sexta-feira, 9 de novembro de 2012


Craque para mim era outra coisa

Gerson Tavares






Eu sou do tempo em ir a “Cracolândia” no Rio de Janeiro, era só ir ao Maracanã, a São Januário, ir a Gávea, Laranjeiras, Moça Bonita, ir até ali em Botafogo, na Rua General Severiano. 

Também vi muito craque rodando pelos pequenos estádios como o saudoso estádio da Rua Bariri, o Conselheiro Galvão, lá em Madureira, em Niterói, quantas vezes fui ao Caio Martins e muitos outros. Era ali que eu via Ademir Menezes, Ipojucan, o “príncipe” Danilo, Friaça, Dejair, Zizinho, o “doutor” Rubens, Paulo Borges, Dequinha, Garrincha, Nilton Santos, Manéca, Barbosa,  Castilho, Veludo, Heleno de Freitas e tantos e tantos outros. Isso sem falar no Baltazar, o inventor do "gol de bicicleta" e depois outros vieram, mas vou ficar nesses nomes de tão bela lembrança.

Mas hoje se você tem coragem de ir a “Cracolândia”, é só ir ali, na Avenida Brigadeiro Trompowski, no acesso à Ilha do Governador. A qualquer hora do dia, lá estão aqueles zumbis consumindo, sob um sol de quase 40 graus, ou chuva torrencial, que lá estão pelo menos 300 viciados na droga da morte, protagonizando cenas de horror na região, chocando moradores e quem transitava pela via.

Transtornados com a “onda” deixada pelas pedras da droga, homens e mulheres, todos maltrapilhos, de adolescentes até bem mais idosos, circulam entre os carros na avenida, correndo o risco de serem atropelados. Mas o perigo maior é para transeuntes e motoristas, já que eles ameaçam motoristas e sempre tentam furtar objetos de quem se arrisca passar a pé pelo local.

E foi aí que a prefeitura, já cansada de tira-los das ruas e horas depois eles voltarem ao mesmo local, resolveu fazer a internação dos “doentes” para um tratamento de verdade.

Mas isso é crime, diz o Ministério Público. Foi em uma manifestação lacônica que o MP se disse contra a remoção compulsória, que eles colocam com "a revelia", de adultos para abrigos da prefeitura. De acordo com o MP, as medidas de remoção não tem qualquer fundamento legal.

Agora eu gostaria que o Ministério Público se pronunciasse sobre essa ilegalidade. Será que é legal deixar que esses trapos humanos morram nas ruas? Será que é legal deixar que esses zumbis matem pessoas que nada fizeram de mal e que só passaram pelo reduto adotado pelos viciados?

Será que se um membro do Ministério Público sentir na carne, tendo uma pessoa de sua família assassinada por algum viciado desses, ele ainda assim vai contra a internação?

É crime deixar as pessoas morrerem sem socorro e não internando compulsoriamente esses viciados, estamos deixando que eles morram ali, diante dos olhos de todos.

Senhores do Ministério Público, "tomem vergonha".

2 comentários:

Fernanda Frota disse...

Saudosa época que craque se escrevia assim. Hoje, crack é essa miséria que está aí.E para piorra, o usuário tem direito a se matar e matar os outros, assim diz a lei.
Que mude-se a lei, mas usuário de droga tem que ficar internado até que fique curado.
Maria da Graça - Rio

Silvia Cardoso Fontes disse...

Será que o ministério público, assim mesmo, com letras minusculas, acha que essa degradação pode continuar?
Venham os senhores para as ruas e sintam o mesmo medo que nós, pessoas normais sentimos.
Tudo bem que os senhores são uns anormais, mas aturar essa posição tacanha dos senhores, aí também já é demais.
Ramos - Rio de janeiro