesmo, em um levantamento feito, sete oportunidades se apresentaram para que parte do dinheiro roubado pela quadrilha do mensalão voltasse às suas mãos, mas os processos abertos pelo Tribunal de Contas da União foram ineficazes e assim não aconteceu a recuperação dos recursos.

Tudo isso acontece como parte de uma armação desde a CPI dos Correios e das apurações abertas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Tudo o que foi feito acabou se transformando em uma ação penal em julgamento no STF.

O jornal O Globo levantou esses sete processos no TCU que estão relacionados com o desvio do dinheiro público nesse esquema criminoso, que engloba três modalidades de crime: apropriação indevida de R$ 4,4 milhões em bônus de volume, em contatos entre o Banco do Brasil e a DNA Propaganda, uma das firmas do bandido Marcos Valério; parceria entre o banco BMG e o Instituto Nacional de Seguro Social para efetuar operações de crédito consignado, a um custo de R$ 7,6 milhões para a postagem de cartas a aposentados; e superfaturamento em contrato da DNA Propaganda com a Eletrobrás/Eletronorte.

Mas só agora, depois de penas para os 25 réus que foram condenados no julgamento dos mensaleiros, o STF resolveu discutir como reaver a grana que foi desviada.   

Só que esquecem os senhores governantes, que a Advocacia geral da União já poderia ter entrado com o pedido de reparação de danos há muito tempo, mas aí vem aquela pergunta que não quer calar: Havia interesse?

É hora de parar e pensar, mas cuidado, porque enquanto a gente pensa os políticos roubam.