E o Ivo ainda conta como liberou os 5 milhões

Gerson Tavares

A escola de Samba Estação Primeira da Mangueira atravessou em seu samba de enredo mais uma vez. E desta vez foi o presidente da escola que quis mostrar que ‘pagando, tudo é possível’.

Ivo Meirelles foi grampeado quando ‘tirava onda’ falando sobre o pagamento de propina que havia pagado a um alto funcionário do Ministério da Cultura para ‘limpar’ a falta de prestação de contas da escola. Assim sendo, Ivo Meirelles será investigado pelo Ministério Público Federal.

Isto tudo porque gravações telefônicas de novembro de 2011, que foram autorizadas pela Justiça, mostram a conversa de Ivo Meirelles com o deputado estadual Chiquinho da Mangueira, do PMDB, sobre o esquema de corrupção para a liberação de verba para a escola montar o Carnaval de 2012, sobre os 50 anos do bloco Cacique de Ramos.

Meirelles revela nesse telefonema que um escritório de advocacia de São Paulo foi o intermediador do pagamento da propina ao servidor da Cultura, para este ‘limpar’ a falta de prestação de contas da escola e assim ela ficar apta a receber R$ 4.967.869,00.

Não podemos esquecer que o presidente da Mangueira, Ivo Meirelles já está com sérios problemas com a polícia. Ele já foi indiciado pela Polícia Civil por associação para o tráfico, no mês de abril passado. Se condenado, pode pegar de três a dez anos de prisão. A investigação começou a partir de denúncia de que Meirelles teria se aliado aos traficantes em troca de apoio político na agremiação. Ele repassaria R$ 150 mil por mês para sustentar os criminosos, principalmente os que estavam presos.

Mas agora ele até estava tranquilo porque os R$ 4.967.869 foi liberado para a Mangueira em 5 de janeiro, como foi publicado no Diário Oficial da União, com base no Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Mas só não esperava que no artigo 30, § 2º, da Lei 8.313/91, que rege o Pronac, determina que a existência de pendências ou irregularidades de candidatos aos projetos do Ministério da Cultura suspende a análise ou concessão de novos incentivos, até a regularização.

E como essa gravação mostra que não existe a quitação, agora o MP Federal vai investigar os crimes de fraude e corrupção por envolver um alto funcionário da Cultura, um órgão federal.

Mas será que não seria hora de ver até aonde vai a culpa de participação do deputado Chiquinho da Mangueira nessa falcatrua? Pelo menos ele deveria ter notificado a quem de direito essa armação. 

Então, para que tudo seja correto, cadeia para todos, inclusive com perda de mandato.