quinta-feira, 8 de novembro de 2012


Desleixo ou crime

Gerson Tavares






Muito se tem falado de pessoas que estão morrendo nos hospitais por erros de enfermeiros que ministram medicação errada, chegando mesmo a passarem sopa e café com leite pela veia. As pessoas morrem e depois então vem à discussão se houve erro, de quem foi o erro, para no final ficar tudo por isso mesmo.

Sei de um caso de um paciente que por mais de dez anos está convivendo com o drama de internações e altas e que, até por este motivo, está mais escolado que muito enfermeiro.  Pois esse paciente, certa manhã, depois da troca da equipe de enfermagem, tinha que tomar medicação intravenosa. Colocados todos os frascos já ligados ao cateter que estava em seu braço, um enfermeiro até ali estranho ao paciente, começou o procedimento para passar a medicação.

De uma só vez ele abriu todos os “registros” dos frascos até ao máximo e o paciente muito ligado ao que estava acontecendo e sentindo que estava passando por um momento de perigo, chamou o enfermeiro e avisou que algo de errado estava acontecendo e que nunca, nos mais de doze anos de tratamento, haviam aberto toda a medicação ao mesmo tempo e muito menos com “passagem direta” do liquido para suas veias.

Falou de modo que o “enfermeiro” entendeu que aquele paciente estava por dentro do modo como deveria ser medicado. Tratou de fazer o procedimento como deveria ser e procurou não mais vir a atender aquele “antenado paciente”.

Quando o parente, que estava acompanhando aquele paciente e que havia ido até a farmácia voltou, o paciente comentou o fato e disse que ele poderia ter morrido. Então veio à mente os casos de erros médicos e os de agora provam que os erros são tão elementares que dão para desconfiar.

Porque todos sabem que existe a “máfia das funerárias”, que são os papa-defuntos que ficam de plantão nos hospitais à espera dos óbitos. E são esses papa-defuntos que chegam a dar caixinha para os enfermeiros que passam informações sobre os óbitos.

Mas será que essa caixinha não vai um pouco além? Sim, porque quantos casos de erros por parte de enfermeiros acontecem e que trazem lucros para os papa-defuntos?

E se esses erros, por tão boçais que são, são encomendados. Sim, porque podem ser negociados pelos enfermeiros com os papa-defuntos. Injetar café com leite na veia é praticamente impossível. Mas se este ato render uma grana, não será ele possível de acontecer?

Aí vem a desculpa que foi um estagiário que errou, mas por que o enfermeiro deixou um estagiário sem competência para “administrar a medicação”? Será que não foi tramado?

Hoje estou falando sobre esse assunto que talvez já estivesse sepultado, porque a minha preocupação é que outros pacientes poderão estar na fila para também serem sepultados.       

4 comentários:

Viviane Brasil disse...

Fale mesmo, porque nunca é demais lembrar o perigo que os pacientes passam nas mão de inescrupulosos. Assim como em toda as profissões, também dentro da área médica existem os criminosos, que por treze dinheiros entregam as vidas dos pacientes nas mãos dos donos de funerárias. Isso acontece e muito.
São Paulo

Dilmar Ventura disse...

Este é um processo muito mais comum em hospitais que vocês possam pensar. Os papa-defuntos estão sempre na espreita e as mortes 'causadas' por 'erros' são muito frequentes. Só fazendo uma boa investigação e vamos ver coisas do 'arco da velha'.
São Paulo

Analu Ferreira Duarte disse...

E o pior é que isso vem acontecendo nos hospitais públicos e ninguém desconfia, a não ser quando o caso é assim tão brutal como nos dois casos, da sopa e do cafe com leite.
Muitos casos de morte que passam pelos hospitais públicos acontecem e sempre tem a desculpa da falta de medicação, de equipamento e outras coisas mais que podem caracterizar culpa dos governantes também.
Porque a falta de medicamentos não é analisada e se houver uma investigação, os remédios não chegam aos hospitais público porque nada acontece com quem desvia a verba.
Isso também é crime.
Salvador

Rogéria Pontes disse...

Enquanto pacientes são assassinados nas enfermarias dos hospitais públicos, os governantes fingem que não sabem de nada.
Este é o fim do cidadão que precisa de atendimento em hospital público.
Vitória - ES